Bom dia Investidores,
Ontem o Ibovespa caiu 1,41% e fechou aos 102.654 pontos, com um giro financeiro de R$ 17,4 bilhões, acima da média do mês, o que não é um bom negócio.
Essa queda foi puxada pelo cenário externo mais negativo, com o discurso de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu(BCE) que mostrou pouca preocupação com uma desaceleração econômica, ao dizer que na reunião de ontem sobre política monetária, não foi citado nada sobre derrubar taxas de juros ou retomada do programa de compra de ativos, o quantitative easing(QE).
Isso acabou contaminando os mercados, já que temos reunião do FOMC e do Copom semana que vem, e podem ser influenciados por essa falta de senso de urgência para estímulos econômicos, dessa forma os cortes nas taxas de juros podem ser menores. A tendência é um corte de 0,25% nos EUA e 0,50% aqui no Brasil, mas algumas notícias ou declarações como estas podem pesar durante a reunião dos comitês.
Além do mau humor externo, os bancos tiveram um péssimo dia na bolsa, e acabaram pesando bastante na queda do índice, apesar do balanço do Bradesco (SA:BBDC4) vir bastante positivo.
O lucro líquido recorrente do banco foi de R$ 6,4 bilhões no segundo trimestre, valor 25,2% maior do que o mesmo período do ano passado, porém apesar desse ótimo resultado, as ações despencaram 5,82%, sendo a maior queda do índice ontem. Muitas foram as explicações para essa queda entre os analistas, desde realização de lucro, já que a ação vem subindo desde maio, outros apontaram o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 20,6 como baixo, atrás do 21,3 divulgado pelo Santander (SA:SANB11), porém o grande consenso foi de que o mercado esperava ainda mais.
Esse é um dos maiores pilares da bolsa, ela vive de expectativas, logo você ganha mais com uma ação que reportou prejuízo, porém um prejuízo abaixo do esperado, do que uma ação que teve um ótimo lucro, porém abaixo do esperado. A precificação ocorre sempre antes, por isso é sempre importante ficar firme nos fundamentos da empresa para não se assustar com essas quedas fortes. Por exemplo, eu como analista não vejo motivos para essa queda forte do Bradesco(BBDC4).
Essa queda acabou puxando os outros bancos, o Itaú(SA:ITUB4) que divulgará o balanço semana que vem caiu 3,08%, o Banco do Brasil(SA:BBAS3) caiu 4,22% e o Santander(SANB11) recuou 2,02%. Na contramão, o Banco Inter(SA:BIDI4) subiu 0,94%.
Falando em balanços, a Ambev(SA:ABEV3) subiu 8,51% sendo a maior alta do Ibovespa, após apresentar um balanço com lucro líquido no segundo trimestre de R$ 2,7 bilhões, números que ficaram bem acima das expectativas.
As ações da Petrobras (SA:PETR4) também pesaram para a queda do índice, recuando 1,68%, destoando da leve que do preço do barril de petróleo. Assim como as ações da Vale(VALE3 (SA:VALE3)) recuaram 0,32%, mesmo com o preço do minério de ferro voltando a subir forte.
Além da Ambev, subiram forte Pão de Açúcar(SA:PCAR4) com alta de 5,57%, e Hypera(SA:HYPE3) subindo 2,33%.
Na parte de baixo, conforma já citadas, as maiores baixas do Ibovespa foram das ações do Bradesco, Itaú e Banco do Brasil.
Com essa pressão no cenário externo, o dólar voltou a subir e chegou a voltar a R$ 3,80, pressionado pelo BCE menos dovish, ou seja, menos disposto a cortar juros, dessa forma vem menos dinheiro para os países emergentes. O dólar acabou voltando um pouco e fechou com alta de 0,34% aos R$ 3,78, já o euro subiu 0,48% aos R$ 4,22.
Os DIs também foram pressionados, voltando a subir após vários dias de queda. O DI jan 2021 subiu de 5,41% para 5,46% enquanto o DI jan 2025 subiu de 6,84% para 6,90%. Apesar dessa alta, deve haver um corte na taxa Selic na próxima reunião, porém as apostas hoje estão divididas em um corte de 0,50%, que ainda é maioria, ou um corte de apenas 0,25%.
Na agenda hoje teremos as 14h30 o Tesouro divulgando as contas do Governo Central, que deve apresentar déficit. Já no calendário de resultados teremos Usiminas (SA:USIM5) antes da abertura e Hypera após o fechamento.
Indo para os Estados Unidos o dia foi de queda, já que o FED pode se contaminar com o discurso de Mario Draghi e cortar menos juros do que se espera.
O Dow Jones recuou 0,47%, o S&P500 caiu 0,53% e o Nasdaq caiu 1,00%.
Além do BCE, pesou os dados mais positivos do que o esperado de encomendas de bens duráveis nos EUA, subindo 2%, enquanto o mercado esperava 1%, com esse dado mais positivo, o FED tende a cortar menos juros, já que os dados econômicos estão indo bem e não necessitam de mais estímulos.
Porém hoje será divulgado o PIB do segundo trimestre nos EUA às 9h30, que deve mexer com o mercado logo cedo. A tendência é de uma desaceleração no crescimento norte-americano.
No calendário de balanços por lá, teremos McDonald’s e Twitter antes do pregão iniciar. Falando em balanço, Intel (NASDAQ:INTC) e Google (NASDAQ:GOOGL) dispararam no after market por conta de seus resultados divulgados após o fechamento do pregão. Logo devem ajudar a Nasdaq a recuperar parte da queda de ontem.
Indo para a Europa as bolsas abriram em alta, com Frankfurt subindo 0,37%, Londres subindo 0,38% e Paris subindo 0,33%. A exceção é Madri recuando 0,78%. Já as bolsas asiáticas fecharam em queda, com Tóquio caindo 0,45%, Hong Kong caindo 0,69% e Seul recuando 0,40%. A exceção é Shanghai que subiu 0,24%.
O preço do barril de petróleo voltou a subir levemente, ainda confiando em uma avanço nas negociações comerciais entre China e EUA, que podem elevar a demanda pela commodity em caso de um desfecho positivo. O WTI subiu 0,25% fechando em US$ 56,02, enquanto o Brent subiu 0,33% e fechou aos US$ 63,99.
As criptomoedas estão em baixa nas últimas 24 horas, porém estão positivas na semana. O bitcoin está caindo 2,81% em 24 horas, assim como a ethereum está recuando 2,66% e a ripple caindo 1,51% no mesmo período. Já em 7 dias, todas estão em alta, bitcoin subindo 3,08%, ethereum subindo 2,87% e ripple subindo 1,31%.
Para finalizar o IFIX caiu 0,11%. O grande destaque entres os fundos imobiliários foi o Kinea II Real Estate Equity FII(SA:KNRE11) que subiu 5,09%.
Ótima sexta e bons negócios!
Por Fabio Louzada – Eu me banco!
Analista de Valores Mobiliários (CNPI nº 1888)
Acorda Mercado – Ano II, Edição 217