Tivemos a melhor semana do ano para o preço do café negociado no Estado de São Paulo e Minas Gerais (com o índice CEPEA fechando a sexta-feira cotado a 746,50 R$/saca e no mês indicando uma valorização em +13,33%)! Tivemos notícias de vários negócios reportados acima dos 800 R$/Saca e cooperativas e tradings entrando no mercado tentando comprar café para entrega futura para setembro-22 e setembro 23 entre 800-820 R$/saca e entre 835-850 r$/saca respectivamente! Para o café qualidade tipo “cereja descascado” ainda o pagamento de um prêmio adicional entre 60-70 R$/saca e para produto com “certificado UTZ/RA” mais um prêmio entre 10-15 R$/saca!
Também na semana, finalmente tivemos novos relatórios sendo divulgados confirmando a quebra da safra brasileira 20/21! O Rabobank atualizou seus números reduzindo de 59 para 56,5 milhões de sacas e reduzindo o superavit mundial de +10 milhões de sacas para um déficit global em -2,6 milhões de sacas. O CEO da Olam International, Sunny Verghese, deu uma entrevista onde disse que “dado o mau tempo que teve Brasil, esperamos que as safras de 2021-22 e 2022-23 sejam anteriores menores, o que pode resultar em déficit estrutural muito acentuado no mercado de arábica. Podemos ver os preços do arábica muito mais altos.”
E, finalmente após uma viagem de 15 dias pelo Brasil a renomada consultora Judith Ganes confirmou o que vários produtores já vem falando aos 4 cantos, há meses: a safra brasileira quebrou (após visitar várias fazendas e regiões e entrevistar dezenas de produtores). Com isso, a projeção para a próxima safra segue sendo entre 47-52 milhões de sacas! E aqui com a nossa observação: “all going well, weather permitting – tudo indo bem, se o clima assim permitir” pois os riscos das geadas ainda nem começaram!
Os fundos seguiram comprando, e nas últimas 2 semanas praticamente dobraram a posição comprada (passando de +22.000 para +41.298 contratos – o que deve ser mais ainda pois esse número reflete a posição da última terça-feira e o mercado seguiu subindo e com bom volume sendo negociado nos últimos 3 dias da semana).
Falando nas cotações em Nova Iorque, a semana foi a melhor do ano com o Set-21 atingindo a cotação máxima do ano @ 143,80 centavos de dólar por libra peso. O Set-21 trabalhou entre a mínima e a máxima entre 130,45-143,80 centavos de dólar por libra-peso e fechando a sexta-feira @ 141,10 centavos de dólar por libra-peso. Já o Set-22 trabalhou entre a mínima e a máxima entre 132,90-146,90 centavos de dólar por libra-peso e fechando a sexta-feira @ 144,90 centavos de dólar por libra-peso.
O Real seguiu sendo a estrela da semana, fechando na sexta-feira @ 5,60 R$/US$ (mesmo após 3 leilões realizados pelo Banco Central para tentar segurar a moeda) e o dólar futuro com vencimento em Julho-22 chegou a ser negociado ate 5,75 r$/US$! O Real seguiu desvalorizando forte em função da conjuntura internacional e, infelizmente, em função do quadro interno brasileiro político/fiscal. Do lado internacional o mercado precisava de um motivo para realizar, e esse motivo apareceu: as bolsas americanas trabalharam em fortes baixas e os juros americanos para 5-10 anos aumentaram consideravelmente (passando de 0,90% ao ano para 1,40% ao ano). Esse movimento da alta das taxas de juros americanos gera o “efeito dominó” onde investidores vendem as posições em ações nos países emergentes, o dólar valoriza perante outras moedas, e os recursos voltam para os Estados Unidos para comprar títulos americanos “mais seguros” e com uma remuneração “mais decente”.
Esse aumento nos juros americanos começou a surgir no mercado desde a semana passada (quando falamos aqui sobre os riscos da “REFLAÇÃO”). O governo americano segue tentando aprovar o novo plano para injetar mais 1,8 trilhões de dólares na economia; a vacinação segue avançando tanto nos Estados Unidos/Canadá e Europa; a vida começa a voltar ao normal; e nas economias ricas, com dinheiro sobrando, a população deverá voltar a circular, frequentar bares, restaurantes, cafeterias. E com isso analistas já estão novamente estimando o aumento dos preços, da demanda por produtos que estavam sendo represados há meses. Com esse cenário temos previsões para o aumento do consumo do café!
