BC anuncia leilão de linha de US$1 bilhão para terça-feira
Os Estados Unidos decidiram taxar o Brasil em 50%, iniciando uma nova guerra comercial. Parte da população — inclusive alguns analistas — atribuiu o motivo ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas isso está longe de ser verdade. A real motivação é econômica e geopolítica. Donald Trump deixou isso claro em sua carta enviada ao presidente Lula.
Na abertura da carta, Trump faz elogios diretos a Bolsonaro e críticas ao Judiciário brasileiro. Mas logo em seguida revela sua real intenção:
“Como o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos tudo o possível para aprovar rapidamente, de forma profissional e rotineira.”
Mesmo com superávit comercial em relação ao Brasil, os Estados Unidos querem mais. E, com pragmatismo, Trump cumpre seu papel: defender os interesses da nação que o elegeu. Emmanuel Macron, na França, faz o mesmo — sem dizer, mas sempre deixando claro em suas ações.
Há, no entanto, um fator relevante por trás da escalada tarifária: o avanço do BRICS. Hoje, o bloco reúne 11 países e começa a ganhar protagonismo na geopolítica e na economia global.
A China lidera com tecnologia, capital e inovação. A Rússia, apesar das sanções, mantém um poder bélico significativo. Juntos, os países do BRICS já representam cerca de 32% a 40% do PIB mundial — uma força econômica impossível de ignorar.
É isso que está em jogo: o novo equilíbrio de poder econômico global. Os EUA reagem porque veem o surgimento de um polo alternativo à sua hegemonia.
Apesar das tensões, o Brasil ainda tem todas as condições para se posicionar como uma terceira via. Podemos iniciar um movimento protecionista responsável, com foco na reindustrialização e na elevação da renda média — que, segundo o IBGE, gira em torno de R$ 3.200,00.
Somos uma nação continental, com 203 milhões de habitantes, segundo o último Censo de 2022. A União Europeia, por sua vez, tem uma população estimada em 449 milhões, mas enfrenta uma realidade distinta: envelhecimento populacional, estagnação industrial e baixa inovação. Alemanha, França e Itália crescem menos a cada ano. A Europa, hoje, é menos relevante economicamente do que há duas décadas — e continua perdendo terreno.
Esse vácuo precisa ser preenchido. E o Brasil tem capital humano, recursos naturais e mercado interno suficientes para liderar um novo polo de crescimento no século XXI.
Por fim, o BRICS discute a criação de uma moeda comum, com potencial para rivalizar com o dólar. A proposta é ambiciosa — mas também carrega riscos. Afinal, ninguém parece ter aprendido com os desafios da zona do euro, onde unificar moedas em economias desiguais trouxe mais problemas do que soluções.