A Semana do Açúcar no Brasil (Sugar Week) foi bem festiva, com vários seminários, eventos em profusão com destaque para o Seminário da Datagro, culminando no Jantar de Gala do Sugar Club. O que se viu em todo o lugar foram participantes em grande espírito. O ambiente descontraído das festas e reuniões serviu de contraponto para um mercado mundial que permanece dando de ombros para os fundamentos construtivos vindos do Brasil.
A 10ª edição do Sugar Dinner Brasil, realizada em São Paulo, contou com a presença de 804 convidados, sob a direção do Presidente do Sugar Club do Brasil, Rui Sabino (que passa o bastão para Carlos Franco no final do ano), destacando o homenageado da noite, Doutor Plinio Nastari, pelo discurso inspirador e apaixonado que emocionou a todos.
Enquanto isso, em NY, o mercado de açúcar teve ligeira melhora na semana, com o vencimento março de 2020 encerrando a sexta-feira cotado a 12.48 centavos de dólar por libra-peso, uma alta de menos de 3 dólares por tonelada em relação ao fechamento da semana anterior. Os demais vencimentos que refletem a safra 2020/2021 no Centro-Sul fecharam ao redor de 4 dólares por tonelada de alta. O volume caiu bastante, mesmo porque grande parte das cabeças pensantes estavam em trânsito para o Brasil ou ocupadas com visitantes e reuniões de negócio.
Os fundos, de acordo com dados do CFTC publicados com base na terça-feira passada, reduziram a posição total vendida em apenas 7,862 lotes. Ainda carregam 195,086 lotes vendidos a descoberto. No mesmo período, o mercado variou apenas 16 pontos. Em tese, para zerar essa imensa posição, os fundos fariam o mercado subir 400 pontos!!!! Não é bem assim.
As vendas totais de etanol por parte das usinas, para o mercado interno e externo, hidratado e anidro, no Centro-Sul, segundo números da UNICA acumulam até a primeira quinzena de outubro 18.56 bilhões de litros versus 16.59 bilhões de litros do mesmo período do ano passado. Quase 2 bilhões de litros de diferença em seis meses e meio de safra.
O consumo de combustíveis Ciclo Otto no acumulado do ano, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), cobrindo o período de janeiro a setembro de 2019, cresceu 3.59% em relação ao mesmo período do ano anterior. O consumo do etanol hidratado cresceu 22.88%. E se a economia crescer mais do que o esperado?
Por exemplo, no evento promovido pela Santos Neto Advogados, iniciando a Sugar Week, a palestra proferida economista Ricardo Amorim veio carregada de otimismo para com a economia brasileira nos próximos anos. Amorim acredita que o Brasil vai entrar num ciclo positivo. Para ilustrar a sua tese, ele apresentou um gráfico desde 1900 mostrando o crescimento médio do PIB a cada três anos e constatando que toda a vez que o PIB médio de três anos despencava alguma ruptura política se estabelecia e depois dela, o crescimento da economia atingia patamares superiores a 5%.
Nos quase 120 anos cobertos pelo estudo, em seis vezes o tal fenômeno foi observado. Em 1930, PIB negativo com a queda da Bolsa de NY, assume a ditadura de Getúlio Vargas (PIB cresce acima de 7.5% dois anos depois); em 1945, PIB menor que 1%, queda da ditadura de Vargas e o em 2-3 anos crescimento do PIB em 7%. Depois em 1964, com a economia encolhendo, João Goulart é deposto e assumem os militares. O crescimento econômico explode com taxas acima de 7% vários anos. Em 1982, no governo Figueiredo, nova ruptura. PIB negativo, final da ditadura dos militares, Brasil entra no processo de redemocratização e o PIB cresce acima de 5%. Início dos anos 90, PIB negativo, nova ruptura, impeachment do presidente Collor e 2-3 anos após, novo crescimento acima dos 5%. Finalmente, em 2015/2016, a maior queda do PIB da história da economia brasileira, no governo Dilma Rousseff, com nova ruptura política. A questão aqui é se os próximos anos serão ou não de vigoroso crescimento econômico brasileiro.
O déficit mundial de açúcar sobe com a safra indiana menor do que anteriormente prevista. Tailândia, embora com estoques altos, tem uma menor produção adiante. Europa também reduz a safra e o Centro-Sul vai depender da paridade entre açúcar e etanol. Esses pontos dominam as discussões das estratégias comerciais para o próximo ano. Na Índia acredita-se que para poder exportar açúcar além das três milhões de toneladas que todo mundo fala, o mercado futuro em NY terá que negociar próximo dos 14 centavos de dólar por libra-peso. Aqui, muitos apostam que para a usina considerar uma eventual alteração no mix atual o mercado precisaria ir para 13.50 centavos de dólar por libra-peso.