O mundo começou a semana aguardando a “super quarta” onde tanto o FED* quanto o Banco Central do Brasil iriam publicar a nova decisão sobre o aumento da taxa de juros. O Brasil, como já era esperado, aumentou os juros em +0,50 pontos percentuais e agora está @ 13,25% ao ano. Para a próxima reunião em agosto-22 expectativa para mais um aumento entre +0,50/+0,75 pontos percentuais. Até o final do ano a expectativa agora é que os juros terminem entre +14,00/+14,50% ao ano! A grande surpresa foi o FED* ter aumentado os juros em +0,75 pontos percentuais (o maior aumento desde 1994)! Os Estados Unidos estão “correndo atrás” para controlar a inflação. Em maio-22 o índice de preços ao consumidor americano atingiu +8,60% no acumulado dos últimos 12 meses – a maior taxa desde dezembro de 1981! No dia 16 foi a vez da Inglaterra aumentar pela 5ª vez a sua principal taxa de juros em +0,25 ponto percentual. Agora está em +1,25% ao ano e já sinalizou que poderá aumentar em +0,50 ponto percentual na próxima reunião. Suíça e Hungria também aumentaram os juros em +0,50 ponto percentual. Na Suíça esse aumento foi “um passo tão grande que nem um único economista consultado pela Reuters havia previsto” (a taxa básica de juros passou de -0,75% para -0,25%). Foi a primeira alta desde 2007! Segundo o presidente do banco central suíço – sr. Thomas Jordan – “a nova previsão de inflação mostra que mais aumentos na taxa básica podem ser necessários no futuro próximo”. E na Hungria agora a taxa de juros está em +7,25% ao ano “também para domar a inflação teimosamente crescente agora em dois dígitos”.
Com juros mais altas e receio da recessão global as principais commodities terminaram a semana em baixa. O petróleo tipo brent chegou a negociar @ 123 US$/barril e terminou a semana @ 113,61 US$/barril, caindo -7,63% em 2 dias!
No café, mesmo após ter atingido a máxima da semana na sexta-feira @ 234,30 centavos de dólar por libra-peso, o Set-22 chegou a cair -785 pontos até 226,45 centavos de dólar por libra-peso e fechou @ 227,40 centavos de dólar por libra-peso (ainda conseguiu terminar a semana subindo +300 pontos).
Segunda-feira será feriado nos Estados Unidos. Então a ação só começará mesmo na terça-feira!
O mercado interno continua “tenso”. A safra 22/23 segue atrasada. Segundo dados atualizados da Cooxupé “a colheita da safra 22 de café arábica nas áreas de atuação da Cooxupé estava em 9,55% até o último dia 10 de junho. Na semana passada a colheita estava em 7,08%. A colheita da safra 22 está atrasada em relação aos índices dos últimos anos. Em 2021, o volume colhido era de 12,07%, 2020 em 16,90% e em 2019 estava em 26,65%”.
Novamente a dúvida é se a colheita está atrasada por falta de mão-de-obra, aumento nos insumos, problemas climáticos ou se pela queda na produção mesmo e pela falta de grãos / consequência da quebra da safra! Continuamos recebendo relatos de muitos produtores onde o café está “secando nas árvores” por falta de mão-de-obra; lavouras com rendimentos abaixo do esperado onde não compensa colher; e algumas lavouras onde as lavouras ainda estão “verdes”. Também estamos recebendo informações que muitas tradings/cooperativas estão enviando compradores para as regiões produtoras, para terem contato direto com os produtores para tentar negociar “frente a frente” e entender o “porque” desse “atraso”.
Café tipo robusta safra 22/23 já vem sendo colhido e ofertado no mercado entre +650/+720 R$/saca. Porém café tipo arábica safra 22/23 praticamente sem negócios. Preços seguem entre +1.250/+1.400 R$/saca dependendo qualidade/certificação e região entrega.
Na semana o mercado recebeu novas notícias positivas onde a bolsa de Nova Iorque supostamente estaria transferindo estoques de alguns armazéns certificados europeus para os Estados Unidos. Novamente os estoques certificados do café tipo arábica terminaram a semana abaixo do +1 milhão de sacas (+991.657 sacas)! O estoque do café tipo robusta teve uma leve alta para +1.730.167 sacas (como o maior destino do café origem Vietnam segue sendo a Europa e com toda essa crise/inflação/redução no consumo esperado, então faz todo sentido o estoque também aumentar).
