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Onde Foi Parar o Eleitor Mediano? Alguém o Viu por Aí?

Publicado 24.10.2018, 06:05

A teoria do eleitor mediano anda meio desacreditada. Antes de discutir um pouco mais a respeito dessa afirmação, vamos relembrar o que essa teoria diz:

“(...) em um eleitorado distribuído de forma normal ao longo de uma dada escala de preferências (por exemplo, o eixo esquerda x ­direita), tende a vencer a eleição quem conquistar o voto de um hipotético “eleitor mediano”. Esse “eleitor mediano” tem metade dos votantes à sua direita, outra metade à sua esquerda. Na disputa entre um concorrente de esquerda e outro de direita, resumidamente, cada um já teria garantidos os eleitores do seu lado do espectro ideológico e, portanto, faltaria a ele conquistar apenas mais um voto para ter a maioria. O voto decisivo seria o do eleitor mediano. Quem cativasse esse votante hipotético, ganharia a eleição. Por essa razão, há uma tendência dos partidos à esquerda e à direita de rumar para o centro.”

Retirado do artigo.

Seguindo essa teoria, previ - em 2016 - que Jair Bolsonaro não conseguiria se eleger pois não caminharia para o centro político, e não conquistaria, dessa forma, a confiança do eleitor mediano.

Ledo engano! Hoje, faltando pouco para o segundo turno da eleição de 2018 - e tendo em vista que quase acabou no primeiro turno mesmo -, Jair Bolsonaro está com um pé dentro do Palácio do Alvorada. As pesquisas de intenção de votos dão ao capitão em torno de 60% dos votos válidos, com pequenas variações entre os levantamentos dos institutos de pesquisa. Sendo assim, a vantagem é larga em favor do candidato do PSL e seus eleitores mostram mais certeza do voto do que os de seu adversário do PT, Fernando Haddad. A fatura está praticamente liquidada.

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Então, vejamos, onde foi parar o eleitor mediano? Será que a teoria é furada? Ou será que o esse tipo de eleitor também se transformou ao longo dos últimos anos?

Primeiramente, não tenho vergonha alguma em dizer que errei a previsão. Subestimei vários efeitos que foram determinantes para a [mais que provável] vitória de Jair Bolsonaro, como por exemplo: (i) O avanço da operação Lava-Jato e a consequente rejeição aos políticos tradicionais e seus métodos de atração dos eleitores; (ii) o enfraquecimento do governo Michel Temer, mergulhado em suspeitas de corrupção e crises institucionais; (iii) o vai e vem de decisões relacionadas à prisão de Lula; (iv) o aprofundamento da crise econômica iniciada em 2015, e o efeito devastador no desemprego e na renda do brasileiro; entre outros motivos.

Aqui no Terraço, os textos são assinados, e não deletamos artigos antigos. A ideia de mantê-los está no cerne da fundação desse espaço, que é o de promover o debate, discutir ideias e, de vez em quando, dar alguns pitacos sobre tudo e todos, e isso envolve política, obviamente.

Prosseguindo, volto aqui, humildemente, para avaliar como o discurso de Jair Bolsonaro acabou atraindo o eleitor mediano; ou, ao menos, lhe pareceu o menos pior nesse segundo turno. Note que estou me referindo ao eleitor médio do candidato do PSL. Dessa forma, acabo excluindo aquele grupo que dá suporte ao capitão desde 2015 - 2016, conforme discuti nesse artigo, e pego aqueles eleitores que votam nele mais por rejeição à alternativa posta na mesa do que nas próprias propostas de Bolsonaro.

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É esse eleitor - que não é fascista, preconceituoso, e todos os adjetivos que quem vai perder tenta colar neles - que acabará provavelmente dando a vitória ao capitão na votação do dia 28/10. Esse eleitor praticamente releva as declarações mais fortes vindas de Bolsonaro; na verdade, essas declarações são até aceitáveis haja vista a alternativa que julgam aterrorizadora vinda de uma candidatura do PT, que parece ter parado no tempo e não ter feito sequer 1% da autocrítica claramente necessária para avançar no eleitorado indeciso e de centro. Olhando em perspectiva, o PT fez de tudo para perder o pleito de 2018.

Apenas para citar algumas: (i) as visitas de Haddad a Lula na prisão, (ii) trapalhadas homéricas na escolha de pessoas para comandar áreas chave da campanha (caso Gabrielli na área econômica de Haddad), (iii) idas e vindas em decisões, como a sobre fazer uma nova constituinte, (iv) influências de pessoas rejeitadas pelos eleitores, como José Dirceu, com suas declarações polêmicas; (v) posicionamento contra instituições que são aceitas e incentivadas pela população, como a Operação Lava Jato e sua condução pelo juiz Sérgio Moro. Todo esse caldo de desconfiança com o PT e Haddad fornecem ampla vantagem para Bolsonaro, que sequer precisa comparecer à debates para reafirmar suas posições.

Assim, o eleitor mediano hoje, acima de tudo, é um antipetista. Para esse eleitor, o balanço dos últimos governos petistas é negativo, e isso já basta para promover a alternância de poder tão desejada no sistema democrático. Aliás, 30% dos que mencionam que votarão em Bolsonaro mencionam a “o desejo de mudança, de renovação ou alternância de poder”, segundo pesquisa Datafolha.

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Bolsonaro sequer teve que fazer um movimento significativo ao centro do espectro político para ganhar eleitorado, como fez Lula em 2002. É verdade que alguns assuntos ganharam espaço em seu programa de governo que sinalizava essa ligeira caminhada ao centro, como o aumento de benefício do Bolsa Família e a criação do 13o salário vinculado ao Programa Social. A governabilidade também foi tratada mais a sério pelo candidato do PSL, mostrando que teria sim força para aprovar no Congresso projetos importantes previstos no seu plano de governo. O programa liberal na parte econômica, encabeçada por Paulo Guedes, também atraiu a simpatia de boa parte do mercado financeiro e do mundo dos negócios.

Mas, convenhamos: a caminhada ao centro que ele precisou dar foi muito menor do que qualquer um imaginaria tempos atrás, inclusive quem vos escreve.

E esqueça a história de fake news, corrente no whatsapp, caixa dois do zap zap, etc. O sentimento antipetista foi sendo construído aos poucos, desde os primeiros anos de governo Lula, e foi aumentando e ganhando corpo desde então, principalmente a partir de 2013 e após o impeachment de Dilma Rousseff, conforme conta brilhantemente Rodrigo Vizeu, no podcast da Folha ‘Presidente da Semana’. A estratégia de ‘culpar o outro’ pelo próprio fracasso não cola mais.

Por fim, veja um comentário em uma postagem no perfil do Instagram do Terraço, recebido nos últimos dias:

O eleitor mediano, por todos os motivos expostos, vai de Bolsonaro em 2018.

Últimos comentários

Mediano vulgo medíocre
graças a Deus e Mark Zuckerberg ter dado uma mente brilhante por criar o facebook
O uso dos social networks e o uso abundante das fake news esta polarisando o eleitorado.
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