Não é incomum ouvirmos investidores debatendo se devem investir em empresas de dividendos e FIIs logo de início ou se deveriam concentrar seus esforços em empresas “small caps” ou com potencial de valorização que permita a rápida multiplicação do capital.
Essa última vertente de pensamento, inclusive, ganhou força com as criptomoedas, classe de ativos em que muitos jovens investidores entram em busca da próxima “gema” subvalorizada que o transformará em um milionário em poucos anos (ou, de preferência, meses).
Dito isso, relembro as palavras de Mark Twain, que certa vez cravou: “Toda vez que você se encontrar do lado da maioria, é hora de parar e refletir”. Não há a menor dúvida de que vale a pena, sim, investir com foco em dividendos — sobretudo quando todos parecem estar apressados demais para investir com disciplina e afinco.
O “mito” normalmente propagado é que a estratégia de dividendos só vale para quem já tem muito dinheiro ou recursos acumulados. Isso, porém, se fundamenta mais na já mencionada impaciência coletiva do que na veracidade dos fatos, uma vez que o próprio reinvestimento dos dividendos possibilita um poderoso efeito de juros compostos no longo prazo, uma ferramenta indispensável na construção patrimonial. E se o investidor deseja fazer dinheiro rápido, o cassino certamente é mais indicado do que a Bolsa.
Os números confirmam a tese: O gráfico abaixo, por exemplo, mostra a diferença da performance do investidor de ITSA4 (BVMF:ITSA4) que reinvestiu os dividendos e o que não reinvestiu ao longo do tempo. A diferença é significativa.
A linha rosa representa o retorno sem o reinvestimento dos dividendos.
Já a linha azul representa o retorno total com o reinvestimento dos dividendos.
Perceba como o efeito dos juros compostos impacta a rentabilidade total.
Investir com foco em dividendos (e, com isso, subentende-se que os dividendos também serão reinvestidos) é um método eficaz para a construção de patrimônio.
“Mas, oras, Danilo, se a empresa paga dividendos, o dinheiro sai de um bolso e vai para o outro. Como fica o crescimento da empresa? Ela não cresce?”
Mais uma vez, os números refutam esse “senso comum”: existem muitas empresas que crescem mesmo pagando bons dividendos — é o caso de companhias atuantes em setores subpenetrados, com ROE elevados e que crescem com consistência ao longo dos anos, sem que isso signifique necessariamente uma redução na distribuição de proventos. A ideia se confirma com o gráfico abaixo, que demonstra o crescimento de empresas pagadoras de dividendos da bolsa americana (as chamadas “Dividend Aristocrats”) em comparação ao S&P 500.
Em outras palavras, não há dúvidas de que investir com foco em dividendos é investir para vencer.
Outro exemplo que confirma a verdade desta afirmação é a estratégia de Décio Bazin, que, do ano 2000 a 2016 entregou um retorno extremamente superior que o Ibovespa, como pode ser percebido no gráfico abaixo.
Isso não quer dizer, contudo, que não haja espaço para uma estratégia de “valor” em sua carteira. Longe disso. Uma carteira ideal, em minha visão, deve possuir, inclusive, este pilar dentre outros, em uma combinação de ativos que maximize a rentabilidade no longo prazo, com menor volatilidade e sólida geração de renda passiva: (I) Ações boas pagadoras de dividendos; (II) Fundos imobiliários; (III) proteção em Renda Fixa e (IV) ações de crescimento.
É a porcentagem com a qual você irá distribuir seus recursos que deverá variar de acordo com seus objetivos.
Danilo Ferraz é empresário e investidor, especialista em Dividendos, consultor e conferencista nas áreas de finanças, investimentos e Desenvolvimento Econômico. Siga @daniloferrazbr