Os mercados globais entram na primeira semana de junho sob forte expectativa de volatilidade, em meio à renovação das tensões comerciais entre Estados Unidos e China e uma agenda econômica intensa. As declarações do ex-presidente Donald Trump, acusando Pequim de violar um acordo comercial preliminar, reacenderam o risco de tarifas, elevando o clima de incerteza nos mercados financeiros.
Destaques nos Estados Unidos: Emprego, PMIs e Fed
Nos Estados Unidos, os investidores estarão atentos a uma série de dados econômicos cruciais. O relatório de empregos (payroll) de maio é o grande destaque, com expectativa de criação de 130 mil postos de trabalho o menor avanço em três meses e manutenção da taxa de desemprego em 4,2%. O crescimento salarial anual pode desacelerar levemente para 3,7%.
Além disso, os índices de atividade ISM para indústria e serviços devem reforçar a narrativa de desaquecimento no setor manufatureiro, enquanto os serviços mantêm crescimento moderado. Também ganham relevância os dados de JOLTS (abertura de vagas), ADP, pedidos à indústria e balança comercial. Membros do Federal Reserve também farão discursos ao longo da semana, podendo fornecer novas pistas sobre os rumos da política monetária.
Canadá, Brasil e América Latina
O Banco Central do Canadá (BoC) deve manter os juros inalterados, enquanto o país publica sua taxa de emprego e os PMIs da S&P Global e Ivey. No México, os índices de confiança empresarial e do consumidor ganham destaque. Já no Brasil, serão divulgados os dados da produção industrial, da balança comercial e os PMIs da S&P Global.
Europa: Corte de Juros e Dados de Inflação
O Banco Central Europeu é amplamente esperado para cortar sua taxa básica em 25 pontos-base, o primeiro movimento de afrouxamento em anos. A decisão ocorre em meio à desaceleração da inflação, com projeção de 2,1% no índice cheio da zona do euro, e 2,5% no núcleo.
Na Alemanha, espera-se queda de 0,5% na produção industrial, após um salto de 3% em março. França pode registrar alta industrial pelo terceiro mês seguido. O desemprego na zona do euro deve permanecer em 6,2%, com aumento esperado na taxa italiana. Outros destaques incluem o PIB da Suíça, inflação na Turquia, dados de comércio exterior da França e varejo na Itália.
Ásia-Pacífico: PIB da Austrália e PMI da China
Na Ásia, o PMI oficial da China deve apontar nova contração no setor industrial em maio, enquanto o Caixin pode mostrar leve melhora. Nos serviços, ambos os índices devem indicar expansão. O Banco Central da Índia (RBI) deve cortar a taxa repo pela terceira reunião consecutiva, sustentado por baixa inflação.
A Coreia do Sul divulgará inflação e balança comercial, enquanto o Japão traz dados de gastos das famílias e investimentos do 1º tri. A Austrália, por sua vez, deve confirmar bom desempenho no PIB do primeiro trimestre, com previsão de superávit comercial em abril, mesmo diante da volatilidade nos preços de commodities.
Logo a semana começa com os mercados atentos à escalada das tensões geopolíticas e aos sinais de desaceleração econômica em diversas frentes. Em meio à expectativa por cortes de juros na Europa e na Índia, dados de emprego e atividade nos EUA terão papel central na definição do humor global. Os investidores devem se preparar para oscilações, especialmente nos setores mais sensíveis a mudanças nas taxas de juros e no comércio internacional.