Integração de IA em dispositivos redefinirá futuro da Apple?

Publicado 11.02.2025, 09:56

Sem dúvida, as gigantes da tecnologia ainda enfrentam desafios na implementação da inteligência artificial. O Gemini AI, da Alphabet, teve um desempenho tão questionável que Elon Musk descreveu seu funcionamento interno como um exemplo de programação "insana, racista e contrária à civilização". O Copilot, da Microsoft, apresenta dificuldades de integração, conforme apontado pela pesquisa da Gartner em outubro, que mostrou que a maioria dos funcionários tem problemas para incorporá-lo às suas rotinas diárias.

Mais recentemente, em janeiro, Rohit Prasad, chefe de IA da Amazon (NASDAQ:AMZN), afirmou ao Financial Times que as confabulações da IA ainda são um problema sem solução definitiva no setor. A Apple (BVMF:AAPL34) (NASDAQ:AAPL) também não está imune a essas falhas, tendo interrompido seu recurso de alertas de notícias gerados por IA em meados de janeiro.

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Isso gerou preocupações, pois a Apple Intelligence é vista como um dos principais diferenciais para atrair novos clientes. Essa estratégia ficou evidente com o foco em inteligência artificial nos modelos "Pro", a partir do iPhone 15 Pro e Pro Max. Na pesquisa da SellCell realizada em dezembro, grande parte dos usuários demonstrou insatisfação, com 73% afirmando que os recursos de IA não agregam valor significativo à experiência com o iPhone.

Mesmo assim, o avanço da IA ocorre de forma acelerada e tende a evoluir. Com o lançamento do iOS 18.3 e do macOS Sequoia (BVMF:SEQL3) 15.3 em 27 de janeiro, a Apple passou a ativar os recursos de IA por padrão, com exceção do resumo de notícias que foi descontinuado.

Agora que as otimizações da DeepSeek estão disponíveis no modelo de código aberto, há mais espaço para a Apple oferecer soluções de IA embarcada nos dispositivos. Embora a empresa seja vista como retardatária no setor, a realidade é que todos ainda lidam com desafios técnicos semelhantes. Nesse contexto, a estratégia de aguardar antes de adotar uma abordagem agressiva pode ter sido acertada.

A abordagem cautelosa da Apple pode ser vantajosa

Enquanto a Microsoft (BVMF:MSFT34) (NASDAQ:MSFT) aposta nos modelos de linguagem da OpenAI e a Meta (NASDAQ:META) (NASDAQ:META) se concentra na família de modelos Llama, a Apple tem desenvolvido Modelos de Linguagem Multimodal (MLLMs), iniciando com o MM1 em sua fase de pré-treinamento.

As variantes do MM1 podem alcançar até 64 bilhões de parâmetros, enfatizando a interpretação de imagens e a combinação de dados visuais e textuais. Essa abordagem faz sentido, pois a Apple Intelligence pretende utilizar principalmente o hardware dos dispositivos. Além disso, a empresa adquiriu a startup DarwinAI, especializada em modelos de IA menores e mais eficientes.

Entre as gigantes da tecnologia, a Apple tem sido a que menos investe em inteligência artificial. Em 2023, o gasto anual com IA foi de aproximadamente US$ 10 bilhões, totalizando cerca de US$ 20 bilhões entre 2019 e 2024.

Ainda assim, os investimentos seguem uma estratégia mais abrangente, começando pelo novo chip M5, que utiliza o avançado processo de fabricação de 3 nanômetros (N3P) da TSMC. Além do M5, chips mais eficientes processarão tarefas de IA de forma complementar ao processamento em nuvem, com o primeiro chip de servidor para IA da Apple sendo desenvolvido em parceria com a Broadcom (BVMF:AVGO34) (NASDAQ:AVGO). Com o codinome Baltra, esses chips devem estar operacionais até 2026.

Essa infraestrutura de hardware representa a base para a IA generativa embarcada nos dispositivos. Já as otimizações da DeepSeek constituem a base de software, que pode ser utilizada sem custos pela Apple. Afinal, o DeepSeek-R1 possui uma licença MIT, permitindo uso comercial, modificação e distribuição.

Em outras palavras, a decisão da Apple de adotar uma estratégia mais observadora, em vez de seguir os passos da Meta, da Alphabet (BVMF:GOGL34) (NASDAQ:GOOGL) e da Microsoft, pode ter sido prudente. Enquanto a Apple pode integrar modelos como a DeepSeek de acordo com seus próprios critérios, a Microsoft precisa pagar pelos serviços da OpenAI.

Por que a IA embarcada nos dispositivos é superior?

Mesmo antes do boom da inteligência artificial impulsionado pelo ChatGPT, a Apple já havia iniciado investimentos nessa tecnologia a longo prazo. O primeiro grande passo foi o chip A11 Bionic, lançado em 2017 com o iPhone X, desenvolvido especificamente para o processamento de algoritmos de aprendizado de máquina. O novo M5 representa uma evolução significativa em relação àquela Unidade Neural de Processamento (NPU), sendo projetado para aprimorar reconhecimento de imagens, aprendizado de máquina embarcado, reconhecimento de voz, processamento de linguagem natural, tradução e outras funções de IA.

Por sua própria natureza, essas tarefas são mais eficientes quando processadas diretamente no dispositivo. Além de uma resposta mais rápida, sem latência causada por servidores congestionados, a Apple pode garantir maior privacidade. Com o uso contínuo, a IA embarcada tende a se tornar ainda mais precisa, sem comprometer os padrões de privacidade esperados pelos usuários da marca.

Além disso, para que a IA opere em tempo real, é essencial reduzir a dependência da infraestrutura em nuvem. Esse modelo descentralizado pode oferecer uma vantagem competitiva relevante, já que tanto Alphabet quanto Microsoft continuam a depender de suas caras infraestruturas de nuvem.

"Se há algo que valida a estratégia da Apple Intelligence, é o modelo reduzido da DeepSeek, pois ele reforça a abordagem da Apple de priorizar IA local embarcada, cada vez mais integrada à tecnologia de borda."

— Thomas Husson, vice-presidente e analista principal da Forrester, em entrevista à Fortune.

Ainda assim, até que o chip de servidor de IA da Apple entre em produção e as confabulações da IA sejam minimizadas, os usuários terão que se contentar com a parceria da empresa com a OpenAI.

Considerações finais

As limitações técnicas atuais da inteligência artificial levaram a Apple a adotar uma postura mais cautelosa, e essa decisão parece justificada. Enquanto isso, a empresa tem preparado o terreno para modelos de IA mais eficientes e compatíveis com seu futuro ecossistema de hardware.

Enquanto a participação da Alphabet no mercado de smartphones permanece pequena, a empresa lançou os Pixel 9 equipados com o chip Tensor G4, que já demonstra dificuldades para competir com outros dispositivos. Além disso, o Gemini segue apresentando inconsistências.

Ainda é incerto se a Alphabet conseguirá superar as limitações que afetam o treinamento de seus modelos de IA. Por outro lado, a concorrência real da Apple no segmento de IA embarcada virá de fabricantes como Samsung (KS:005930) e empresas chinesas. A Huawei planeja lançar o chip otimizado para IA 910C já no primeiro trimestre de 2025.

Como a DeepSeek tem origem chinesa, não está descartado que fabricantes asiáticos possam sair na frente na corrida pela IA no longo prazo. Esse é um dos principais fatores que levaram os Estados Unidos a intensificar as restrições de exportação antes da posse do presidente Donald Trump.

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