E assim, o mercado do café finalmente acordou!
Produtores com café disponível seguem aguardando por melhores preços! Por outro lado os produtores que já venderam e que já se comprometeram com vendas futuras, e não vão conseguir honrar com seus compromissos em função da seca/da quebra nas suas lavouras, seguem tentando comprar produto no mercado interno para honrar seus compromissos e/ou seguem tentando renegociar o prazo de entrega para a safra 21/22 e 22/23 com seus fornecedores de insumos, cooperativas e tradings… Vamos ter mais gasolina sendo adicionada na fogueira!
No Brasil, o índice que mede a inflação, o IGPM, já aumentou mais de +30% nos últimos 12 meses! Fertilizantes mais de 40%. A inflação no Brasil está fora de controle com preços do combustível, insumos e implementos agrícolas, alimentos subindo praticamente toda semana! Agora, qual será o real custo de produção de uma lavoura de café no Brasil (considerando uma safra normal)? 500/600/700 Reais por saca? Os juros brasileiros deverão aumentar já na próxima reunião do Banco Central, e deveremos terminar o ano com a Selic acima dos 4,00% ao ano! Quem ainda tiver acesso a recursos, linhas de crédito “baratas”, aproveitem!!
Seguimos altistas no mercado para o curto/médio prazo. Para Set-21 e Dez-21 o “céu poderá ser o limite”!
Seguimos com nossa recomendação para quem estiver vendido em futuros e/ou opções que zeram suas posições ou se protejam comprando “Calls” fora do dinheiro (que ainda estão “baratas”). Comprem as opções de compra “Calls” de 170/180/200 centavos de dólar por libra peso para o Set-21! Se protejam! Tanto produtores como cooperativas! Se tivermos geadas em junho/julho-21 o vencimento Set-21 poderá explodir e ultrapassar os 200-300 centavos de dólar por libra peso! Com os fundos comprados e com espaço para comprar ainda mais, imaginem se uma geada, por mais leve que seja, venha a ocorrer! Vamos ver os vendidos correndo para “cobrir/zerar” posição e aí meus caros leitores, a tempestade perfeita estará feita! E lembrem-se: da mesma forma que o mercado poderá disparar 3-5-10.000 pontos poderá devolver tudo em 2-3 dias também!
Para o Set-22, para os produtores que ainda tem produto para vender, para fixar, seguimos recomendando a compra do “Put-Spread” no Set-22 strike +140 x -110 vendendo a “Call Spread” strike -170 x +200 (quem puder aguardar para vender as “Calls” mais para frente sugerimos aguardar).
Essa operação para a próxima safra 21/22, e até mesmo 22/23, garante um preço mínimo para o produtor ao redor de 835 R$/saca (desde que o Set-22 feche acima dos 110 centavos de dólar por libra peso) e um preço de venda máximo ao redor dos 1,060 R$/saca (desde que o Set-22 feche acima dos 170 centavos de dólar por libra peso). Caso o set-22 negociar e fechar acima dos 170 centavos de dólar por libra e fechar acima dos 200 centavos de dólar por libra peso, o produtor voltará a ter ganhos, e a “participar” das altas do mercado acima dos 200 centavos de dólar por libra peso. Caso esse cenário venha a acontecer, o produtor poderá “rolar para cima” a sua compra da “Put-Spread” (isso é, vender a “Put-Spread +140/-110 e comprar uma nova “Put-Spread” +180 x -120 por exemplo, e vender uma nova “Call-Spread”, por exemplo 250 x 300!
Essas estruturas para o vencimento Set-22 tem pouca liquidez no mercado, então cuidado com os spreads que serão oferecidos pelas corretoras/tradings que oferecem esse tipo de operação/estrutura! Trabalhem as ordens, façam suas contas e evitem as famosas “bocas de jacaré”!
Uma ótima semana a todos!