O movimento de aversão ao risco de ontem provocou a queda das commodities. E devido ao baixo número de indicadores relacionados ao petróleo nesta semana, os preços do produto devem continuar sendo regidos por fatores externos.
Energia: grande queda de estoques de petróleo nos EUA
O petróleo não conseguiu escapar da pressão do mercado mais amplo observada ontem, quando a menor confiança dos consumidores nos EUA pesou sobre os ativos de risco, ao mesmo tempo em que o fortalecimento do dólar intensificou a pressão.
O Brent negociado na ICE encerrou o dia com uma queda de quase 2,4%, cotado um pouco acima de US$80 por barril. O mercado petrolífero demonstrou fraqueza na última semana, diante da preocupação maior dos agentes em relação à queda das margens de refino.
Do ponto de vista técnico, ainda podemos ver um pouco mais de fraqueza no mercado, uma vez que os preços precisam preencher o gap deixado após o vencimento do contrato de maio de 2023. Para fechar esse gap, precisaríamos ver o Brent caindo em direção a US$79,80 por barril.
Apesar de os dados macroeconômicos não terem sido positivos para o petróleo, os números de estoque divulgados durante a noite acabaram sendo mais favoráveis. ]
O API informou que os estoques de petróleo bruto nos EUA tiveram uma queda de 6,1 milhões de barris na última semana, muito maior do que a esperada, de 1-1,5 milhão de barris. Pelo lado dos produtos refinados, os estoques de gasolina caíram 1,92 milhão de barris, embora os de destilados tenham aumentado em 1,7 milhão de barris.
A UE lançou oficialmente ontem sua nova plataforma conjunta de compra de gás, a AggregateEU. Os compradores de gás poderão enviar sua demanda estimada para o próximo ano a partir de junho. O objetivo é melhorar a relação entre compradores e vendedores e tentar evitar que a concorrência nas propostas de aquisição na região acabe elevando os preços.
Os países da UE são obrigados a agregar a demanda por volumes de gás equivalente a 15% de suas respectivas obrigações de abastecimento de estoques. Além dos 15%, a agregação será voluntária, mas baseada no mesmo mecanismo.
Metais: minério de ferro despenca abaixo de US$100/t
Os preços do minério de ferro brevemente ficaram abaixo da marca de US$100/t ontem, pela primeira vez desde o início de dezembro, uma vez que a demanda para uso final continua desapontando.
Os últimos comentários da Associação Chinesa de Ferro e Aço (CISA) sugerem que as siderúrgicas do país devem reduzir a produção diante dos prejuízos, em meio à demanda decepcionante e a uma rápida queda nos preços do aço internamente. A Associação espera que as condições do mercado interno permaneçam incertas no 2T23. Enquanto isso, os estoques de aço nas principais usinas do país subiram para 18,5 milhões de toneladas na primeira quinzena de abril, um aumento de 1,2% em comparação com o início do mesmo mês, de acordo com dados da CISA.
A produção de aço bruto nas principais usinas chinesas teve uma contração de 1,4% desde o início de abril, para 2,29 mt/d no fim da primeira quinzena do mês.
Os últimos dados da Bolsa de Metais de Londres mostram que os estoques totais em garantia do cobre aumentaram 7.000 toneladas (maior entrada diária desde 3 de março) para 57.025 toneladas. O total de estoques de cobre na bolsa aumentou 6.900 toneladas, para 60.775 toneladas, maior patamar desde 11 de abril.
Com isso, o diferencial entre os preços à vista e para três meses viu seu contango se ampliar para US$ 22/t em comparação com um contango de cerca de US$ 8/t há uma semana.
Dados da Associação de Ouro da China mostram que o consumo doméstico do metal aumentou 12% ano a ano para 296,1 t no 1T23, com a maior parte do crescimento registrado em fevereiro e março. A associação acrescentou ainda que o consumo de joias, barras e moedas de ouro apresentou forte recuperação em meio a uma melhora do apetite do consumidor após a reabertura econômica.
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