O gráfico do Volpon
A China vai ter que esperar
Governo chinês reportou queda de 18,8% das importações em outubro, mesmo com a economia crescendo - em tese - 6,9% ao ano.
Superávit comercial aumentou para US$ 61,6 bilhões.
Não parecem dados compatíveis com um país que busca reorientar seu vetor de crescimento para a demanda doméstica.
Felizmente, a Bolsa brasileira devolveu tanto na sexta que hoje fica quase indiferente às (des)importações chinesas.
O mercado só consegue pensar uma coisa de cada vez.
Agora chegou a vez do Fed.
Uma análise
Está difícil de tragar a combinação entre (i) aumento de juros nos EUA e (ii) alta dívida dos países emergentes.
No entanto, embora sejamos de fato um emergente endividado, nossa situação não é tão crítica quanto em outras crises históricas.
Por quê?
A análise mais trivial se pauta na trajetória crescente da dívida pública denominada em BRL, que vem sendo acelerada pela incapacidade do governo fazer superávits primários, e parcialmente “resolvida” através de um surto inflacionário.
Mas essa não é a única análise que importa.
Outra análise
Já fiz aqui elogio sincero a Tony Volpon, diretor de Assuntos Internacionais do Bacen.
Volto a fazê-lo com base em seu discurso de sexta passada, a investidores em Nova York.
Em outra análise relevante sobre o equilíbrio do setor público, Volpon chama atenção para a métrica de Dívida Bruta (em USD) subtraída das Reservas Internacionais (também em USD).
Essa métrica é interessante, pois contrabalanceia o efeito do déficit fiscal com a variação cambial.
Como o Brasil não recaiu no pecado original de ter dívida em dólares, o câmbio nos aleija, mas não mata.
Fora do default
Esse mesmo câmbio que não mata faz nascer algumas esperanças.
Balança comercial começa a dar sinais mais efetivos de recuperação, apontando para um saldo positivo de US$ 15 bi no ano.
Veja só que inventamos de exportar milho para os EUA, que são líderes globais na produção da commodity.
Brasil tem sério problemas com encarecimento da dívida local em curto prazo, mas - conforme mostra o gráfico do Volpon - não é um caso de moratória.
Custo de seguro contra default brasileiro (que atende pela sigla “CDS”) caiu 128 pontos-base desde o pico atingido em 28 de setembro.
Aquele CDS acima de 500 pontos precificava um cenário excessivamente pessimista, de moratória.
Já o CDS atual, em 400 pontos, soa suficientemente punitivo.
Chega de pedalar
Mas peraí.
Ninguém invente de mostrar o gráfico do Volpon para o Congresso, onde Joaquim Levy ainda briga pela proposta de repatriação de recursos.
Se a arrecadação aumenta com a transparência, a transparência também aumenta com a arrecadação.
Levy precisa dos dólares repatriados para quitar todas as pedaladas em 2015, começando 2016 sem culpa no cartório.
E você, como pretende iniciar seu 2016?
Convido-lhe a conhecer minha série de construção de patrimônio, com o objetivo expresso de acompanhá-lo em sua jornada financeira pelos próximos dez anos (pelo menos).
Prefiro firmar meus compromissos a longo prazo.