EUA sinalizam publicação de documento da Seção 301 sobre Brasil no diário oficial desta sexta
Nomes qualificados agregam perspectivas favoráveis, contudo credibilidade do país vai depender de resultados concretos sinalizando acertos das novas políticas, e isto, demandará tempo.
É com esta visão que acreditamos que o mercado de câmbio está indo contra a lógica e aprecie a moeda nacional frente a moeda americana.
Contudo, entendemos que são possíveis algumas mudanças fortes de gestão que poderão promover a percepção de alterações relevantes, com resultados mais imediatos. Porém, precisarão ser bastante diferentes do que vinha sendo praticado pelo governo no mandato que se encerrará ao final deste ano.
O país precisa, enquanto forem sendo apontadas as mudanças de maturação lenta no médio/longo prazo, ultimar as possíveis de curto prazo que revitalizem a atividade econômica, impactando favoravelmente nas expectativas de imediato, promovendo a reversão da predominância do negativismo presente para um contexto que sinalize que o governo será diferente alterando suas políticas.
Embora os políticos influentes do PT busquem sinalizar sempre que a Presidente Dilma estará no comando, o que também acreditamos, que deve se mostrar fiel as linhas do partido, o que naturalmente precisará ser contrariado, pois mais do mesmo não recuperará o país do estado profundamente deteriorado presente. Há uma necessidade de nos pontos cruciais que estão amplamente deteriorados o governo seja absolutamente diferente.
De imediato precisará ser drasticamente alterada a dinâmica da política fiscal, o que contribuirá de forma importante para a contenção das pressões inflacionárias, e na contra ponta deverá permitir que a economia conviva com um preço para a moeda americana mais equânime com os fundamentos atuais, deixando portanto de utilizá-lo como coadjuvante ao juro no combate da inflação, e se necessário for, até que as alterações na política fiscal comecem a ter resultados, poderá elevar a taxa SELIC na próxima reunião em mais 0,50%, o que não deve se tornar prática contumaz pois há necessidade de gradualmente ser implementada a redução da SELIC.
Como dissemos ontem, esperamos como política de curto prazo o corte abrupto nos gastos do governo e a pratica de preço mais equânime da moeda americana.
A economia como um todo está dependente do preço do dólar, não como benesse, mas como efetivo valor em linha com o quadro econômico presente, com ênfase a preocupante situação do nosso setor externo.
O setor de commodities, segundo tudo indica, terá em 2015 um ano difícil com queda de preços e quem sabe quantitativa da demanda internacional, e como consequência, em linha com o que esta ocorrendo com os países que tem suas moedas sob influência do preço das commodities, precisará que o dólar tenha preço justo para que ocorra o efeito compensação na remuneração dos produtores nacionais.
A indústria, submetida a um duro e crescente processo de desindustrialização desde 2005 como resultante da apreciação descabida do real frente ao dólar, que assim se prestava a conter pressões inflacionárias como coadjuvante do juro, precisa do preço da moeda americana com preço não mutilado e consequentemente refletindo a sua realidade, para ganhar motivação para dinamizar os investimentos, focar o mercado externo com o aumento da competitividade e o mercado interno que terá menos espaço para os produtos concorrentes importados alavancados do preço apreciado do real.
O preço do dólar é o fator principal para dar sustentabilidade à redenção do setor industrial brasileiro e prover os produtores de commodities com remuneração adequada em reais.
Assim agindo, o governo estaria dando um choque em dois setores relevantes da economia brasileira, criando motivação para dinamização em especial do setor industrial e garantindo remuneração adequada ao setor de commodities.
Estas mudanças objetivas teriam probabilidade de mitigar a expansão do déficit em transações correntes que deve fechar o ano de 2014 em US$ 85,0 Bi, que precisará também da agilidade do governo para estabelecer planos de recuperação da infraestrutura com o intuito de atrair investimentos estrangeiros, fazendo deste o seu ponto de atratividade, visto que a atratividade para IED´s deve ter forte recaída até que os novos programas comecem a demonstrar a recuperação da economia que deve fechar este ano em zero ou muito próximo disto.
No nosso entendimento a confiança na equipe econômica pode estabelecer a tolerância com a maturação dos novos planos de governo, porém a restauração da credibilidade, acreditamos, somente advirá com os resultados.
Nossa observação sugere que o mercado de câmbio está reagindo como se em seu novo mandato o governo vá agir praticando mais do mesmo, e só com bons nomes readquirirá a credibilidade perdida, o que consideramos um erro. No nosso entendimento o governo precisará ser substantivamente diferente e somente a ocorrência de resultados positivos irá repondo, como objetivado, a credibilidade no país.
Por isso, continuamos mantendo a projeção de R$ 2,60 ao final do ano, podendo haver comportamentos voláteis neste período.
Discreta sinalização atribuída pelo mercado ao Presidente do BC, de que o programa de intervenção no mercado de câmbio futuro com swaps cambiais não enseja necessidade de reversão dessas posições no curto e médio prazo causou ruídos. A leitura que foi feita da colocação é de que o programa não será expandido sendo o estoque satisfatório, mas sim reduzido gradualmente com monitoramento pelas rolagens na medida em que a demanda permita e posteriormente, no médio/longo prazo, se e quando melhorar o ingresso de recursos decorrente da gradual recuperação de credibilidade do país, o que implicaria em menor demanda de “hedge”.
Evidentemente que o Presidente do BC jamais afirmaria que não há condições, como de fato não há, neste momento para interrupção abrupta do programa, além do eventual e possível corte da oferta adicional de 4.000 contratos que ocorre diariamente, e que o BC está refém da manutenção do estoque para dar sustentabilidade a “compra de credibilidade” para a moeda nacional.
O fato é que rapidamente o preço da moeda americana entrou em processo de apreciação, o que pode ter até origem especulativa.
Contudo, consideramos que o preço da moeda americana fará parte integrante do programa de curtíssimo prazo do governo, o que nos leva a acreditar que a ação do BC possa ser menos intensa no sentido de apreciar o preço do real, se assim for definido pela equipe econômica e a Presidente Dilma.