Os mercados internacionais do café operaram em queda ao longo da semana, com o mau humor dos investidores, de maneira geral, prejudicando o desempenho de todas as commodities. Em meio ao reflexo do ambiente de aversão ao risco, o fortalecimento do dólar – um ativo seguro – frente a outras moedas contribuiu para pressionar as cotações.
O cenário atual é pautado pelo andamento da votação, na Câmara dos Deputados dos EUA, do projeto de saúde defendido presidente Donald Trump, cuja votação era prevista para ontem, mas foi adiada para esta sexta. A expectativa está sobre a força do chefe de Estado em angariar apoio no Congresso e saber como isso afetará suas demais promessas.
Há temeridade dos investidores em tomar riscos nesse cenário porque, se a proposta não passar pelo crivo do congresso norte-americano, outras medidas de Trump, como o prometido corte substancial de impostos e gastos robustos em infraestrutura, também poderão ter resistência. Ontem, no Brasil, o dólar comercial encerrou a sessão a R$ 3,1378, com alta de 1,19% sobre a sexta-feira passada.
Na Bolsa de Nova York, o vencimento maio do Contrato C foi cotado, na quinta-fera, a US$ 1,4050 por libra-peso, registrando desvalorização de 155 pontos em relação ao fechamento da semana anterior. Na ICE Futures Europe, o vencimento maio do contrato futuro do robusta encerrou o pregão a US$ 2.163 por tonelada, com perdas de US$ 21.
As cotações dos cafés arábica e conilon, no Brasil, percorreram caminhos distintos, mas permanecendo próximas às bases da semana passada. O indicador calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para a primeira variedade ficou em R$ 482,03 por saca, com queda de 1,36%, cenário que fez com que os negócios permanecessem travados, com a maioria dos vendedores afastados do mercado.
Já o indicador do Cepea para o robusta subiu 0,44% no acumulado da semana, para R$ 453,69/saca. Segundo os pesquisadores, a valorização reflete a maior demanda pela variedade por parte de torrefadoras nacionais, que estão com estoques enxutos. “Esse cenário somado à oferta limitada devem manter firmes as cotações do grão pelo menos até abril, quando a colheita da nova safra deve ser iniciada em Rondônia – no Espírito Santo, as atividades começam no final do próximo mês”, destaca o Centro.