O ano de 2018 começou com boas expectativas e com um clima de otimismo no mercado. Contudo, até que ponto essa expectativa positiva é baseada em situações reais? Será que há mesmo razões para esperarmos por uma economia em melhores padrões?
Em finanças públicas há um conceito conhecido como “regra de ouro”. Essa regra refere-se à parte das previsões do artigo 167 da Constituição Federal, qual especifica que a administração não pode contrair dívidas maiores que as despesas de capital, investimentos e amortização da dívida.
Pois bem, já no início de 2018 o governo anunciou algumas medidas no sentido “desobrigá-lo” a cumprir essa regra. Nem preciso me aprofundar no assunto sobre a não positividade dessa manobra.
Contudo, como o governo conta, ainda, com grande apoio no Congresso, é possível que consiga realizar as medidas da forma que pretende. Se o executivo federal não contasse com o apoio do congresso, tais providências poderiam, inclusive, serem objeto de abertura de processo por crime de responsabilidade, mas sabemos que isso não ocorrerá.
Essa “jogada” do governo deixa transparecer, mais uma vez, possível incapacidade administrativa do executivo federal para, pelo menos, diminuir o déficit fiscal. Lembrando que essa sempre foi a principal meta da equipe econômica desde o início do atual governo.
Em um cenário de queda tanto na taxa de juros como na inflação, como o atual, vejo com preocupação essa busca do planalto por uma forma de poder aumentar os gastos públicos, isso em um cenário no qual já muito se gasta.
Se o Brasil permanecer nesse ciclo de aumento de gastos sem aumento de arrecadação, as últimas medidas que, pelo menos do ponto de vista econômico, pareciam colocar o país nos trilhos, podem deixar de surtir efeito e voltarmos ao efeito bola de neve negativa visto nos em épocas anteriores.
Os resultados da falta de controle financeiro já são bem conhecidos pelos brasileiros: inflação alta, juros absurdos, falta de confiança do mercado, empresas quebrando e altos índices de desemprego.
Enfim, a irresponsabilidade com o dinheiro público pode e, como já vimos, afeta, de maneira pesada a vida da população.
Trazendo isso para o mundo dos investimentos, as aplicações em títulos públicos, principalmente, devem ser vistas com certa prudência no momento, pois o cenário futuro próximo se mostra bem pouco previsível.
Essa incerteza consolida, cada vez mais, o Brasil como um país no qual é quase impossível pensar em investimentos no longo prazo, tendo em vista a completa instabilidade politica e, como consequência, econômica.