Que o preconceito é uma porcaria em todos os aspectos da vida eu acredito que seja (quase) um consenso. Acho que estamos evoluindo cada dia mais como humanidade no reconhecimento e formas de lidar com os preconceitos inúteis que ainda nos rodeiam.
Sendo uma pessoa preconceituosa, você talvez esteja deixando de lado experiências pessoais, profissionais e de todo o tipo, que provavelmente dariam mais perspectiva à sua vida e facilitariam a nossa tão árdua busca pela felicidade cotidiana.
Quando o assunto é o seu dinheiro, o preconceito também pode fazer você perder ou deixar de ganhar muito. O preconceito contra novos ativos e novas formas de operar pode estar fazendo você deixar de desenvolver habilidades ou o seu portfólio, por exemplo.
Estamos vendo o bitcoin decolar nos últimos tempos e fazer muitos gestores famosos e sabichões ficarem chupando o dedo. Tão apegados ao padrão-ouro que já caiu faz anos, os economistas mais conservadores nos diriam que, se não serve como meio de troca e reserva de valor, o bitcoin não é moeda e, por isso, não teria valor.
Bem, a realidade insiste em nos provar o contrário. Com valorização de 115% em dólares e de 171% em reais nos últimos 12 meses, o Bitcoin deixou tanto o ouro - que muitos usam como proteção de carteira - como o dólar para trás, com valorizações de 25% e 26% em 1 ano.
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O mesmo aconteceu com as ações de tecnologia que, no início do boom, eram contestadas por analistas mais adeptos ao valuation “clássico”, desenvolvido em uma época passada e que talvez já não capture tão bem as novas tendências. Estes mesmos conservadores viram subir nas suas caras nomes como Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34), Magazine Luiza (SA:MGLU3) e Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34) e viram seus múltiplos altos ficarem cada vez maiores, como consequência de uma aposta dos participantes do mercado nas tendências do futuro e, claro, de uma contribuição da pandemia e da injeção liquidez, além de uma boa dose de fluxo investindo com FOMO (Fear Of Missing Out) - mas não podemos deixar as finanças comportamentais de lado na hora de investir.
Este é um desafio para nós, analistas e gestores, conforme ficamos velhos. Temos de valorizar nossa experiência, mas também reavaliar algumas visões antigas que foram bem cimentadas em nossas mentes. Temos de nos descontruir, para usar um termo da moda quando o assunto é preconceito.
Se você se apegar demais a padrões antigos, provavelmente ficará para trás, não só na mentalidade como nos seus investimentos, já que o mercado de capitais é um mercado que muda na velocidade da luz.
Quando for negar algo logo de cara, minha sugestão é: questione-se, estude e experimente, ainda que com cautela e, principalmente, pense por conta própria, uma vez que nem sempre o pensamento e entendimento de outra pessoa sobre a realidade será o melhor para sua vida, já que todos temos ainda alguns preconceitos e vieses pessoais.
Se você quer mesmo diversificar, por que não, além do ouro e do dólar para proteger sua carteira, colocar ativos na ponta contrária, como uma criptomoeda?
Se você gosta de ativos de múltiplos baixos, bons pagadores de dividendos, como setor elétrico e concessões, porque não temperar sua a carteira com uma pitada de distressed assets (empresas em turnaround) ou de altíssimo crescimento com múltiplos mais elevados, para contrabalançar?
No fim das contas, a alocação e os outliers podem fazer sua carteira andar mais e, ao mesmo tempo, protegê-la, como uma VERDADEIRA diversificação deve fazer.
E a verdadeira diversificação é livre de preconceitos.