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Ecos da semana: rumo a uma boa janela (de curto prazo) para emergentes?

Publicado 13.01.2023, 12:11
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Além de desenvolvimentos políticos relevantes, cabe destacar durante esta última semana a divulgação de dados de inflação nos EUA e no Brasil. No primeiro, a leitura foi em linha com a expectativa do mercado e reforçou o ambiente ameno dos mercados globais para as economias emergentes ao reforçar a perspectiva de que o ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) pode estar terminando. No Brasil, o IPCA teve leitura acima das expectativas, muito influenciado por itens voláteis. No entanto, o desafio fiscal permanece como principal entrave para a convergência dos preços apesar dos juros já elevados.

Nos EUA, o CPI de dezembro registrou queda de 0.1% no mês, em linha com a expectativa do mercado. Essa é a menor leitura do índice desde maio de 2020. A leitura subjacente avançou 0.3% no mês, também em linha com as expectativas do mercado.

Destaque nos serviços é a aceleração no componente moradia, que avança 0.7% no mês, puxado principalmente pelo forte desempenho de OER (0.8%). Com peso de 24.24% no índice, este componente contribuiu com 19 bps para o headline. Já serviços médicos registram avanço de 0.1%, primeira leitura positiva do trimestre. Por outro lado, o volátil componente de passagens aéreas teve a terceira queda consecutiva ao recuar 3.1% no mês.

A divulgação reforçou a narrativa de perda de ímpeto da inflação nos EUA. Os bens e a parte de energia voltam a contribuir negativamente com o índice. A contribuição de serviços mostra forte componente de moradia, o que parte do mercado interpreta como um indicador defasado para a dinâmica inflacionária.

A reação à divulgação em linha com as expectativas do CPI foi de novo fechamento nas taxas longas, avanço no mercado de ações e enfraquecimento do DXY. Nossa visão permanece de que a convergência da inflação será dificultada pela manutenção da taxa de desemprego em patamar historicamente baixo (como evidenciado pelo payroll da última sexta-feira), colocando risco na precificação do FED no segundo semestre deste ano.

Já no Brasil, o IPCA de dezembro teve leitura de 0,62%, consideravelmente acima de nossa projeção, da mediana do mercado e do teto das expectativas (0,46%, 0,45% e 0,51%, respectivamente). A variação acumulada em 12 meses atingiu a marca de 5,79%, acima das projeções mais recentes, mas abaixo do patamar de 6,0% antes esperado.

Todos os grupos voltaram a apresentar variação positiva após a Black Friday de novembro. Alimentação e Transportes, por fortuito, registraram altas de apenas 0,66% e 0,21%, respectivamente. No caso do primeiro grupo, a alta é proveniente de avanços em Alimentação no Domicílio (0,71%) e Fora do Domicílio (0,51%) com um maior share de serviços. Já o arrefecimento de Transportes é associado aos cortes da Petrobras (BVMF:PETR4) com deflação de gasolina e óleo diesel.

Pelas aberturas, Administrativos desaceleram com alta de 0,27% vs. 1,00% anterior, o que pode ser meritoriamente associado à Transportes e políticas de cortes de preços. Livres, da qual já se esperava avanço ante leitura anterior, teve divulgação elevada de 0,74%, acima do esperado tanto em razão de Industriais (1,19%) como de Serviços (0,44%). Por fim, as leituras subjacentes também apontam para uma piora da dinâmica inflacionária com altas de 1,76% de Industriais, maior valor desde dezembro de 2021, e de 0,46% de Serviços.

O índice de inflação termina o ano com composição ruim e headline elevado, dificultando o cenário para a autoridade monetária. No entanto, sustentamos que a dinâmica inflacionária realizada perde relevância para a condução da política monetária ante as alterações antecipadas na condução da política fiscal. Simultaneamente, a taxa de juros real já elevada dá ao Banco Central graus de liberdade para aguardar os próximos desenvolvimentos da política fiscal.

A semana foi amena para ativos de risco. A percepção do fim do ciclo de juros nos EUA, junto a possibilidade de a economia norte-americana evitar uma recessão (e conseguir viver um “soft-landing”), se soma à reabertura da China e ao impulso econômico adicional para o crescimento global. Este ambiente sustenta preços de ativos de economias emergentes, principalmente aquelas exportadoras de commodities. Logo, apesar do desafio fiscal, pudemos enxergar um bom desempenho dos ativos locais. 

Ponderamos, no entanto, que este momento positivo poderá ser passageiro na medida em que o FED terá de manter os juros elevados por mais tempo e que, a tranquilidade do mercado com as contas públicas, poderá não perdurar.

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