A mais recente decisão do Banco do Japão (BoJ, em inglês) pegou muitos investidores de surpresa. A medida do governo japonês definiu meta de 0% para o juro dos bônus do governo japonês (JGB) em 10 anos. Após revisarem os resultados pouco efetivos de iniciativas anteriores impulsionar a inflação a 2% ao ano em um prazo de até dois anos, a definição entrou nos planos de tentar frear a deflação no país.
A meta de longo prazo é a primeira na trajetória do BoJ e surge em um contexto em que governos buscam incentivar a inflação, como ocorre também nos EUA e no Reino Unido. Essa reestruturação do BoJ tem como principal foco a taxa de juros de 10 anos. E, de certo modo, vai de encontro com as políticas do Banco Central japonês realizadas nos últimos anos, que enfatizaram aquisições de ativos e expansão da base monetária.
Outra decisão tomada pelo BoJ foi a manutenção da taxa de determinados depósitos bancários em -0,1%. Em vigor desde fevereiro deste ano, a taxa foi mantida após reunião de política monetária ocorrida ontem, 20 de setembro.
O BC japonês anunciou, ainda, que os 6 trilhões de ienes em volume de fundos de índices de ações (ETFs) adquiridos anualmente serão mantidos. A compras de bônus do governo (JGBs), instrumento central de política monetária, permanecerão em 80 trilhões de ienes.
A notícia sobre os juros japoneses provocou reações na Bolsa de Valores mundialmente. Motivadas por ações de seguradoras e bancos, as principais bolsas asiáticas fecharam em alta hoje, 20 de setembro.
O índice Nikkei, que agrega as mais expoentes companhias japonesas, apresentou alta de 1,91%. O Xangai Composto, por sua vez, demonstrou avanço de 0,10%. Ainda na China, o Shenzhen Composto subiu 0,28%. O Hang Seng, de Hong Kong, teve ganho de quase 0,6%. Com isso, às 7h18, o dólar caía para 101,33 ienes.
A expectativa em relação à decisão do banco central norte-americano Federal Reserve (Fed) e a queda dos juros japoneses impulsionaram o mercado hoje. No mercado doméstico, esperava-se que a onda de otimismo internacional tivesse forte influência na Bovespa.
O dólar já havia fechado em queda ontem frente ao real, com -0,38% no balcão. Por aqui, a iniciativa do BoJ foi recebida com bons olhos, visto que a notícia poderá significar maior flexibilidade para o banco central japonês.
No Japão, contudo, as exportações apresentaram queda pelo 11º mês consecutivo. Em agosto, houve recuo de 9,6% no comparativo com o mesmo período de 2015. Segundo dados do Ministério das Finanças, no mês passado foram contabilizados cerca de 5,3 trilhões de ienes, ou seja, aproximadamente US$ 52,3 bilhões.
A estimativa dos economistas para a queda era de 7,2%. Esses dados evidenciam a mais longa temporada de retração nas exportações durante um ano desde a crise financeira global. Por outro lado, no que tange ao volume, as exportações aumentaram 0,9%, segundo avanço nos últimos dois meses.
De agosto para julho, as exportações mantiveram a estabilidade após ajustes sazonais. As importações, por sua vez, totalizaram 5,3 trilhões de ienes. O número representa um recuo de 17,3%, quando comparado ao patamar verificado em agosto de 2015.