Inegável que na medida em que ocorre depreciação do dólar frente ao real, o governo se beneficia visto que a taxa baixa reduz os encargos com os swaps cambiais e retiram impactos na dívida pública.
Mas por outro lado, retiram da economia o estimulo natural promovido por taxa cambial mais alinhada com a realidade do país.
É bem possível que estejamos vivenciando este quadro contrastante e interesse ao governo dispor de taxa cambial pontuando valorização excessiva do real frente ao dólar.
Com isto, retira impactos na dívida pública, mas também poupa a ocorrência de pressões inflacionárias na economia, que embora com indicadores nem sempre favoráveis ainda é capaz de abrir oportunidades de redução da taxa de juro SELIC.
O fato concreto, no nosso entendimento, é que nem sempre os fatos justificam movimento de apreciação no real, mas ocorrem, mesmo sem fundamento consistente, e parece “atender” um anseio do Banco Central do Brasil.
Afinal quanto deve ser impactante na economia brasileira o fato da Grã Bretanha ter alterado a tendência de votar na quinta feira a favor de sua não saída da União Europeia, a ponto de promover forte valorização do real no nosso mercado de câmbio? É um fato importante, contudo importante e relevante para o ambiente da GB/UE e com baixo impacto no Brasil, que tem, neste momento, problemas internos muito mais relevantes com sua economia, política fiscal, emprego, renda e consumo, etc.... e que acabam sendo vistos de forma errática.
Estamos procurando “não ver” os grandiosos problemas que o país tem no momento, para os quais temos tido mais discursos propositivos do que ações concretas, e estes são bastante relevantes para tornar o país insensível ao contexto externo.
O preço desalinhado da moeda americana no nosso mercado é desestimulante à atividade econômica, que é o que mais precisa o país.
O fluxo cambial, a despeito do bom saldo da balança comercial, ainda perdura negativo, não havendo motivos neste quesito para fundamentar o preço da moeda americana. O país já perdeu US$ 30,0 Bi com saídas líquidas financeiras e apesar do bom desempenho liquido comercial está com fluxo negativo de US$ 8,5 Bi.
A elevação do juro americano é preocupante para o país, embora deva ocorrer gradualmente.
A despeito da recorrente conversa apontando nesta direção, não se vê imediato interesse dos investidores estrangeiros retornarem seus investimentos ao país.
O mundo global tem atualmente países com melhores oportunidades e sem as dificuldades que o Brasil agrega atualmente.
O Boletim FOCUS continua com otimismo exagerado.
Projeta o IPCA (inflação oficial) em 7,25% com uma SELIC de 13,00% e o dólar de R$ 3,60.
O Brasil para o qual projeta retração de 3,44% e queda da atividade industrial de 5,85% não esta em momento que lhe dê tempo e deve ter pressa, por isso temos salientado que o preço do dólar ajustando poderá ser mais estimulante e mais rápido nos impactos na economia, do que procedimentos clássicos.
O governo transitório precisa ser mais contundente e sagaz na gestão da economia e no foco de sua retomada de ritmo.
Não vemos razões para que o preço da moeda americana esteja próximo de R$ 3,40, até porque não há fundamentos neste momento para tanto, mas sim conveniências e estas nos parecem erráticas.
Continuamos acreditando que o dólar seja o instrumento de maior impacto no restabelecimento da atividade econômica, mais rápido e com respostas imediatas.