O mercado de câmbio neste janeiro, até dia 18, revela um fluxo cambial modesto ante as expectativas prevalecentes ao final de dezembro, registrando tão somente ingresso líquido de US$ 1,173 Bi, sendo US$ 1,532 Bi positivo financeiro, e, US$ 359 Mi negativo comercial.
Há, a rigor, certa frustração visto que os investidores estrangeiros eram e continuam sendo aguardados com cifras substantivas, direcionadas a Bovespa, face estudos realizados por algumas instituições financeiras.
Os bancos estão fortemente vendidos no mercado à vista de dólar, montante em torno de US$ 23,692 Bi, que localmente estão ancorados em linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra, concedidas pelo Banco Central do Brasil no montante de US$ 12,250 Bi, sendo plausível admitir que a diferença do suporte esteja sendo concedida por bancos estrangeiros.
Certamente, acreditamos, até o Banco Central do Brasil tivesse expectativa de fluxo cambial mais volumoso e deve estar mantendo esta expectativa pelo que não ofereceu linhas adicionais de financiamento em moeda estrangeira por continuar vislumbrando esta perspectiva.
Para este quadro e observando-se também o mercado futuro pode-se considerar que a taxa cambial no entorno de R$ 3,76/R$ 3,77 é bastante confortável para o contexto atual e até admitir que se o fluxo cambial tivesse confirmado a expectativa estaria num patamar bem abaixo, quem sabe no entorno de R$ 3,50/R$ 3,55.
O contexto sugere o entendimento que os investidores estrangeiros estão agindo com mais sensatez do que os investidores nacionais e, assim, retardam suas decisões de investimentos até ver a efetiva materialização das medidas, como reforma da previdência e tributária, que vem sendo exaustivamente propagadas pelo novo governo.
Embora o déficit em transações correntes do Brasil tenha dobrado em 2018 atingindo 0,77% do PIB, tendo sido 0,35% em 2017, como consequência de desempenho menor do comércio exterior, este nível ainda é bastante confortável e não deve ter repercussão maior.
Afinal a questão da crise fiscal é crucial para o país e suas perspectivas de soluções precisam se materializar, pois é um divisor nas expectativas, pois se o governo conseguir aprová-las quebra as amarras para o desenvolvimento, embora seja fundamental que se conheça a formatação de ambas as reformas e se tenha uma prévia sobre a viabilidade de aprovação, que pode inclusive sofrer postergação pela ocorrência de embates e debates políticos no novo Congresso.
Então é preciso admitir-se que o fluxo de recursos externos para o país poderá ocorrer um pouco mais adiante e não tão imediato como o mercado sinalizou acreditar.
Se isto ocorrer é bastante provável que o preço da moeda americana tenha apreciação frente ao real, para depois, se o fluxo esperado se confirmar, sofra depreciação até R$ 3,50/R$ 3,55.
O ambiente persiste de otimismo, mesmo com as críticas ao Presidente Bolsonaro por seu discurso em Davos, que entendemos que foi objetivo, mas a postura e fala do Ministro Paulo Guedes tem estado em linha absoluta com as perspectivas do mercado financeiro.
O Boletim FOCUS tem apresentado indicativos em linha de estabilidade, com discretos ajustes, porém devemos considerar que todos indicativos são muito prematuros, visto que há muitos fatores de impacto na trajetória que deverão promover melhor formação de expectativas.
É preciso começar a acontecer na prática o que tem sido enfatizado nas falas e discursos, para que do otimismo haja evolução para resultados consequentes.