O Brasil segue exportando acima do esperado. Até a última sexta-feira o Brasil já havia emitido certificados de embarque para +1.658.338 sacas e já havia embarcado +777.697 sacas (segundo a Cecafé). Nesse ritmo o Brasil deverá exportar no mês de junho-22 novamente acima dos 2,50 milhões de sacas!
Se o Brasil continuar exportando nesse ritmo e se a colheita continuar “atrasada” em julho o Brasil terá consumido todo seu estoque de passagem! Considerando um consumo interno em 21,50 milhões de sacas/ano (aproximadamente 1,80 milhões de sacas/mês) e uma exportação mensal média em +3,00 milhões de sacas, então segundo o USDA* e nosso amigo trader de uma das principais indústrias nacionais, o estoque disponível realmente está nas mãos de poucos! Sr. Francisquini deve estar recebendo comitivas nesse momento para vender seu café disponível!!
Segundo o CFTC* os fundos + especuladores reduziram a posição comprada em -4.014 lotes e agora estão comprados em +22.084 lotes. A posição total em aberto está em +244.500 lotes. E pensar que no ano passado chegou a +335.000 lotes! Com toda essa volatilidade, aumento no custo da “margem inicial por contrato” e chamadas de margem muitos foram forçados a liquidar/reduzir posição. O mercado segue nas mãos de poucos profissionais especializados (fundos/especuladores/indústria/bancos). Essa volatilidade de curto prazo deverá continuar até a definição do tamanho da safra brasileira 22/23.
No curto prazo o Set-22 tem suporte importante @ 222,70 centavos de dólar por libra-peso e resistências @ 227,50 / 229,20 / 234,00 / 240,00 centavos de dólar por libra-peso.
Inverno brasileiro começa na próxima semana. Riscos de geadas ainda estão no radar.
Para produtores com vendas/travas entre +250/+400 R$/saca para café robusta e entre +500/+800 R$/saca para café tipo arábica para as safras 22/23 e 23/24 esse mercado pode estar dando uma oportunidade para a recompra da posição e renegociação da entrega dos contratos com suas contra-partes! Procurem realizar “wash-out” ou comprar proteção utilizando as opções de compra “call*” ou as estruturas “call-spreads”. Se a safra brasileira realmente vier entre +48/+55 milhões de sacas o mercado vai “andar”!
Façam as contas! Considerando o consumo interno fixo em +21,50 milhões de sacas e uma produção em +48,00 milhões de sacas, então o Brasil terá disponível para exportar +26,50 milhões de sacas; se a produção for +55,00 milhões de sacas então o Brasil terá disponível para exportar +33,50 milhões de sacas; e, finalmente, se o Brasil produzir +64,50 milhões de sacas então o Brasil vai ter disponível para exportar +43,00 milhões de sacas! Se o mercado começar a “andar” muita gente vai ser “estopada”! Mercado poderá subir forte com pouco volume. Fiquem atentos para aproveitar o efeito “Squeeze” (o nome dado ao movimento repentino de forte alta do preço de uma ação, causado pelo fechamento de posições (recompra de posição) de investidores vendidos”. E realizar vendas/hedge contra o Set-23 / Set-24!
O Set-23 terminou a semana @ 219,45 centavos de dólar por libra-peso. Suportes importantes @ 216,00 / 210,00 / 202,20 centavos de dólar por libra-peso. Contra o Set-23 liquidação já acima dos +1.500 R$/saca!
Considerem a compra da estrutura de venda “Put-Spread*” +220/-180 vendendo a opção de compra “call*” strike -255,00 a custo zero! Essa estrutura garante ao produtor uma venda entre +1.550 / +1.770 R$/saca desde que o Set-23 termine no dia 11/08/23 acima dos +180 centavos de dólar por libra-peso (venda @ +1.550 R$/saca) e acima dos +255,00 centavos de dólar por libra-peso (venda @ +1.770 R$/saca).
Acreditamos que os fundamentos seguem positivos, e qualquer movimento de baixa no curto prazo será uma oportunidade para os produtores “vendidos” se protegerem contra eventuais novas altas em função do início do inverno / risco geadas.
Muito cuidado/atenção nas próximas semanas!
Ótima semana a todos!