Nos últimos meses, um anúncio surpreendente abalou o mercado internacional: os países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), liderados pelos Emirados Árabes Unidos (EAU), lançaram um plano de investimento de US$ 3,6 trilhões. Para colocar isso em perspectiva, esse montante supera, com folga, algumas das maiores iniciativas de desenvolvimento econômico da história moderna, como o Plano Marshall, o NAFTA e até mesmo a Iniciativa Cinturão e Rota da China.
A motivo de comparação, a China e 147 países levaram cerca de 10 anos para atingir US$ 1 trilhão em investimentos em infraestrutura e a iniciativa fez com que os chineses se tornassem o centro do comércio euroasiático. A Comunidade Econômica Europeia, depois União Europeia, investiu mais de € 1 trilhão para integrar as economias do continente. Com isso, a Europa tornou-se uma potência econômica global, competindo diretamente com os EUA e a China.
Outro exemplo emblemático é o Plano Marshall, em 1948. Foram investidos aproximadamente US$ 150 bilhões (valores atuais) pelos EUA na reconstrução de 16 países europeus após a Segunda Guerra. O resultado? A Europa Ocidental dominou grande parte da economia do século 20. A reconstrução do Japão pós-guerra (1945–1952) custou ao redor US$ 18 bilhões (valores atuais) e foi sucedida pelo milagre econômico japonês, transformando o país em uma superpotência.
Todos esses acordos históricos, muito mais modestos do que o acordo atual do CCG (Conselho de Cooperação do Golfo), transformaram a economia global e moldaram o mundo em que vivemos hoje.
A movimentação trilionária do CCG demonstra que os Emirados Árabes Unidos não estão apenas investindo no presente — estão redesenhando o futuro da economia global. Inspirando-se em iniciativas históricas de reconstrução e desenvolvimento, os EAU estão pavimentando um caminho próprio: da dependência do petróleo para um modelo sustentado por inovação, tecnologia e capital humano.
Com cerca de US$ 12 bilhões já alocados em projetos de transição energética e planos para investir outros US$ 54 bilhões, cerca de 50 zonas francas ativas e um dos ecossistemas de startups mais vibrantes do Oriente Médio, o país está construindo os alicerces de uma nova era de prosperidade digital. O mercado de TIC dos EAU foi avaliado em US$ 41,36 bilhões em 2023 e espera-se que atinja US$ 83,57 bilhões até 2029, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 12,2%
O posicionamento estratégico entre três continentes, aliado a uma logística de classe mundial e políticas favoráveis a negócios, transforma os EAU em um pólo natural de investimentos e inovação. O Porto de Jebel Ali, por exemplo, movimenta anualmente mais de 13 milhões de TEUs (unidades de contêineres) e, em 2024, alcançou um recorde, movimentando 15,5 milhões de TEUs, o maior volume desde 2015. Já o Aeroporto Internacional de Dubai figura consistentemente entre os mais movimentados do planeta, com mais de 86 milhões de passageiros anuais.
Mais do que um ambiente favorável aos negócios, os Emirados oferecem previsibilidade em um mundo volátil: estabilidade política, segurança jurídica e um compromisso explícito com a diversificação econômica e a sustentabilidade. Tudo isso cria um solo fértil para empresas globais que buscam longevidade, escala e acesso a novos mercados.
Se a história nos ensina algo, é que os grandes ciclos de crescimento são impulsionados por nações que ousam investir com visão. O que os Emirados estão fazendo com este plano de US$ 3,6 trilhões é precisamente isso: uma aposta ambiciosa no mundo que virá.
Empresas e investidores que desejam não apenas sobreviver, mas liderar a próxima era econômica global, encontrarão nos Emirados Árabes Unidos um ambiente onde o futuro já começou.