Os mercados acionários subiram nos últimos cinco dias com o S&P500 encerrando a semana acumulando perdas de “apenas” 8.52% no ano – uma performance invejável para a maior parte dos outros índices mundiais, sem falar que está 32% acima da mínima do dia 23 de março último e com retorno de 4.58% em doze meses.
Os investidores estão receosos à reação econômica, ao controle da pandemia, à reabertura de alguns países, mas ao mesmo tempo não é prudente nadar contra tanto estímulo monetário e promessa quase infinita de aumento de liquidez pelos principais bancos centrais do mundo.
As commodities mantem a trajetória de recuperação e o petróleo liderou mais uma vez na semana, subindo 12.98% (o WTI), e ensaiando fechar o gap deixado no começo de março com o barril negociando a US$ 33.65, ou cinco vezes mais alto do que os US$ 6.50 de 21 de abril, pouco mais de um mês – a produção mundial está no menor patamar em nove anos.
O café em Nova Iorque cedeu um pouco mais mesmo com o Real fortalecendo e o robusta em Londres firmou, fazendo com que a arbitragem entre as duas variedades listadas rompesse os US$ 50 centavos por libra.
Parece inevitável o “C” voltar abaixo de US$ 100.00 centavos no curto-prazo, muito em função de uma maior oferta aparecendo, exportações altas em um ciclo de produção baixa (similares às do ciclo de alta no Brasil) e uma demanda mundial revisada para baixo por um número maior de analistas.
O Rabobank, banco holandês com grande presença nas commodities e com profissionais experientes no agribusiness, revisou em seu relatório trimestral o consumo mundial de café, apontando uma perda de 1 milhão de sacas no atual ciclo, 19/20, com um superávit de 2.6 milhões de sacas, e para 20/21 uma sobra de 7.6 milhões de sacas (2 milhões a mais do que sua expectativa anterior) – segundo noticiado pela agência Bloomberg.
Seu respeitado analista estima que a produção pouco sofra a influência do COVID-19, principalmente da maior origem onde a colheita é esperada sem solavancos.
Segundo a agência Safras & Mercados a colheita brasileira está ligeiramente mais lenta do que o ano passado, em 13%, sendo 10% no arábica e 23% do conilon. Entretanto o volume ofertado nas principais praças, tanto de safra corrente como de novíssimo é mais do que o suficiente para a procura dos exportadores, os quais viram um melhor interesse de compra por parte de torradores.
Os diferenciais negociados no FOB estão bem descontados para os naturais, parte em função de uma demanda tépida aliada a estoques confortáveis lá fora.
O departamento de agricultura dos Estados Unidos está divulgando suas estimativas de produção de café para diversas origens, mas comentarei sobre isto no relatório da próxima semana – o qual marcará o encerramento de minhas escritas semanais.
Tecnicamente o gráfico do contrato de julho-20 de Nova Iorque tem o US$ 103.05 centavos como primeiro suporte, seguido de 101.80 como o próximo patamar chave para evitar um novo mergulho abaixo de um dólar.
O clima, por ora, parece ser o único fator positivo para os preços, fora uma eventual pressão inflacionaria provocada pelo excesso de dinheiro circulando no mundo.
Uma ótima semana e bons negócios a todos com muita cautela, saúde e positivismo.