Petróleo retoma suporte-chave, mas precisa romper US$ 70 para sustentar alta

Publicado 09.07.2025, 10:48
  • Os preços do petróleo mantêm firmeza com a redução dos temores sobre demanda e o aumento do consumo de gasolina durante a temporada de viagens.
  • A Opep+ avança na recomposição da oferta, mas a desaceleração da atividade de perfuração nos EUA limita a pressão da produção fora do bloco.
  • O WTI opera próximo de uma resistência relevante, com a região dos US$ 70 se tornando o próximo teste técnico crucial para a continuidade do movimento de alta.
  • Quer investir melhor em qualquer cenário? Use ferramentas treinadas de IA do InvestingPro para descobrir as melhores oportunidades. Clique aqui!

Os preços do petróleo bruto avançaram pelos últimos três pregões consecutivos, embora com fôlego reduzido à medida que persistem incertezas macroeconômicas. Com o barril negociado nos maiores patamares em cerca de duas semanas, mesmo diante de um noticiário amplamente negativo, é natural que investidores se perguntem: o que está sustentando essa alta?

Afinal, como argumentam operadores com viés de baixa, a decisão da Opep+ de ampliar a oferta para agosto, anunciada no fim de semana, surpreendeu negativamente o mercado.

Mesmo com a urgência em restabelecer parte da produção, os preços deixaram de renovar mínimas após a descompressão geopolítica entre Israel e Irã registrada há algumas semanas. Mas afinal, o que tem sustentado os preços? E o que esperar para os próximos meses?

Por que o petróleo voltou a subir?

Uma das explicações para a recuperação recente está na reversão do pessimismo relacionado à demanda global. As preocupações com o impacto das disputas comerciais sobre a atividade econômica global diminuíram, como indicam os mercados acionários, que saltaram das mínimas de abril para novos recordes nos últimos dois meses.

É verdade que a incerteza sobre tarifas pode retornar, especialmente após Trump afirmar que não irá postergar novamente os prazos além de 1º de agosto. Ainda assim, o cenário inflacionário segue sob controle, contrariando os temores iniciais de aceleração de preços por conta das tarifas mais altas, e diversos bancos centrais seguem cortando juros.

Além disso, os Estados Unidos aprovaram recentemente um pacote fiscal abrangente com aumento de gastos e redução de impostos, o que, em tese, pode estimular a atividade no curto prazo, mesmo que eleve de forma expressiva a dívida pública, o que pode representar um risco estrutural mais à frente.

Outro fator relevante é o início da alta temporada de consumo de combustíveis no país. Segundo a Reuters, com base em dados do setor de turismo, o feriado de 4 de julho contou com número recorde de viagens por via terrestre e aérea. Nas semanas que antecederam o feriado, os estoques de petróleo nos EUA apresentaram forte redução, reforçando o sinal de demanda aquecida.

No plano global, o ambiente econômico segue desafiador, mas o reajuste anunciado pela Arábia Saudita no preço do petróleo tipo Arab Light (BVMF:LIGT3), referência do país, vendido à Ásia em agosto, para o maior valor em quatro meses, indica que a demanda asiática continua robusta.

Portanto, os preços têm encontrado sustentação parcial na menor percepção de risco sobre a demanda. Ainda assim, essa dinâmica não é suficiente, por si só, para sustentar uma tendência duradoura de alta. O principal vetor continua sendo a oferta.

E os cortes da Opep+?

A Opep+ anunciou o aumento da produção em 548 mil barris por dia (bpd) em agosto, acima da média de 411 mil bpd dos três meses anteriores. Na prática, o grupo devolveu quase metade dos 2,2 milhões de bpd em cortes voluntários previamente adotados por oito membros da Opep. Para setembro, o Goldman Sachs (NYSE:GS) projeta novo incremento de oferta, da ordem de 550 mil bpd.

