Acumulam-se notícias que de fato o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, deve assumir o Ministério da Fazenda a partir de janeiro de 2023. Essa escolha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de desagradar parte do mercado, reforça ao meu ver a perspectiva de que o governo petista não fará grandes experimentalismos no campo econômico.
A razão para isso é simples. É público e notório o esforço de Lula em empoderar Haddad e fazer deste seu sucessor direto já em 2026, uma vez que a idade avançada do presidente deve frustrar a perspectiva de um segundo mandato.
Para além da idade, vale notar que, se o ex-prefeito de São Paulo for candidato à presidente, precisará muito da ajuda de Lula como principal cabo eleitoral.
Se isso é verdade, é evidente também que Lula não irá arriscar mais que o necessário na agenda econômica, uma vez que poderia queimar sua grande aposta para resgatar ao PT o protagonismo num governo que tem um leque bem grande de alianças, e que poderia gerar muitos “herdeiros” de um eventual sucesso do próximo governo, embolando assim a disputa de daqui a quatro anos.
Isso não quer dizer que irá dar certo a estratégia e que o país vai necessariamente crescer, mas quer dizer que Lula está sinalizando que o prêmio de risco nos juros está fora do lugar.
Corrobora com essa percepção notícia de hoje que o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi sondado para um eventual segundo mandato na autoridade monetária. Se for confirmada a sondagem, é mais um sinal do centrismo econômico de Lula e mais uma vez sugere receios exagerados do mercado.
Ao que tudo indica, o presidente eleito já está jogando uns quatro anos na frente.