EUA sinalizam publicação de documento da Seção 301 sobre Brasil no diário oficial desta sexta
Uma das principais discussões da semana girou em torno do preço dos combustíveis. Já pressionados pela pandemia e fatores relacionados à demanda, os valores do barril do petróleo comercializados nos mercados internacionais seguem em uma tendência de alta, sobretudo, com a guerra iniciada no leste europeu entre Rússia e Ucrânia.
No Brasil, desde 2016, a Petrobras (SA:PETR4), que detém quase a totalidade do monopólio da produção da commodity no Brasil, tem adotado uma política de preços que, em tese, se baseia no mercado internacional.
Digo em tese, pois o recente aumento de 18,8% na gasolina e 24% no diesel de uma só vez, reflete um repasse tardio e que foi amplamente criticado por diversos agentes.
Contudo, ainda que este movimento cause inflação - há quem diga que o aumento nas refinarias possa elevar o IPCA em 0,6% -, existe uma lógica por trás da paridade. Sabemos dos impactos sociais e econômicos causados pelos aumentos e não estamos de olhos fechados para isso.
Quase toda a cadeia logística interna é dependente de caminhões e os impactos são quase que imediatos. Porém, precisamos refletir sobre os efeitos de intervenções na maior estatal do Brasil.
De forma resumida, o Preço de Paridade de Importação (PPI) é uma métrica utilizada para a definição de preços com base no custo de importação do produto para um local. Ele é calculado com base nas despesas relativas à logística, câmbio e margem dos operadores.
Estabelecer os preços em linha com o PPI é importante na medida em que o Brasil não é autossuficiente em derivados de petróleo, em especial, o diesel.
Ou seja, ainda dependemos, em grande parte, de agentes externos para importar a commodity. Caso a Petrobras comercialize o produto abaixo do PPI, as empresas que compram e distribuem combustível no país saem do mercado, deixando a estatal responsável por toda a distribuição interna.
Entre 2011 e 2014 testemunhamos um cenário que pode se repetir. Após intervenções do governo Dilma, a companhia se tornou uma das mais endividadas do mundo (mais de R$500 bilhões) e suas ações chegaram a ser negociadas abaixo de R$5.
Com as mudanças iniciadas na gestão de Michel Temer, ela se reequilibrou, retomou a credibilidade e hoje é uma das maiores pagadoras de dividendos da nossa bolsa de valores. Obviamente, não queremos que os mesmos problemas se repitam.
Isto porque, os efeitos na economia são diversos. Entre eles, a fuga de investidores. Sabemos que interferências do governo no setor privado têm, por padrão, a característica de espantar o capital externo.
Propostas que visam a utilização dos lucros da Petrobras em detrimento de acionistas tendem a ser extremamente negativas e prejudiciais para toda a população.
Sabemos que ela ocupa a posição de segunda maior empresa do índice Ibovespa, atrás apenas da Vale (SA:VALE3). Uma eventual intervenção pode aumentar ainda mais a volatilidade do mercado brasileiro e promover uma fuga de capitais, dois ingredientes relevantes para que a inflação siga em alta.
Do lado do(a) investidor(a) brasileiro(a), cabe o papel de ficar atento(a) para avaliar esses momentos. Conversar com sua assessoria é fundamental para identificar os melhores caminhos. Fique de olho nisso!