A Bolsa de Valores de Hong Kong enviou ondas de choque através dos mercados globais quando anunciou a suspensão do comércio de ações do Evergrande Group (HK:3333), o desenvolvedor imobiliário mais endividado do mundo. Os problemas no setor imobiliário chinês têm sido um tema recorrente, mas a situação da Evergrande (OTC:EGRNY) coloca uma luz intensa sobre os desafios que o gigante asiático enfrenta.
O setor imobiliário chinês é um pilar crucial da economia do país, representando cerca de 24% do Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, nos últimos anos, o setor tem enfrentado dificuldades significativas. Durante um longo período, os desenvolvedores chineses aproveitaram o ciclo de construção, usando os lucros de projetos anteriores para financiar novos empreendimentos.
No entanto, a intervenção do governo em 2020 para restringir o excesso de empréstimos abalou esse ciclo, levando a uma desaceleração nas vendas, estagnação nos preços e a Evergrande a entrar em inadimplência em sua dívida monumental de mais de US$ 300 bilhões em 2021.
Os indicadores econômicos refletem a gravidade da situação:
Os preços dos condomínios estão em declínio constante desde então.
As vendas de escavadeiras, um indicador importante da atividade de construção, caíram 42% em relação ao ano anterior. As ações das empresas imobiliárias na China atingiram seu nível mais baixo desde 2011.
Em resposta a essa crise, o governo chinês lançou um programa de 16 pontos destinado a ajudar empresas em dificuldades. Isso incluiu regras de hipoteca mais flexíveis para compradores de primeira viagem e a detenção de vários funcionários da Evergrande. Além disso, o fundador da empresa foi colocado sob vigilância policial. No entanto, muitos observadores questionam se essas medidas serão suficientes para conter a crise.
A situação na China tem implicações globais significativas. Muitas pessoas na China têm uma parte substancial de suas economias vinculadas ao mercado imobiliário. Além disso, a construção na China tem um impacto direto nos insumos globais, e qualquer desaceleração no setor pode reverberar em todo o mundo.
A economista alemã Isabella Weber, em seu livro de 2021, destacou a abordagem única da China para enfrentar desafios econômicos, mas a crise atual é excepcionalmente complexa. As soluções mais promissoras, como transferências diretas de dinheiro para as famílias, têm implicações políticas e podem representar um dilema para as autoridades chinesas. Além disso, a Evergrande está programada para enfrentar uma audiência em um tribunal de Hong Kong no próximo mês, que poderia resultar em sua liquidação, o que teria ramificações significativas para o setor imobiliário chinês e o mercado global.
Em resumo, os desafios crescentes no setor imobiliário chinês, personificados pela crise da Evergrande, são um sinal alarmante das complexidades enfrentadas pelo país. À medida que o governo chinês luta para conter essa crise, o mundo observa atentamente, ciente das implicações significativas que ela pode ter não apenas para a economia chinesa, mas também para a estabilidade econômica global.
O desfecho da situação da Evergrande, que está programada para enfrentar uma audiência em um tribunal de Hong Kong no próximo mês, é uma peça crucial nesse quebra-cabeça econômico em constante evolução. À medida que os líderes em Pequim consideram suas opções, o mercado global está em suspense, ciente de que a resolução dessa crise moldará o cenário econômico internacional nos anos vindouros.