No último dia 15 (domingo), o grupo rebelde Talibã retomou o poder do Afeganistão após 20 anos, período da ocupação americana no território do país da Ásia Central. O que ocasionou a fuga às pressas do até então presidente, Ashraf Ghani.
Tal movimento além de simbólico, trouxe uma série de incertezas, que tendem a impactar a vida e economia da região.
Os temores aumentaram principalmente por conta do risco geopolítico, o que acabou trazendo preocupações às bolsas de valores, que já se amedrontavam diante da possibilidade de alterações de taxas de juros, para conter a inflação.
Tal acontecimento deve abalar as dinâmicas comerciais globais, principalmente por ampliar a polarização dos relacionamentos já desgastados entre EUA e China, o que tende a beneficiar a liderança chinesa. Trazendo um certo descredenciamento da visão dos Estados Unidos como a grande superpotência mundial.
A dinâmica no Afeganistão mudou após 20 anos de interferência direta pelos EUA (algo que já havia sido sinalizado pelo então recém-eleito presidente Joe Biden).
O movimento pelo Talibã, ocorre em um momento em que os Estados Unidos retiram suas tropas, o que deu espaço para que o grupo extremista ganhasse força, gerando pânico generalizado em todo o país, impondo o seu estilo de gerir e suas regras.
É lamentável ver pessoas em pleno desespero caindo de um avião, mães desesperadas, carregando seus filhos e suplicando pela vida. Pessoas que se aglomeram em portas de bancos temendo que suas economias possam ser confiscadas.
No lado econômico mundial, o país não é considerado tão estratégico comercialmente, tendo parte da economia voltada para extração de minerais importantes para o desenvolvimento de energia limpa, já que ele é extremamente rico neste tipo de material, principalmente o lítio.
Porém, os temores quanto às tensões no Oriente Médio podem acabar pressionando o preço do petróleo.
Por não ter muitas empresas globais, e também não ser um grande produtor de nenhuma commodity que impacte o cenário econômico e de oferta mundial, espera-se que o impacto de fato não seja duradouro.
Entretanto, a possibilidade de uma instabilidade política pode afetar o cenário econômico, e consequentemente o Brasil. Já que o país possui negócios diretos com os Estados Unidos e a China.
Tais temores também foram vivenciados com os acontecimentos de 11 de setembro, obviamente que agora em menor proporção, mas como mencionei afetando o curto prazo.
Neste contexto, ativos tidos com maior índice de segurança tendem a se beneficiar, como o ouro.
Existem outros fatos que podem trazer uma continuidade de incertezas e possuem impacto mais duradouro na economia brasileira, como a forma como o banco central continuará abordando a inflação, acontecimentos políticos internos, bem como as reformas.