- O ouro testa a resistência entre US$ 3.245 e US$ 3.275, com a busca por ativos defensivos ganhando força após o corte da nota de crédito dos EUA.
- Um rompimento técnico acima de US$ 3.275 pode abrir espaço para novas compras, com alvos projetados em US$ 3.300 e US$ 3.360.
- Já os vendedores observam os suportes em US$ 3.200 e US$ 3.150 como níveis decisivos para recuperar o controle no curto prazo.
A tese de “Sell America” (vender ativos dos EUA) volta a ecoar nos mercados, desta vez catalisada pela decisão da Moody’s. O rebaixamento da nota de crédito soberano dos Estados Unidos levou os rendimentos dos Treasuries de 30 anos ao emblemático patamar de 5%, nível que desperta atenção não apenas em Wall Street, mas também entre investidores globais atentos à trajetória fiscal americana.
A reação foi imediata: forte correção nos índices futuros dos EUA e valorização dos ativos de proteção, como o ouro e o iene, ao passo que o dólar recuou de forma generalizada frente a outras moedas.
O ouro se encontrava testando uma zona crítica no momento da análise, o que torna essencial examinar seu gráfico antes de discutir os fundamentos macroeconômicos que movem os mercados hoje.
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Análise técnica do ouro e níveis-chave no radar
Do ponto de vista técnico, a direção de curto prazo do ouro dependerá da capacidade dos compradores de reconquistar a faixa de US$ 3.245 a US$ 3.275, antiga zona de suporte que agora atua como resistência. Esse intervalo, destacado graficamente, tem servido como região de inflexão importante nas últimas semanas. Um fechamento acima desse patamar pode sugerir retomada do viés altista após um período de correção.
Essa região coincide com a média móvel exponencial de 21 dias, o que reforça sua relevância técnica. Caso haja rompimento consistente, os próximos alvos projetados ficam em US$ 3.300 e US$ 3.360, este último também corresponde à linha de tendência de curto prazo.
No campo do suporte, o nível de US$ 3.200 ainda não foi rompido de forma decisiva e se mantém como primeiro ponto de contenção para os vendedores. Abaixo dele, aparecem US$ 3.167 e US$ 3.150, sendo este último o suporte mais relevante, pois corresponde à linha de tendência de alta iniciada em 2025.
Caso o ouro perca a sustentação na linha de tendência e abaixo de US$ 3.150, os vendedores ganham força, podendo mirar alvos em US$ 3.100, US$ 3.022 e, eventualmente, US$ 3.000.
Fatores que explicam o comportamento do mercado hoje
Em síntese, o movimento “Sell America” voltou à cena. A Moody’s anunciou o corte de rating na noite de sexta-feira, rebaixando a nota dos EUA de Aaa para Aa1. Ainda que tenha sido a última das três grandes agências a agir, a decisão gerou reação imediata, com queda nos futuros e migração para ativos defensivos.
A justificativa se concentra na falta de consenso bipartidário para conter o déficit fiscal e o aumento do endividamento. Um argumento plausível, e que levanta a questão: por que demoraram tanto a agir?
O rebaixamento provocou movimentos clássicos nos mercados. Os rendimentos dos Treasuries de longo prazo dispararam, com o papel de 30 anos ultrapassando os 5%, nível não visto desde outubro de 2023. Os futuros do S&P 500 e do Nasdaq cederam, assim como o dólar, apesar da alta nos juros.
O índice do dólar recuou cerca de 0,7% frente a uma cesta de moedas, enquanto o EUR/USD liderou os ganhos com alta de 1%. Curiosamente, moedas ligadas a commodities também avançaram, mesmo diante do viés defensivo que predominava nas bolsas.
Na prática, o receio com a sustentabilidade da dívida americana parece estar ofuscando os atrativos de rendimento, em um momento em que o aumento das taxas pode ampliar os encargos com juros. Isso ocorre em meio à guerra comercial promovida por Donald Trump e à proposta de cortes de impostos sem contrapartida orçamentária. Nesse cenário, a perspectiva fiscal se deteriora, e o apetite por ativos americanos tende a enfraquecer.
A Moody’s projeta que o déficit do governo deve atingir quase 9% do PIB em 2035, partindo de 6,4% em 2024, pressionado pelos juros crescentes da dívida, gastos obrigatórios e arrecadação limitada. Ao mesmo tempo, a China vem reduzindo suas posições em Treasuries, movimento intensificado pela escalada da guerra comercial nos últimos meses.
Resta saber se desta vez os impactos serão duradouros. Afinal, rebaixamentos anteriores, como o da S&P, causaram ruído momentâneo, mas com consequências de curto prazo bastante limitadas.
***AVISO: Este artigo é meramente informativo e não constitui qualquer oferta ou recomendação de investimento.