Feliz maio, pessoal do câmbio! O foco do mercado nesta semana será direcionado para as decisões de taxa de juros dos EUA e aqui do Brasil, que sairão amanhã.
Nos dois casos existem dados que poderiam nos levar a crer numa desaceleração da taxa de juros, mas nem só de dados são tomadas essas decisões.
Vamos aos fatos e ao que pode ocorrer tanto aqui quanto lá. Iniciarei por aqui.
Na semana passada, tivemos o IGP-M (importante dado de inflação), que inclusive corrige os contratos de aluguel, recuando 0,95% em abril, após alta de 0,05% em março. Isso poderia nos ajudar a reduzir os juros. O IPCA-15 de abril, prévia da inflação oficial, chegou a 4,16% em doze meses. Mas, sabemos que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu as decisões do Copom, alegando, entre outros problemas, que a situação fiscal do país não oferece uma perspectiva favorável para a redução dos juros no momento.
Os últimos comunicados do Copom também demonstraram preocupação sobre a deterioração das contas públicas, o que pode ser amenizado pelo novo arcabouço fiscal (a depender de como passará no Congresso), e piorado pelo aumento do salário mínimo (mais gastos). Mantendo a taxa de juros em 13,75% no Brasil, (que acho que é o que vai ocorrer), beneficiaria o real pelo diferencial de juros (carry trade). Minha opinião é de que o processo de desinflação ainda está lento e o BC demonstra preocupação com as expectativas de longo prazo, o que pode resultar em alterações nos juros somente no segundo semestre. E não cedendo a pressões do governo, o BC reafirmaria sua autonomia.
Agora, vamos para os EUA. A inflação segue em pauta, mesmo que a economia americana tenha perdido o fôlego. O índice de preços cheio do PCE do primeiro trimestre, divulgado na semana passada, foi de 4,2%, longe da meta americana, que é de 2%. Enquanto isso, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,1% na taxa anual ajustada, abaixo das projeções de 2%. É provável que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) precise manter a taxa de juros alta por mais tempo. Creio em mais um aumento de 0.25 ponto percentual. O Fed deve manter os patamares elevados por maior período, devido a um mercado de trabalho ainda apertado. Mas não esqueçam que, na balança, ainda está delicada a situação dos bancos americanos.
Na China, vimos que a atividade industrial encolheu de maneira inesperada em abril. A segunda maior economia do mundo cresceu mais rápido do que o esperado no primeiro trimestre graças ao robusto consumo de serviços, mas a produção industrial ficou para trás em meio a um fraco crescimento global.
Para hoje, no Brasil teremos o Boletim Focus (devido ao feriado de ontem) e o PMI de abril. Na Europa, conheceremos o IPC. Nos EUA, as ofertas de emprego.
Bons negócios a todos e muito lucro!