🍎 🍕 Menos maçãs, mais pizza 🤔 Já viu recentemente a carteira de Warren Buffett?Veja mais

Giro das Commodities: Tragédia no RS e a independência do padrão-ouro do USDA

Publicado 06.05.2024, 10:00
ZS
-
ZC
-
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) tem mais uns dias para aceitar as perdas que o Brasil vai relatar da soja com o catastrófico dilúvio que toma conta do Rio Grande do Sul ou ponderar suas próprias estimativas menores no relatório global de oferta e demanda (o WASDE) a sair dia 10.
 
A severa seca do segundo semestre no Brasil Central foi praticamente ignorada.
 
O que restou demonstrado na semana passada, quando as enchentes foram ganhando volume a partir do dia 1º, é que desta vez os participantes do mercado futuro na CBOT, em Chicago, podem começar a ficar mais independentes do chamado “padrão-ouro” das estimativas – o USDA.
 
A crise que submergiu os campos gaúchos – e devastou a população e a infraestrutura do Estado -, foi sensivelmente sentida nos preços que explodiram da soja em todos os vencimentos, todos os dias desde o feriado. Mais evidenciados na quinta-feira, também contando com algumas chuvas sobre o plantio dos EUA.
 
Só contrato maio, o mais líquido, saiu de US$ 11,45/bushel no dia 30 e fechou a sexta em US$ 12,01, num momento no qual o mercado começou a se assustar que os prejuízos para a soja gaúcha podem descompensar a oferta da Argentina. 
 
Entre fim de setembro e começo de novembro de 2023, errado o órgão americano, errado o mercado, quando foi a vez da severa estiagem e calor, no Centro-Oeste e Sudeste, o primeiro mal tirava uns pontinhos das previsões e o segundo pouco e nada precificava.
 
Enfim, de 162/164 milhões de toneladas brasileiras lá no início da temporada 23/24, o último WASDE, de abril, bateu em 155 milhões/t, contra várias estimativas brasileiras até menores que as da Conab, cujo último resultado foi de 146,5 milhões/t.
 
Os fundos que especulam e as tradings que fazem hedge na Bolsa de Chicago se acreditavam – piamente - ou não no USDA é outra história, mas enxergavam a volta forte da Argentina na safra atual anulando qualquer ‘quebrinha’ brasileira. O país de Javier Milei saiu de uma quebra que resultou em 22 milhões de toneladas para podendo chegar ao seu normal – de 48 a 50 milhões de toneladas agora.
 
Na pior das hipóteses, os argentinos entregarão no mínimo 20 milhões de toneladas a mais, depois de uma safra boa, na maior parte do tempo sob chuvas.
 
Mas eis a tragédia do Rio Grande do Sul que tem tudo para mudar o cenário, que, diga-se, vinha de pressão ainda maior porque o plantio 24/25 nos EUA está acelerado e o clima não dá mostras de estresse nas próximas semanas. 
 
O Estado, segundo na soja, tinha previsão de 22 milhões/t, uma safra cheia e animadora, depois de temporadas anteriores sofrendo com a seca. Agora, se abre a semana atual com perspectiva de que o quadro possa chegar a 20% menor – ou mais, a depender da contabilização mais precisa ou se os temporais seguirem (como parecem que voltarão).
 
Tem muita soja encharcada, apodrecendo (ardida) em campos que ainda restam em torno de 40% a ser colhida, sem falar em máquinas e infraestrutura das fazendas e cooperativas danificadas dificultando colheita e pós-colheita. Além da urbana e viária atrasando transporte e escoamento.
 
Qualquer coisa que beire cerca de 4 a 5 milhões a menos, já é mais que meio Paraguai. 
 
Num quadro em que possa ter um pouco a menos de soja na Argentina, que também veio com algumas reduções das bolsas de cereais locais – embora sofrendo menos com a umidade que o milho -, o mercado voltou a balançar e pode ficar deslocado do USDA se este vier no próximo relatório ainda conservador.
 
E com muito chão para a soja americana se desenvolver pela frente, até o começo da colheita, em fins de agosto, os preços podem ganhar tração – salvo os ajustes pontuais, como desta segunda (6)
 
Para os gaúchos, porém, não resta muito consolo: não adianta ter preço melhor se não há produto.

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.