Câmbio: Impacto “Levy”, FED, Afrouxamento Política Fiscal e Downgrade

Publicado 16.12.2015, 14:10
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Lamentavelmente não há atalhos para que o Brasil deixe de passar por um momento mais acentuado e aprofundado da recessão presente, que inevitavelmente deixará no seu rastro a aceleração do desemprego, queda de renda e consumo e inflação corrosiva dos salários principalmente atingindo as classes mais baixas.

A situação da economia do país está extremamente desgastada e sem perspectivas de recuperação no curto prazo, quando deve ocorrer seguramente uma piora já que os setores produtivos estão inertes e desmotivados a investir, com as projeções primárias para 2016, já apontando PIB negativo da ordem de 2,67% e queda da produção industrial de 3,45%, o que é quase um seguro de que ocorrerá novamente um déficit fiscal, evitável somente se ocorresse um relevante aperto nos gastos do governo e não parece ser esta a tendência. Tudo indica que não teremos nem o superávit primário de 0,7% que era desejado pelo Ministro Levy e nem o 0,0% esperado pela Presidenta.

Sinalizar um afrouxamento na política fiscal, num ambiente propenso a arrecadar menos e com grande dificuldade de redução de dispêndios por parte do governo, após este ano ter ocorrido um déficit fiscal da ordem de R$ 120,0 bilhões, e após resultados contestados nos anos antecedentes, é expor-se ainda mais intensamente a ter seu rating rebaixado pelas agências de risco especializadas conduzindo-o ao “downgrade”, que provocará inúmeros embaraços no setor externo, com inversão de fluxos financeiros inevitáveis e redução relevante da capacidade de rolagem de dívidas de empresas brasileiras em moeda estrangeira, além naturalmente do natural encarecimento.

O receio de conter a deterioração mais intensa da economia do país praticando uma política menos austera, poderá ser fator de aprofundamento maior e mais intenso no tempo da crise atual, impactando no conceito risco do país no mercado internacional, agravando ainda mais os reflexos altamente relevantes da possibilidade de receber o “downgrade” e, acentuando a já baixa atratividade do país aos investidores externos, até mesmo aos especuladores.

Sendo iminente a elevação do juro americano, mesmo que de forma gradual, e com elevação do risco do Brasil, é bastante provável que haja saídas complementares àquelas obrigatórias de recursos estrangeiros do país.

Ser ministro da Fazenda do Brasil no momento é atribuição extremamente desafiadora, mas, seja quem for, não se deve nutrir esperanças imediatas, a situação do Brasil exige resignação e sensatez, acostadas a uma disciplina extremamente rigorosa e focada na gestão, mas não há como “pular” etapas, primeiro deverá piorar muito o quadro para depois da depuração, se exitosa, ocorrer a estabilidade para depois os sinais de desenvolvimento. Querer reverter de imediato será inviável, a equação jamais fechará. Claro está que não é uma questão de nome para ministro da Fazenda, mas sim de determinação por parte do governo, pois o que está sendo sinalizado, neste momento, com a eventual saída do ministro Levy é uma fragilização do que chamamos de determinação/foco do governo.

As reservas cambiais brasileiras, se deduzirmos as ancoragens dos contratos de swaps cambiais e posições vendidas dos bancos, ainda terão um bom volume, mas não tão tranquilizador como se tem propagado, até porque tudo enseja fluxos negativos ao longo de 2016.

A cada evento a taxa cambial, que vem sendo contida pelo BC com a rolagem das posições vincendas de contratos de swaps cambiais e o fornecimento de linhas em moedas estrangeiras para que os bancos lastreiem suas posições vendidas, apresenta um forte espasmo, buscando efetivamente o seu valor atual.

Mas, é bastante provável que dada a deterioração fiscal do país e a inanição de sua economia, com queda nos fluxos de recursos externos e intensificação de saídas, na eventualidade do BC ter que recorrer a utilização maior de contratos de swaps cambiais, cuja credibilidade/aceitabilidade pelo mercado se funda na existência de reservas cambiais, já não consiga colocá-los tão facilmente, na medida que se reduz a parte não comprometida das reservas cambiais e pode ser exigido a custos cada vez maiores, ou mesmo motivar a saída de recursos estrangeiros do país.

Este contexto não pode ser descartado por ser totalmente factível e considerando a irreversibilidade do “status quo” do país no momento com perspectiva de piora, o que pode motivar, inclusive, movimentos especulativos sobre o real.

Na realidade as coisas vão acontecendo, lamentavelmente todas na linha do agravamento do negativo, de forma dispersa e na grande maioria das vezes analisadas como fatos isolados, mas quando se conectam todos tornam perceptíveis que o cenário prospectivo sinaliza cenário que impõe muita atenção pelo agravamento dos riscos.

O preço do dólar deverá sensibilizar na sua formação todos estes fatores, por isso projetamos desvalorização do real mais intensa em 2016 do que as projeções atuais, e, não consideramos como inviável que feche o próximo ano em R$ 5,00, até porque as perspectivas sugerem que seja um ano igual ou muito próximo de 2015, mas há o agravante do risco consistente do “downgrade” e este, se tornar efetivo, causará grande impacto na taxa cambial.

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