- Rali nas ações bancárias perdeu força neste ano, em meio ao aumento das preocupações.
- Empresas do setor estão enfrentando pressões de custo que prejudicam suas margens.
- Apesar desses riscos, analistas veem valor em algumas das melhores ações bancárias dos EUA, recomendando que seus clientes aproveitem as correções para comprá-las.
Os resultados de alguns dos maiores bancos americanos, como JPMorgan Chase (NYSE:JPM) (SA:JPMC34), Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34) e Citigroup (NYSE:C) (SA:CTGP34), podem mostrar que o aumento das pressões de custo está prejudicando suas margens, apesar do impulso gerado pelas taxas de juros maiores.
Os investidores estão vendendo ações de bancos diante de sinais de que as potências financeiras de Wall Street, cujas receitas atingiram níveis recordes, começaram a esfriar. O índice KBW Bank, que rastreia 24 dos maiores bancos dos EUA, desvalorizou-se mais de 18% desde o pico de 12 de janeiro.
Durante o mesmo período, o índice S&P 500 teve um desempenho muito melhor, caindo cerca de 5%.
Esse baixo desempenho ocorre depois de um poderoso rali em 2021, quando o índice KBW Bank disparou 35%, com os investidores apostando que o ímpeto do Federal Reserve de elevar os juros beneficiaria os resultados das instituições financeiras.
Mas esse rali perdeu força neste ano, com o aumento das preocupações de que um aperto monetário agressivo do Fed para combater a inflação – agora em sua máxima de 40 anos – pudesse jogar a economia numa recessão, reduzindo a demanda por crédito e outros serviços financeiros.
Além disso, os resultados do 4º tri, divulgados em janeiro, também não conseguiram satisfazer as expectativas, na medida em que diversos bancos alertaram que as despesas continuariam aumentando neste ano, prejudicando suas margens.
O JPMorgan, cuja ação acumula queda de mais de 20% desde 12 de janeiro, disse aos investidores no início do ano que as despesas no 4º tri haviam subido 11% em relação a um ano antes. A expectativa do maior banco dos EUA, que divulga seu balanço na quarta-feira, antes da abertura do mercado, é que as despesas tenham subido 8,6% no 1º tri.
Citando a inflação e a quantia que o JPMorgan pretende gastar com investimentos, os executivos disseram aos investidores que o banco deve registrar “alguns anos de retornos abaixo da meta”.
Empréstimos voltam a crescer
O Goldman Sachs, que divulga seu balanço do 1º tri na quinta-feira, gastou US$4,4 bilhões a mais com remunerações no ano passado, fazendo com que o banco registrasse sua única queda de lucro trimestral do ano. O Citigroup também gastou mais com salários no último trimestre do ano passado, provocando um declínio de 26% em seu lucro.
Os bancos aumentaram os salários de cargos juniores em Wall Street em 2021, e as empresas também estão pagando mais para reter executivos de nível sênior.
Apesar da liquidação recente, não acreditamos que os bancos vão ser um investimento morto para os investidores em 2022. O crescimento dos empréstimos, embora enfrente alguns obstáculos com a incerteza geopolítica e o aumento da inflação, está se recuperando e pode acelerar se o ambiente econômico e a criação de empregos continuarem fortes.
As concessões de crédito dos 25 maiores bancos dos EUA cresceram por sete semanas consecutivas, com os empréstimos subindo 5,8% até meados de março em relação a um ano antes, de acordo com dados do Federal Reserve.
As concessões aceleraram no fim de 2021, e essa tendência deve continuar, à medida que os consumidores vão gastando o dinheiro do estímulo governamental.
As empresas que enfrentam dificuldades para manter os fluxos de caixa diante dos gargalos da cadeia de fornecimento e escassez de mão de obra também devem aumentar os empréstimos para impulsionar seus estoques. Por essas razões, alguns analistas estão aconselhando os investidores a aproveitar a fraqueza dos preços das ações de alguns dos melhores bancos dos EUA.
O Bank of America disse, em nota aos clientes na semana passada, que vê um cenário “único” para os resultados do JPMorgan no fim deste mês. A nota disse ainda:
“A ação vem sofrendo por causa dos anúncios de resultados, mas consideramos o cenário único em termos de sentimento dos investidores, ainda mais pela mudança significativa na perspectiva dos juros e pelo comportamento do cliente melhor do que se temia.”
Os analistas do Wells Fargo, em nota recente, escolheram o Bank of America (NYSE:BAC) como sua ação favorita, dizendo que a instituição pode gerenciar melhor o quadro funcional e as despesas, ao mesmo tempo em que ganha mais com os empréstimos.
Conclusão
A próxima temporada de balanços dos bancos americanos pode acabar trazendo resultados mistos para os investidores, na medida em que as empresas do setor enfrentam dificuldades para conter os custos em um ambiente inflacionário. De modo geral, no entanto, o ambiente continua respaldando os bancos, principalmente diante da expectativa de que o Fed eleve os juros agressivamente. Além disso, há sinais de que as empresas e os consumidores estejam prontos para começar a tomar mais empréstimos novamente.