Com o processo de queda da taxa de juros, a Selic alcançou incríveis 6,50% ao ano, patamar nunca visto antes em terras tupiniquins. Esse é um importante ponto de transformação na forma de se investir no Brasil.
O tradeoff entre renda fixa e renda variável está cada vez mais presente no nosso dia-a-dia e sair da comodidade e baixa rentabilidade (atual) dos investimentos atrelados à Selic já é algo mais natural.
Acreditamos que o processo de aumento da alocação de investimentos em ações já está acontecendo, independente do perfil do investidor, o que resulta numa participação maior do caixa destinado a equities. Os investidores começaram a entender que o risco é necessário e que não é necessariamente ruim.
Aqui neste momento reforço que o investimento em ações, sem uma estratégia definida, pode não ser a melhor forma de investir a parcela do seu patrimônio em ações. É preciso sempre ter uma estratégia em mente e conhecer os riscos envolvidos.
Antes de estruturar a sua carteira, recomendo dividir os seus investimentos em ações conforme as estratégias e diversas subcategorias que você goste: entre elas destaco a Buy and Hold, Value Investing, Long and Short, Equity Hedge e Dividendos. As proporções de cada estratégia na sua carteira eu vou deixar por sua conta e de acordo com o perfil de risco.
Neste nosso primeiro encontro, começaremos por ações pagadoras de dividendos. O que mais me faz gostar de ações pagadores de dividendos é que, com a redução dos juros, os proventos pagos por empresas maduras e já consolidadas no mercado podem ser maiores que o CDI - isso sem considerar a isenção tributária dos dividendos e o potencial de valorização.
Não consigo entender o porquê de grande parte pessoas não terem ações na carteira.
De forma análoga ao índice Ibovespa, temos o Índice de Dividendos (IDIV), que reúne as maiores empresas pagadoras de dividendos com capital aberto na Bolsa. Uma figurinha carimbada, quando se fala em dividendos, é a Itaúsa (SA:ITSA4), que ocupa a terceira maior participação com 6,85% do IDIV.
A Itaúsa (ITSA4) é uma holding cujo objetivo é possuir participações em outras empresas. Ela detém o controle e possui a maioria das ações negociadas em Bolsa do Banco Itaú Unibanco (SA:ITUB4), Duratex (SA:DTEX3) e Alpargatas (SA:ALPA4), para citar somente as mais importantes.
Guardada as devidas proporções, a Itaúsa pode ser considerada a Berkshire Hathaway brasileira (aquela do sábio de Omaha, Warren Buffet), pois o foco da empresa é a geração de valor para os acionistas através de participações em empresas com histórico consistente de rentabilidade (ROE) e alto fluxo de dividendos.
A Itaúsa gera uma combinação de sucesso ao aliar o alto pagamento de dividendos com um ótimo potencial de valorização, segundo a óptica do Value Investing. Por isso, a recente queda da cotação das ações pode ser um ótimo ponto de entrada.
O forte resultado do primeiro trimestre de 2018 do banco Itaú (ROE de 22,2%) demonstra que os fundamentos da Itaúsa continuam sólidos, pois 97% do resultado da Itaúsa veio do setor financeiro em 2017. Na prática, comprar ações da Itaúsa é comprar ações do Itaú com desconto, um retorno esperado de mais de 4% líquidos em dividendos e uma exposição aos setores financeiros e industrial.
A sua carteira de dividendos deve ser sempre comparada com o IDIV e não com o Ibovespa, dadas as composições distintas dos índices. Para ver a composição completa do Índice de Dividendos acesse o link.
Nos próximos encontros, vou falar mais sobre as demais subcategorias de ações e outros investimentos interessantes.
Um forte abraço,
Felipe Bevilacqua