O “desafio Brasil”, que estará inevitavelmente na perspectiva imediata do futuro Ministro da Fazenda, é de dimensão tão exuberante que acaba por inibir o interesse e disposição de profissionais capacitados para assumir o cargo de maior visibilidade no governo, após o da Presidenta reeleita.
Segundo consta, Trabuco, presidente do Bradesco, foi efetivamente convidado e recusou.
Restam agora Meirelles, ex-presidente do BC indicação de Lula, mas pouco simpático a Dilma, e Tombini, a solução caseira.
No nosso entendimento, já exposto inúmeras vezes, o “desafio Brasil” não precisa de nomes estelares que alimentem otimismos exacerbados do mercado financeiro e que, por pressuposto, possam criar ambiente de credibilidade junto ao mercado internacional.
Não serão nomes que trarão a credibilidade e atratividade do país de volta, mas aquilo que o Brasil, assim entendido governo no todo, fizer pelo próprio Brasil.
E isto porque o Brasil tem tamanho desafio para superar a deterioração disseminada em sua economia, com recomposição da sua política monetária e fiscal, que está muito acima da competência deste ou daquele profissional isoladamente, o trabalho focando a reversão das expectativas absolutamente negativas que predominam no seu entorno precisará mais de profissionais coesos, disciplinados e focados em dar cumprimento a diretrizes e programas econômicos que visem resgatar o país dos erros a que foi submetido.
Profissionais estelares tem grande risco de queima do mito ante desafio tão grandioso.
O fator de peso para que a visão acerca do país melhore será o novo programa de política econômica e diretrizes que o governo apresentar e a sua capacidade de honrar os compromissos.
Afinal os inúmeros erros cometidos neste primeiro mandato da Presidenta Dilma e no segundo do Presidente Lula representam farto material básico para que haja esforço e planejamento direcionado a fazer diferente, embora com o ônus de ter que corrigir o estado da economia deteriorada que poderá ser um fator de retardamento.
Agindo desta forma alavancará a redenção do parque industrial brasileiro, que gerará empregos e renda revertendo a tendência atual, arrecadação de tributos e fluxos de receitas de vendas em dólares.
O desemprego tende a se acentuar a partir do mês de fevereiro. O indicador de 4,7% é enganoso na medida em que é apurado em 6 capitais, deixando grande parte do país sem ser contemplada na pesquisa e ainda deve ser considerado o recuo da PEA (população economicamente ativa)em outubro de 0,5% na comparação interanual com a PO ( população ocupada) ficou estável.
Para conter as pressões inflacionárias decorrentes do dólar com seu preço normalizado, o governo precisará conter bruscamente seus gastos, o que contribuirá para a reconstrução de sua credibilidade.
O setor externo precisa ser rapidamente resgatado. Nossa balança comercial que já não conta com o “boom” das commodities precisará de grande esforço do setor industrial para recuperar-se. Até o 16 último tínhamos saldo negativo de US$ 1,55 Bi no mês e US$ 3,42 Bi no ano, sem que nos fuja à percepção os elevados valores a crédito de plataformas da Petrobras em meses anteriores, que sequer saíram do país.
O fluxo cambial até o dia 14 estava negativo no mês em US$1,482 Bi e no ano positivo em US$ 6,788 Bi, a despeito de terem ingressado no país US$ 646,438 Bi.
Os bancos estão com posições vendidas de US$ 11,6 Bi por estarem gerando a liquidez no mercado a vista, poupando assim que o BC tenha que fazê-lo e tem colocado no mercado futuro de dólar mais de US$ 100,0 Bi em instrumentos financeiros swaps cambiais, com os quais comprou credibilidade para o real, que por si só não a detém.
O dólar precisará ser a peça principal da nova política do governo reeleito e isto precisará ser destacado de imediato, para deixar claro que não haverá o risco de se ter tão somente mais do mesmo.