Lula assina nesta segunda-feira decreto que regulamenta Lei da Reciprocidade, diz Rui Costa
A bolsa bateu recorde. E quase ninguém notou.
Enquanto o noticiário se ocupava de crises políticas, a B3 (BVMF:B3SA3) atingiu seu maior nível histórico, com o Ibovespa ultrapassando os 140 mil pontos. Foi o chamado all-time high, de novo. Mas não houve euforia generalizada, nem fila de CPFs novos abrindo conta em corretora. A alta veio com um silêncio curioso.
Pode parecer estranho. Afinal, esse deveria ser um sinal claro de euforia, não? Em 2025, o Ibovespa já acumula valorização de cerca de 15%. Acontece que a alta da bolsa brasileira tem sido, em grande parte, um rali sem torcida. Quem está puxando o bonde não é o investidor local, traumatizado com os tropeços dos últimos anos, mas sim o investidor estrangeiro — que voltou ao Brasil com força.
A participação dos investidores internacionais no volume negociado da bolsa atingiu 58,7% no primeiro semestre. O maior percentual da série histórica.
E voltou por um motivo simples: oportunidade.
Apesar dos ruídos fiscais e da típica instabilidade política, o Brasil virou um dos destinos preferidos para quem busca ativos baratos, um banco central previsível e a promessa de juros em queda. Lá fora, a expectativa de corte de juros nos Estados Unidos também ajuda. Quando o dinheiro fica mais barato no mundo desenvolvido, parte dele migra para países como o nosso — especialmente quando esses países ainda estão descontados.
E o Brasil está. Mesmo com a recuperação recente, muitas ações seguem valendo menos do que antes da pandemia. E o número de empresas listadas encolheu. Menos oferta, mais fluxo, fundamentos mais alinhados: a equação começa a ficar interessante.
Ainda é cedo para dizer se estamos às portas de um novo ciclo. Mas há algo que já dá para afirmar: os preços estão melhores, o ambiente está mais propício e o estrangeiro já entendeu isso. Talvez agora seja a hora do investidor local parar, respirar e observar com mais atenção.
Não se trata de euforia. Nem de achar que a bolsa vai virar foguete. Mas quando os fundamentos começam a melhorar antes da percepção geral, o mercado costuma premiar quem se antecipa.
O cheiro de virada está no ar. E pode ser que, dessa vez, ele não desapareça tão cedo.