Recentemente, recebemos perguntas de investidores sobre a Natura & Co (SA:NTCO3). Os ativos da empresa desvalorizaram -53,6 por cento nos últimos 12 meses, até a data de fechamento do dia 18 de fevereiro.
Com isso, surgiu uma questão natural sobre o ponto de entrada e vamos esclarecê-la agora com a ajuda do analista Fabiano Vaz.
Sinergias com Avon
A Natura & Co concluiu a compra da Avon Products (NYSE:AVP) em janeiro de 2020. O negócio criou o quarto maior grupo de beleza do mundo e, naquela época, o grupo se preparava para acelerar sua expansão geográfica, o que incluía nada menos do que dar os primeiros passos na China.
No auge do estresse da pandemia, tudo ficou mais difícil. Isso porque o ambiente inflacionário e a deterioração da renda do consumidor impactaram os negócios.
Os investidores ficaram preocupados com a queda nas vendas, especialmente no Brasil, onde as vendas em reais das marcas Natura e Avon despencaram -16,5 por cento e -18,4 por cento, respectivamente, no terceiro trimestre ante o mesmo período de 2020.
Além de todos os desafios da pandemia, o grupo teve dificuldades para integrar as operações da Avon.
Basicamente, o modelo comercial da Avon apostava em preços mais acessíveis e focava no aumento de revendedoras, principalmente por meio de premiações de viagens e carros (como incentivo) para trazer novas revendedoras e, no modelo comercial da Natura, a empresa mudou o nome da força de vendas para “representantes da beleza Avon” e passou a considerar (como métrica de sucesso) o aumento do faturamento.
Perspectivas para 2022
Olhando para 2022, a companhia deve seguir pressionada devido às pressões de custos nos dois primeiros trimestres, porém a expectativa de crescimento é forte a partir do segundo semestre, refletindo o novo modelo de negócio e sinergias com a marca Avon.
Além disso, a empresa parece estar pronta para voltar a crescer e reduzir a exposição no Brasil e na América Latina com a operação global da Avon.
Visão
Enxergamos que Natura e Magalu (SA:MGLU3), de uma maneira geral, sofreram mais com a freada brusca no consumo e com os riscos do setor, como desaceleração nas vendas e inflação.
No cenário conservador, com base no guidance, a expectativa é de que o Lucro Operacional (EBITDA) aumente +13 por cento em 2022. Estimamos um EBITDA médio de +25 por cento ao ano até 2024.
Com isso, destacamos que a Natura está negociando a 12x EBITDA e, de acordo com as estimativas do nosso analista, a companhia pode negociar a 6,5x EBITDA até 2024.
Outro ponto interessante é que, olhando para a visibilidade de crescimento e para os múltiplos históricos, as ações da companhia parecem baratas, porém quando a comparamos a outras empresas como Ambipar (SA:AMBP3), XP Investimentos (SA:XPBR31), Taurus Armas (SA:TASA4), PetroRio (SA:PRIO3) e Locamerica (SA:LCAM3), não parecem tão baratas assim.
Isso porque essas empresas apresentam um crescimento maior e negociam a múltiplos iguais ou até mais baixos do que Natura.
Por fim, Natura é uma empresa maravilhosa, com boa perspectiva em um setor muito interessante; talvez ainda não esteja tão barata, mas vale a pena ficar de olho.
A companhia divulgará seus resultados do quarto trimestre do ano passado no dia 09 de março.