A grande questão é se essa estratégia atende aos interesses de longo prazo do cartel. Fica evidente que a Opep+ busca preservar sua participação de mercado diante de concorrentes fora do bloco. Nos EUA, a produção não tem conseguido avançar de forma relevante, o que levou a uma revisão para baixo nas estimativas para 2025.

Segundo a Administração de Informação de Energia (EIA), os Estados Unidos deverão produzir 13,37 milhões de bpd em 2025, abaixo da projeção anterior de 13,42 milhões. Parte dessa revisão decorre dos preços mais baixos, que têm desestimulado novas perfurações.

Dados recentes da Baker Hughes (NASDAQ:BKR) mostram queda acentuada no número de sondas de petróleo e gás natural, com os níveis atuais recuando para 425 unidades, contra cerca de 780 no pico de 2022, o menor número desde outubro de 2021.

Diante desse quadro, pode-se argumentar que a Opep+ enxerga o momento como uma janela estratégica para ampliar a oferta, aproveitando o recuo da atividade de perfuração nos Estados Unidos.

Perspectiva de longo prazo segue desafiadora

No entanto, para que os preços se sustentem em patamares mais elevados no longo prazo, o crescimento da demanda precisará acompanhar a expansão da oferta. Com o Irã liberado para exportar mais petróleo, a Opep+ ampliando a produção, e Trump pressionando empresas americanas para aumentar a oferta, o cenário estrutural permanece desfavorável à continuidade da alta, salvo por algum novo choque de oferta.

Análise técnica do WTI: níveis de atenção

O WTI encontrou suporte na região entre US$ 63,60 e US$ 65,00, zona que marca o "pescoço" de um padrão de fundo duplo (double bottom). Esse intervalo se mostra técnico e historicamente relevante, por ter servido como piso em maio de 2023 e setembro de 2024. O rompimento abaixo dessa faixa indicaria perda de força e poderia estimular novas ordens de venda.

Um suporte de curto prazo a ser monitorado está na região de US$ 67,50, antigo ponto de resistência da semana anterior.

No momento da redação, o WTI testava a área de US$ 68,50, que reúne não apenas antiga zona de suporte, como também a média móvel de 200 dias, reforçando seu caráter técnico como região de disputa entre compradores e vendedores. Acima desse ponto, o próximo nível de resistência se encontra na marca psicologicamente importante de US$ 70,00.análise técnica do petróleo WTI

No geral, o WTI segue no centro de sua faixa de oscilação, o que deve manter tanto compradores quanto vendedores ativos. Em um ambiente assim, a estratégia mais racional tende a ser o posicionamento por níveis técnicos, e não por movimentos de tendência.

***

PARE DE INVESTIR NO ESCURO! No InvestingPro, você tem acesso a ferramentas treinadas de IA em 25 anos de métricas financeiras para escolher as melhores ações e ainda tem acesso a:

  • Preço-justo: saiba se uma ação está cara ou barata com base em seus fundamentos.
  • ProTips: dicas rápidas e diretas para descomplicar informações financeiras.
  • ProPicks: estratégias que usam IA para selecionar ações explosivas.
  • WarrenAI: consultor pessoal de IA treinado com dados do Investing.com para tirar suas dúvidas sobre investimentos.
  • Filtro avançado: encontre as melhores ações com base em centenas de métricas.
  • Ideias: descubra como os maiores gestores do mundo estão posicionados e copie suas estratégias.
  • Dados de nível institucional: monte suas próprias estratégias com ações de todo o mundo.
  • ProNews: acesse notícias com insights dos melhores analistas de Wall Street.
  • Navegação turbo: as páginas do Investing.com carregam mais rápido, sem anúncios.

InvestingPro

AVISO: Este conteúdo tem caráter exclusivamente informativo. Não constitui oferta, recomendação ou solicitação para compra de ativos. Lembramos que todos os investimentos envolvem riscos relevantes e devem ser avaliados sob múltiplas perspectivas. O InvestingPro não oferece consultoria de investimentos. As decisões e riscos assumidos são de inteira responsabilidade do investidor.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.