Trump. Neste ou em qualquer outro panorama semanal mundo afora, o assunto dominante da semana foi um só: a vitória do republicano Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos.
Surpreendente para muitos, a eleição de Trump gerou intensa volatilidade nos mercados e incertezas sobre as medidas que adotará. Em seu primeiro discurso após eleito, pregou união. Na quinta-feira, Trump e Obama iniciaram o processo de transição no Executivo.
Sobre o futuro das relações entre Brasil e Estados Unidos, também há incógnitas sobre como Trump agirá nas esferas comercial, empresarial e de investimentos. O receio é que haja uma guinada protecionista, conforme prometido em campanha, e isso prejudique o comércio exterior do país.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o Brasil está preparado para lidar com a vitória de Trump. E o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que está monitorando o mercado de câmbio, podendo atuar se necessário for.
De acordo com analistas, a eleição de Trump pode afetar a política monetária dos Estados Unidos. Bem como a própria permanência de Janet Yellen à frente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano).
Se, no início da semana, a bolsa subia e o dólar caia com a expectativa de eleição da democrata Hillary Clinton, nos dias seguintes à vitória de Trump, o cenário se inverteu.
Na quinta-feira, o dólar chegou a subir mais de 5,5%, e fechou cotado com alta de 4,64%, a R$ 3,36. O Banco Central não atuou no mercado cambial. Diante da incerteza em relação à alta dos juros americanos, longamente esperada, houve saída de recursos. Além disso, surgiram dúvidas sobre a própria política monetária do Brasil: se o dólar subir, impactando a inflação, o BC pode não dar sequência à redução da taxa Selic.
O Ibovespa, que recuou mais de 4% durante o pregão de quinta-feira, fechou em queda de 3,25%, em 61.200 pontos.
Nas bolsas americanas, as ações subiram, com os investidores avaliando agora que as medidas prometidas por Trump durante a campanha, como redução de impostos, podem acelerar o crescimento econômico do país. O índice Dow Jones alcançou o maior patamar de sua história.
Para além das eleições americanas, tivemos a divulgação do IPCA de outubro no Brasil. O índice oficial de inflação acelerou para 0,26%, mas foi o menor para meses de outubro desde 2000. Em 12 meses, acumula 7,87%.
Notícias sobre a situação fiscal do Rio e o pacote que eleva o desconto dos servidores também ganharam destaque. A conta do estado foi bloqueada por falta de pagamento de dívida com a União. E a Justiça suspendeu a tramitação do projeto que prevê o aumento do desconto dos servidores. Houve protestos ao longo da semana, com a ocupação da Alerj.
Na esfera econômica, documentos entregues ao TSE mostraram uma doação da Andrade Gutierrez de R$ 1 milhão à campanha de Michel Temer em 2014.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal.