O Congresso deve liberar hoje a pauta de votações e colocar na ordem do dia o projeto que prevê um rombo de R$ 159 bilhões nas contas do governo neste e no próximo ano, que deve seguir hoje para o plenário da Câmara, após ser aprovada ontem à noite em comissão. Também está marcada para esta quarta-feira a apreciação dos destaques da nova taxa de juros de longo prazo (TLP) e ainda pode haver algum avanço no programa de renegociação de dívidas tributárias (Refis). Se tudo isso passar, os investidores mantêm o otimismo.
O primeiro dia do deputado André Fufuca como presidente da Câmara foi dedicado à definição da pauta da semana e a reforma política, que poderia ser um empecilho ao avanço da agenda econômica do governo na Casa, acabou ficando em segundo plano, à espera de um acordo entre os partidos para discutir questões como cláusula de barreira, coligações partidárias e o chamado "distritão misto". Com isso, haverá um esforço dos parlamentares em aprovar, até amanhã, as novas metas fiscais, e a TLP, até a semana que vem.
Quanto ao Refis, o prazo para adesão de pessoas físicas e jurídicas ao programa terminaria amanhã, mas o governo já decidiu estender a data limite para outubro. Uma nova medida provisória (MP) do Refis deve ser editada hoje pelo presidente da República em exercício, Rodrigo Maia, mediante um acordo entre o governo e o Congresso. Diante desses avanços, fica claro que o presidente Michel Temer articulou bem com sua equipe e aliados os passos a serem dados durante a viagem oficial à China.
Temer, portanto, não está sozinho e, mesmo distante, consegue mostrar o apoio político, que reforçam as perspectivas de permanência dele no cargo até o fim do mandato. Porém, essa base de sustentação ainda pode ser ameaçada pela nova denúncia a ser apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Não se sabe quando ele poderá estragar a festa nos mercados domésticos, por isso os negócios locais devem manter uma dose extra de cautela.
Ainda assim, o cenário internacional está mais favorável aos ativos de risco nesta quarta-feira, após a escalada da tensão entre Estados Unidos e Coreia do Norte, com o lançamento de um míssil que sobrevoou o território do Japão. O ambiente ficou mais calmo no exterior já na tarde de ontem e o sinal segue positivo nos mercados lá fora nesta manhã, com o temor em relação à retaliação ao regime de Pyongyang perdendo força.
As principais bolsas na Ásia fecharam em alta, animando a abertura do pregão na Europa, sustentadas ainda pela sinalização de ganhos vinda dos índices futuros das bolsas de Nova York e pelo fortalecimento do dólar frente ao iene e ao euro. A agenda econômica ganha força no exterior e divide as atenções entre os dados de emprego no setor privado norte-americano em agosto (9h15) e a segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no trimestre passado (9h30).
Às 11h30, é a vez dos estoques semanais de petróleo bruto e derivados nos EUA, sendo que a commodity é negociada em baixa, na faixa de US$ 46 o barril, com a tempestade Harvey, que atingiu o Texas, ainda no radar dos investidores. Também merecem atenção as leituras deste mês sobre o índice de confiança do consumidor na zona do euro, logo cedo, e sobre a atividade dos setores industrial e de serviços na China, no fim do dia.
No Brasil, o calendário econômico começa com a divulgação do IGP-M de agosto. O índice conhecido por reajustar os preços dos aluguéis deve interromper uma sequência de quatro meses seguidos de deflação e subir 0,09% em relação a julho. A taxa acumulada em 12 meses, porém, deve ampliar a trajetória de queda, acumulando baixa de 1,71% até este mês.
Os números oficiais serão conhecidos às 8h. No mesmo horário, sai a sondagem do setor de serviços neste mês. Depois, o Banco Central entra em cena para anunciar a nota de política fiscal (10h30), que deve apenas confirmar o rombo das contas públicas anunciado ontem, e também os dados parciais de agosto sobre o fluxo cambial (12h30).