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O impacto do rebaixamento de perspectiva dos EUA pela Moody's

Publicado 14.11.2023, 06:35

No dia 10 de novembro de 2023, a Moody's Investors Service anunciou uma mudança significativa na perspectiva do rating dos Estados Unidos, alterando-a de "Estável" para "Negativa". Essa revisão reflete as crescentes preocupações da agência em relação aos riscos fiscais e à sustentabilidade da posição fiscal do país. Apesar dessa mudança, a Moody's manteve a classificação de crédito dos Estados Unidos em Aaa, a nota máxima em sua escala, refletindo ainda a posição sólida que os Estados Unidos desempenham como a maior potência do mundo, aliado com o poder do dólar, que ainda desempenha o papel de reserva de valor no sistema financeiro por mais de um século. Vamos dissecar os motivos dessa mudança de perspectiva e o seu impacto na economia real.

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1) Sistema de ratings

A Moody's utiliza um sistema de classificação de crédito para avaliar a capacidade de um emissor, seja ele um país, empresa ou entidade, de cumprir suas obrigações financeiras. As classificações variam de Aaa (a mais alta qualidade, com baixo risco de inadimplência) a C (alta probabilidade de inadimplência). Cada categoria é subdividida em níveis, proporcionando uma escala detalhada para avaliar o risco de crédito. Essas classificações são fundamentadas em análises detalhadas de fatores financeiros, econômicos e políticos que podem impactar a capacidade do emissor de cumprir suas obrigações.

As perspectivas em uma classificação indicam a direção potencial que a Moody's prevê para a classificação de crédito no futuro. Uma perspectiva "Estável" sugere que não são esperadas mudanças significativas a curto prazo, enquanto uma perspectiva "Positiva" indica a possibilidade de uma elevação e uma perspectiva "Negativa" sinaliza a possibilidade de um rebaixamento. As mudanças nas perspectivas refletem as visões da agência sobre o desenvolvimento futuro da situação financeira do emissor.

2) A mudança de perspectiva para com os Estados Unidos

A Moody’s alterou a perspectiva das classificações de crédito dos Estados Unidos de “Estável” para “Negativa”, enquanto manteve as classificações de longo prazo do emissor em Aaa. Com a dívida atingindo a marca alarmante de 33 trilhões de dólares, a agência de classificação de crédito expressa receios sobre a sustentabilidade dessa carga financeira. A magnitude desses passivos levanta questões sobre a capacidade do governo americano de gerenciar efetivamente sua posição fiscal, considerando especialmente o aumento projetado dos juros e a pressão contínua sobre a ação política para implementar medidas que estabilizem a relação dívida/PIB.

O serviço da dívida, que é quanto um devedor paga regularmente de juros e principal de um empréstimo ou financiamento contraído, aumentou vertiginosamente desde que o Federal Reserve aumentou a Federal Funds Rate para combater a inflação. Os vértices longos da curva de juros logo foram precificados para cima, indicando que as expectativas dos participantes dos leilões primários era de que o Fed manteria a política monetária contracionista por mais tempo, uma vez que a economia se mostrava resiliente mesmo com um viés contracionista, aumentando os temores de um possível retorno da inflação por conta da atividade forte. A emissão de títulos de dívida por parte do Tesouro mostrou uma dissonância entre as políticas fiscal e monetária, onde uma aumentava a taxa de juros para conter a atividade e controlar a inflação e a outra emitia títulos de dívida, induzindo o gasto governamental e concomitantemente por sua desancoragem, aumentava o serviço da dívida pela marcação a mercado. Portanto, todos esses fatores influenciaram uma precificação de juros altos para os títulos de dívida, que se materializaram em fenômenos tanto nas taxas de juros, nos leilões primários e no mercado secundário de títulos, que se traduzir em riscos diversos inerentes ao mercado de títulos de dívida pública.

Um cenário possível de rebaixamento do rating dos Estados Unidos pode precipitar um aumento dos custos de captação, elevando as taxas de juros associadas à dívida soberana. Tal aumento nos encargos financeiros pode sobrecarregar as finanças públicas, comprometendo a capacidade do governo em financiar suas operações. Adicionalmente, uma perspectiva de rating negativa pode desencadear uma reação adversa nos mercados financeiros, resultando em uma fuga de investidores em busca de ativos mais seguros. Esta saída de capitais pode, por sua vez, depreciar a moeda nacional, intensificando as pressões inflacionárias e dificultando a gestão macroeconômica. Além disso, a perda de confiança dos investidores pode gerar volatilidade nos mercados, prejudicando a estabilidade financeira e exacerbando os desafios econômicos do país.

3) Razões para a afirmação da classificação Aaa

A expectativa da Moody’s na resiliência da economia americana, baseada em indicadores que vislumbram a saúde da economia americana, principalmente no consumo das famílias, estabelece que, apesar do imbróglio fiscal, a economia americana conta com instituições sólidas e um mercado consumidor muito pujante. Acredito que existem dois fatores que estão contribuindo para a resiliência americana no terceiro trimestre deste ano, que, dependendo do ponto de vista, podem colocar em cheque essa resiliência para o próximo ano, que são: os gastos governamentais e as poupanças acumuladas durante os afrouxamentos monetários e fiscais preambulares.

Neste ano, a perspectiva é de que os gastos governamentais não diminuam, ao contrário, mantêm-se robustos, e desempenham um papel crucial na sustentação da demanda econômica. Este fenômeno parece ser impulsionado, em parte, pela iminência das eleições no próximo ano. Com a política desempenhando um papel significativo nas agendas, o governo busca manter uma postura expansionista, utilizando os gastos como uma ferramenta para estimular a economia e, ao mesmo tempo, ganhar apoio popular. A conexão entre a política fiscal e o ciclo eleitoral é evidente, e os gastos continuam a ser uma força motriz, desempenhando um papel proeminente no cenário econômico enquanto nos aproximamos do ano eleitoral. Por outro lado, as poupanças acumuladas com as medidas de afrouxamento durante a pandemia parecem estar se escasseando, tendo em vista a diminuição das métricas que vimos do segundo para o terceiro trimestre do setor de serviços e da acumulação de bens de capital do setor manufatureiro, se preparando para um novo ciclo econômico.

A expansão dos gastos governamentais e a acumulação de poupanças em períodos de afrouxamento econômico podem resultar em distorções nos canais de transmissão da política monetária. O aumento dos gastos públicos, ao influenciar a demanda agregada, pode gerar pressões inflacionárias e afetar as expectativas de mercado, distorcendo os sinais explicitados pelo Federal Reserve através de suas políticas monetárias contracionistas, podendo gerar atrasos na consecução dessas políticas e gerar bancarrotas e estresses no sistema financeiro, com alguns agentes econômicos se endividando, ou até mesmo falindo por não conseguir distinguir os sinais apontados pelos fatores de mercado. Ao mesmo tempo, a acumulação de poupanças cria um excedente de liquidez nos mercados financeiros, alterando as condições de oferta e demanda por ativos em tempos de contração econômica, causando atrasos e distorções nas transmissões das políticas monetárias e causando uma demanda que, muitas vezes, se torna insustentável, acarretando problemas na hora dos agentes de mercado ajustarem a oferta de bens e serviços com estes sinais da demanda.

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