Ao longo desse último mês tivemos um cenário bastante volátil nas taxas de juros que servem como referência para o retorno da renda fixa. Dentre as principais razões que mexeram com o mercado financeiro, destacamos as eleições nos Estados Unidos, o pacote de estímulos proposto pelo governo chinês para incentivar o consumo na economia asiática e a intensificação dos conflitos no Oriente Médio, o que tem pressionado o preço do combustível.
No Brasil, tivemos um comportamento negativo da inflação, forte valorização do dólar perante o real e deterioração das contas públicas, seguido de cortes agressivos nas previsões de arrecadação tributária por parte do governo. Isso fez com que o Banco Central voltasse a elevar a taxa de juros básica da economia, a Selic, aumentando-a pela segunda reunião consecutiva, saindo de 10,75% para 11,25%.
No que diz respeito à eleição estadunidense, o presidente eleito, Donald Trump, tem sinalizado a potencial elevação de tarifas de importação e a deportação em massa de imigrantes, o que deve refletir em inflação e aumento nos gastos públicos e, como consequência, observamos uma redução na velocidade com a qual o Banco Central americano irá cortar as taxas de juros. Enquanto as taxas de juros por lá continuam em patamares elevados, a renda fixa americana se manterá mais vantajosa para o investidor, reduzindo a atratividade e a entrada de recursos no Brasil.
É que os Estados Unidos são vistos como um porto seguro para investidores. Então, se a rentabilidade está atraente, muitos preferem deixar seus recursos por lá a correr riscos maiores no Brasil Isso impacta na cotação do real e incentiva o nosso Banco Central a dar continuidade ao ciclo de alta na taxa básica de juros, a Selic.
Porém, é importante ressaltar que essa vantagem que a taxa de juros dos Estados Unidos dá à renda fixa de lá não prejudica por completo o nosso mercado financeiro. Isso porque, da mesma forma, o aumento na taxa de juros da economia brasileira tem como efeito favorecer nossos produtos de renda fixa. É verdade que, em momentos de bastante turbulência, nossos produtos podem apresentar volatilidade, mesmo que próxima a zero e de forma bastante modesta.
Vale aqui ressaltar que é comum haver certa oscilação, especialmente na classe de Debêntures Incentivadas e Bonds, em cenários de estresse nos juros. A estratégia de FIC FIDCs com baixo risco de crédito possui uma oscilação ainda menor e não é impactada de forma negativa advindas das mudanças na taxa de juros.
Como todas as nossas três principais estratégias (Fundos Hedgeados de Debêntures, Bonds e FIC FIDCs) estão alinhadas ao cenário atual da economia, ainda irão oferecer retornos atrativos e acima das principais alternativas de investimento como o CDI, IPCA+7%, IFIX e IMA-B. A razão desse bom desempenho é devido ao comportamento atual e futuro da curva de juros e do IPCA projetado. A baixa probabilidade de observarmos um movimento agressivo no IPCA e na curva de juros reduz a atratividade dos produtos indexados à inflação, mesmo que com altos spreads, como é o caso do IPCA+7%.
Por outro lado, as estratégias indexadas ao CDI, como as mencionadas anteriormente, são as melhores opções. Em uma eventual queda na taxa de juros, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, irá refletir em uma marcação a mercado positiva para os títulos de crédito privado, impulsionando o retorno dos fundos de Debêntures Incentivadas e Bonds. Adicionalmente, os FIC FIDCs são isentos de come cotas, enquanto os fundos de debêntures incentivadas são isentos de IR e come cotas.
Com o objetivo de reduzir o risco de crédito, comum nos produtos da renda fixa privada, mantivemos nossas maiores exposições atreladas a setores lucrativos e bem resilientes, destacando-se os mercados de saneamento, energia, farmácias, bancos, seguros, transporte de containers, aluguel de caminhões e máquinas agrícolas, transporte rodoviário de cargas, dentre outros.
Em ações, continuamos posicionados em empresas resilientes, com elevada geração de caixa, lucrativas e cujas ações estão com descontos exagerados. Dentre elas, destacamos: Santos Brasil (BVMF:STBP3), 3 Tentos, Allied, Pague Menos (BVMF:PGMN3), Cemig (BVMF:CMIG4), CSN Mineração (BVMF:CMIN3), Simpar (BVMF:SIMH3), Vamos, JSL, Movida (BVMF:MOVI3), Copasa (BVMF:CSMG3) e Caixa Seguridade (BVMF:CXSE3). Acreditamos que essas companhias irão surpreender o mercado com crescimento agressivo no volume e no rendimento de fluxo de caixa livre ao acionista (FCF to Equity Futuro / Valor de Mercado).
Em suma, os cenários nacional e internacional trarão sim algum impacto no mercado financeiro, mas, como se pode ver, existem produtos e estratégias de diversificação capazes de oferecer bons retornos aos investidores, consistência, com baixa oscilação, e acima das principais alternativas disponíveis no mercado. É uma questão de saber escolher na hora de alocar recursos.