- O aumento das posições em opções de compra reflete maior convicção de que os preços das ações devem subir em breve.
- Esse otimismo é sustentado pela migração de bilhões de dólares de ETFs de renda fixa para fundos de ações, em resposta à redução de tarifas.
- Esses movimentos ilustram uma abordagem consagrada: aproveitar quedas temporárias para acumular posições, estratégia que, segundo a história, tende a gerar retornos expressivos no longo prazo.
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O sentimento dos investidores vem mudando, com dois sinais claros de maior apetite por risco: aumento expressivo de posições em opções de compra (calls), cujo volume se aproxima dos níveis mais altos desde fevereiro, período anterior à última máxima histórica do S&P 500, e forte entrada de recursos em ETFs de ações, com destaque para os fundos Vanguard S&P 500, SPDR S&P 500 (NYSE:SPY) e iShares Russell 2000, que juntos captaram cerca de US$ 6 bilhões nos últimos dois dias, impulsionados pela redução de tarifas.
Por que os investidores estão mais otimistas?
Entre os motivos para essa retomada de otimismo estão a menor volatilidade, o índice VIX caiu de 40 para menos de 20 em tempo recorde, movimento que, historicamente, antecede ganhos expressivos nos mercados, e a revisão das expectativas para os juros nos EUA. Agora, o mercado projeta apenas dois cortes até dezembro, frente aos quatro esperados anteriormente, refletindo a melhora no cenário comercial global. Ainda se espera o primeiro ajuste em setembro, totalizando uma redução de 55 pontos-base, abaixo dos 75 pontos precificados há um mês.
O verdadeiro destaque, porém, são os investidores que mantiveram posições durante a turbulência de abril, quando o mercado americano perdeu US$ 6,6 trilhões em dois dias. Muitos aproveitaram para comprar na baixa. Seis semanas depois, o S&P 500 não apenas recuperou as perdas como subiu 17% desde os mínimos, superando os níveis pré-tarifas.
Os investidores pessoas físicas vêm ganhando protagonismo. Ao final de 2024, detinham US$ 35 trilhões em ações listadas em Wall Street, cerca de 38% do total, e seguem com volume de negociações elevado, atrás apenas da onda dos “meme stocks” de 2021.
Na Charles Schwab (NYSE:SCHW), os clientes realizaram quase 10 milhões de operações por dia nas duas primeiras semanas de abril, salto de 36% ante o início do ano, e novos cadastros dispararam.
A Robinhood (NASDAQ:HOOD) também registrou recordes em volume de ações e opções negociadas, enquanto a JPMorgan Chase (NYSE:JPM) informou que seus clientes investiram US$ 40 bilhões em ações só em abril, o maior valor já registrado.
Historicamente, comprar em momentos de queda tem sido uma estratégia vencedora, embora não infalível.
Durante a crise da covid-19 em 2020, os mercados globais recuaram mais de 30%, mas o S&P 500 encerrou o ano com alta de 16,3%. Já na crise de 2008, o índice caiu 48,8%, mas desde o fim daquele ano acumula valorização superior a 300%.
É importante lembrar que não foi um caminho linear. Entre 2009 e fevereiro de 2020, o S&P 500 enfrentou duas quedas superiores a 20%, oito acima de 10% e 15 correções entre 5% e 10%. Manter-se investido exigiu disciplina.
Lições de quedas passadas
A história mostra que o mercado registra quedas de pelo menos 10% a cada dois anos, de 20% a cada quatro, de 30% a cada nove e de 50% ou mais a cada duas décadas.
O mesmo se aplica a ações individuais: Apple (NASDAQ:AAPL) valorizou mais de 8.300% em 29 anos, mas passou por quedas de até 50%. Home Depot (NYSE:HD) chegou a recuar 72% e Nike (NYSE:NKE), 70%.
Comprar apenas porque um ativo caiu muito não é uma estratégia prudente por si só. O que parece barato hoje pode se revelar caro amanhã. A chave está em reconhecer que choques de mercado são naturais e entender os fundamentos por trás de cada correção.
Na maioria dos casos, o mercado recompensa quem mantém a calma e permanece posicionado.
***AVISO: Este artigo é meramente informativo e não constitui qualquer oferta ou recomendação de investimento.