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Copom e Seus Desafios

Publicado 16.06.2021, 15:42
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Publicado originalmente no canal Necton Research do Telegram

Em algumas horas o colegiado do Banco Central, o Copom, irá anunciar a nova taxa Selic. Mantemos nosso call de alta de 75 pontos base nessa reunião e com a taxa fechando o ano em 6,25%. Obviamente, vamos rever esta projeção à luz do comunicado da Autoridade Monetária, mas podemos adiantar que devemos rever para 6,50% para o final de 2021.

LEIA MAIS: Copom deve elevar Selic em 0,75%; economistas veem fim de ajuste ‘parcial’

O ambiente é amplamente desafiador para o Banco Central. Que persista a leitura disseminada entre bancos centrais pelo mundo que a inflação recente é derivada de choques transitórios no preço de commodities alimentícias e energéticas, há mais em jogo no Brasil do que isso. Os principais pontos de atenção são:

1) O IPCA muito provavelmente irá fechar 2021 acima da meta;

2) A alta do IGP-M retroalimenta um perverso mecanismo de inércia inflacionária;

3) Está claro para todos que a crise hídrica terá um impacto severo na energia elétrica.

No sentido contrário, ou seja, que aponta para juros menores podemos apontar:

1) Resultados fiscais melhores que o esperado;

2) Massa Salarial ainda frágil;

3) Nos parece provável que de fato a alta de commodities diminua no segundo semestre.

No meio deste empate técnico entre motivos para alta e para queda, o impasse se revela. Minha opinião é que, como a inflação recente é de OFERTA e não de DEMANDA, não há muito o que fazer via Selic, uma vez que a única variável que esta pode auxiliar seria indiretamente por meio da valorização do real, assim atenuando no curto prazo os efeitos mais deletérios da alta de commodities.

Estamos hoje com expectativas melhores para a moeda brasileira, ou seja, a percepção que o Brasil ficou barato em dólares está fazendo de maneira benigna o que seria o “trabalho sujo” da alta da Selic em atrair divisas americanas. O volume de estrangeiros na B3 (SA:B3SA3) deixa isto evidente.

Contudo, um risco me chama atenção. Não é razoável supor que as condições monetárias globais permaneçam tão favoráveis por tanto tempo. Muito provavelmente deveremos ver no meio do segundo semestre alguma correção nos juros de 10 anos nos EUA e isto pode exigir mais prêmio de economias como a brasileira. A curva de juros já está bastante inclinada – já esteve mais, é verdade – e isso é um sinal perigoso.

LEIA MAIS: Fed puxa alta dos juros para 2023

Especialmente numa economia altamente indexada como a nossa.

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