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Pesquisa mostra que IDIV aumenta retornos e reduz riscos via ações de valor

Publicado 14.12.2022, 13:13
IBOV
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Um levantamento de dados realizado pela equipe de research da Portfel Consultoria mostra que uma exposição adicional ao Índice de Dividendos (IDIV) é uma forma bastante atraente de conseguir exposição adicional a empresas com fortes características de valor. Além de reduzir a volatilidade (imprevisibilidade) da carteira, os retornos são atraentes quando combinados com um índice como IBRX, que oferece exposição às cem maiores empresas da bolsa

Os números de fato são interessantes: uma carteira composta por 70% de IBRX e 30% de IDIV produziria um total de +0,26% ao ano, com -1,04% de volatilidade em relação a uma carteira com 100% de IBRX. Se aumentarmos a exposição para 60% IBRX e 40% IDIV, esses números sobem para +0,52% de retorno e -1,19% de volatilidade. Isto é, além de oscilar menos, essas carteiras produzem mais retornos.

Se tomarmos como base o Ibovespa, que representa as ações mais negociadas na bolsa, o impacto é muito mais significativo, visto que na média o índice gera em média 2,5% ao menos por ano que o IBRX. Segundo a pesquisa, as carteiras com 70%/30% e 60%/40% gerariam em média +1,74% e +1,92% ao ano sobre o Ibovespa. No quesito diferenciais de volatilidade, esses são da ordem de -1,79% e -1,94%.

Voltando ao caso das carteiras compostas por IBRX e IBOV, diferenças de 0,26% e 0,52% ao ano podem parecer pequenas, mas o efeito composto dos juros faz com que essa diferença se torne bem grande no longo prazo. Ao tomar um período de quinze anos, a diferença de uma carteira 100% IBRX e das carteiras 70%/30% e 60%/40% (IBRX-IDIV) seria de aproximadamente +28% e +42%.

Ao passo que o IBRX teria acumulado um retorno de 201,08%, as carteiras mistas teriam produzido, respectivamente, 229,82% e 243,13%. Tomando como referência o Ibovespa, o tamanho da diferença cresce significativamente, com as carteiras mistas produzindo um ganho de +98,84% e +112,15%. No total, estamos falando de um retorno total de 130,98% do IBOV, muito inferior aos valores citados acima, assim como do próprio IBRX.

O que explica a performance superior do IDIV? 

 

Embora dividendos sejam irrelevantes do ponto de vista das ciências financeiras, visto que os lucros não distribuídos seriam simplesmente integrados ao preço da ação, empresas com bom histórico de pagadoras costumam ter fortes características de valor. Essas incluem baixíssimo endividamento, lucros robustos, boa governança e baixos múltiplos financeiros, como o Preço/Lucro.

Esse conjunto de características, que está sendo acessado de forma “acidental” através dos dividendos, é amplamente reconhecido pela ciência como uma fonte adicional e relativamente independente de retornos sobre a média do mercado, que seria o IBRX. Embora não faça isso de forma ideal – pois exclui, sem necessidade, empresas de valor que não pagam dividendos –, uma exposição ao IDIV continua sendo interessante.

Os retornos do índice foram, inclusive, extremamente mais altos que o IBRX em períodos em que os mercados nacional e global passaram por retrações mais fortes.  O exemplo mais marcante vai de 2016 a 2022, em que o IBRX produziu um retorno anualizado de 16,81% contra impressionantes 21,58% anuais do IDIV. No acumulado de seis anos, isso equivaleria a um retorno acumulado de 154,07% do IBRX contra 222,99% do IDIV, ou de 168,69% e 175,20% das carteiras 70%/30% e 60%/40%. 

Análises baseadas na composição do índice para o quadrimestre que vai de setembro a dezembro de 2022, mostraram que ele possui métricas de valor muito mais fortes e concentradas do que o IBRX e o IBOV. Dentre as principais, citam-se os múltiplos de Preço/Lucro e de Book-to-Market Value, que representa o valor de “livro contábil” em relação ao valor de mercado das empresas.

Por que não investir tudo em IDIV?

 

Diante desses dados, Investidoras e investidores podem se perguntar se não vale mais a pena entrar com tudo no IDIV, ao invés de ter uma carteira que se expõe apenas de forma parcial ao índice de dividendos. Essa é uma pergunta excelente, e segundo a equipe de research da Portfel Consultoria, a razão para não fazer isso é que ao abrir mão do índice geral (IBRX) e apostar mais nas empresas de valor, via dividendos (IDIV), você reduz a diversificação da carteira.

