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O Que Esperar do Copom Nesta Quarta?

Publicado 17.03.2021, 09:24

A 237ª reunião do Copom será finalizada nesta quarta-feira (17/03) e a expectativa do mercado é uma só: o aumento da Selic.

Passados cinco encontros que anunciaram a manutenção da taxa em 2% ao ano e ainda que a sinalização de alta esteja dada, sua magnitude ainda não é consenso. Também existem dúvidas sobre as sinalizações do Colegiado em relação ao momento conturbado do cenário macroeconômico, com discussões que passam pelo aumento da inflação e pela redução da expectativa de crescimento do PIB.

Por isso, essa reunião promete mudar bastante a percepção do mercado sobre o rumo da política monetária do Brasil e, principalmente, responder à pergunta: faz sentido a curva de juros estar tão inclinada?

Para se ter uma ideia, na fotografia atual a curva de juros precifica 50% de chance de uma alta de 0,75 ponto percentual (p.p) nesta quarta-feira, encerrando o ano na marca de 6% - o que representa uma alta 1,5 p.p em relação à última projeção do Boletim Focus. Ou seja, temos um prêmio bem razoável na curva e é nesse tipo de assimetria na percepção de risco que vale ficar de olho.

Mas você pode se perguntar: o que mudou da última reunião (em janeiro) até agora para o mercado colocar tanto risco na mesa?

Entre vários fatores, dois chamam atenção: 1) pressão inflacionária (um risco já monitorado); 2) risco político com a decisão recente sobre a elegibilidade de Lula (fato totalmente inesperado). Sem falar no risco fiscal, que nunca saiu da mesa. Aliás, só aumenta e não vai ser retirado da curva tão cedo.

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Risco inflacionário

Falando em riscos conhecidos, o risco inflacionário não é novidade para ninguém. Mas, semana passada, deu um belo susto com o IPCA subindo para 0,86% em fevereiro - acima da expectativa do mercado (de 0,70%) e na sua maior variação para o mês desde 2016. Se usarmos o IGP-M como referência, em dois meses o índice já acumula alta de 5,17%.

Nos dois casos, a alta dos combustíveis foi a grande responsável pelo salto. Os preços dos alimentos também seguem em alta no ritmo dos preços das commodities, assim como a desvalorização da nossa moeda frente às principais economias do mundo com efeito direto nos insumos.

No caso da inflação, não existem perspectivas de uma queda brusca do preço das commodities no curtíssimo prazo para justificar um alívio nos preços dos alimentos, assim como do lado do câmbio o mesmo ficará depreciado enquanto não houver um movimento para o avanço real das reformas.

Porém, existe um outro ponto importante sobre a inflação que é o ritmo de crescimento da economia. Tendo em vista o agravamento da pandemia no Brasil e o compasso lento de vacinação, o mercado segue revisando para baixo sua perspectiva de crescimento. Levando-se em conta o cenário-base do Banco Central, não tenho dúvidas de que isso será argumento para não acelerar o ritmo de alta da Selic como o mercado está projetando.

A projeção sobre o ritmo de crescimento e como o Colegiado relacionará isso com o aumento da Selic vai ser parte importante do comunicado desta reunião.

Risco político

Passando agora para o risco político, ele volta a vir à tona com a reviravolta no caso Lula x Lava Jato. Se pensarmos friamente, não existem motivos (no momento) para acreditar que esse risco irá diminuir. Haverá uma forte polarização e, se a popularidade de Bolsonaro cair forte, não tem como duvidar que novas medidas populistas serão lançadas. Aí, vamos cair no aumento do risco fiscal.

Em resumo

No final das contas, para essa reunião espero a retirada do grau “extraordinário” de estímulo e o começo da normalização da Selic, como o próprio Copom anunciou na última ata, com uma alta de 0,50 p.p para dar um recado forte ao mercado.

Em complemento, um comunicado bastante hawkish e preocupado com o rumo da inflação, reforçando o discurso de economia fraca e que ainda precisa de certo grau de estímulo. Sobre o risco fiscal, uma preocupação constante e crescente.

Esse último componente (crescimento) deve levar a uma correção da curva de juros que projeta a Selic em 6% ao final do ano e um retorno para a faixa de 5%, onde, por conta da inflação alta, deve permanecer por um bom tempo.

Em um cenário de aumento de juros, baixo crescimento e diversos riscos na mesa, difícil pensar em um grande upside para o mercado brasileiro.

Abs.

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