O que isso significa é que você aumenta progressivamente a chance de obter retornos significativamente menores que os do mercado como um todo, justamente porque se afasta do consenso. Para ilustrar essa questão, podemos tomar como base os retornos acumulados de 2013 e 2014 até 2022, para IBRX e IDIV. Enquanto o primeiro produziu, respectivamente, 99,35% e 113,03%, o IDIV acumulou 74,93% e 89,78%. 

Essas são diferenças de -24,42% e -23,25%, equivalentes a um retorno anualizado de -1,55% e -1,58% para o IDIV em relação ao IBRX. As carteiras mistas, com 70%/30% e 60%/40% também perderam para o IBRX no período, mas por uma margem bem menor. As diferenças foram de -11,97% e -14,70%, equivalentes a uma diferença anual de -0,74% e -0,75% ao ano. Isto é, mesmo quando o prêmio de valor embutido nas carteiras não performou acima do mercado, as perdas foram em torno de 50% mais baixas do que as do IDIV.

Nos levantamentos feitos pela equipe de research, as carteiras mistas obtiveram retorno superior ao IBRX em 12 dos 16 períodos totais, que levam em consideração períodos adicionais de 12 meses. Logo, comparam períodos de um ano, dois anos, três anos... até chegar aos 16 anos iniciados em janeiro de 2006, momento próximo a quando o índice de dividendos passou a ser divulgado pela B3 (BVMF:B3SA3). 

Dividendos ampliam riscos, mas oferecem prêmio

 

Os rendimentos inferiores em certos períodos estão em linha com o que a ciência apurou em vários outros mercados ao redor do planeta, em diferentes períodos. Por isso a importância de manter um percentual mais alto num índice como o IBRX, que captura o prêmio geral do mercado brasileiro: nós capturamos o grosso dos retornos e buscamos, de forma moderada, um prêmio adicional nas empresas de valor.

Outro fato que joga fortemente contra o IDIV é que ele não é um índice focado em empresas com características de valor, mas exclusivamente em pagadoras de dividendos – fator que não agrega nada em termos financeiros, ainda que os repassem sejam, ao contrário do mundo, livres de tributação no Brasil. Entretanto, como estamos buscando agregar mais eficiência uma carteira, ele cumpre bem a função de nos expor a um prêmio cientificamente documentado.

O que são índices de mercado?

 

 Assim como índices de livros nos mostram, de forma bem objetiva, o conteúdo total da obra, um índice de mercado nos mostra as empresas que formam a maior parte do mesmo. O IBRX faz isso ao listar as cem maiores empresas por capitalização de mercado da bolsa brasileira, enquanto o IDIV faz isso ao listar as empresas com os maiores históricos de pagamento de dividendos; o Ibovespa lista as empresas mais negociadas, estejam elas subindo ou caindo.

Nessa medida, um índice como o IBRX representa o consenso do mercado sobre quais as melhores empresas da bolsa nacional, visto que se baseia no quanto o acumulado de agentes do mercado está se dispondo a pagar por cada ação disponível. Conforme uma empresa sobe de preço em relação às outras, ela ganha mais participação na carteira, e perde peso conforme seu preço vai caindo. Precisamente por isso, o índice tende a produzir retornos muito mais altos que o Ibovespa, que pesa as ações em função do quanto foram negociadas, o que inclui as que estão “derretendo” de preço.

Um índice definido por capitalização de mercado, ou que tem nele um de seus princípios básicos, tende a refletir o consenso do mercado inteiro e segundo todas as métricas científicas que temos disponíveis, deveria ser a pedra fundamental de qualquer carteira. A razão para isso é que ninguém consegue, ou conseguiu, ao longo dos últimos cem anos ou mais, superar consistentemente a visão de todas as pessoas e instituições que atuam no mercado.

Quando esse retorno do consenso é obtido, ele pode ser explicado, em praticamente todos os casos, por uma exposição adicional a fatores de risco, como os das empresas de valor – caso do IDIV – e outros, como empresas small caps de valor, ou por dispersão estatística (vulga sorte). Para todos os efeitos, quem deseja superar os rendimentos do IBRX, essa exposição adicional pode ser interessante.

Contudo, é fundamental lembrar que isso não se trata de uma recomendação de investimentos, e a pesquisa, assim como esse texto, possuem viés puramente educativo. Lembre-se, somente consultorias de valores mobiliários estão autorizadas a fazer recomendações individuais de investimento, como é o caso da Portfel Consultoria. Caso decida investir com base nos dados aqui apresentados, saiba que os resultados estão sob sua total responsabilidade.

 

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