O movimento de mercado das últimas semanas não tem nada a ver com o Brasil. A Bolsa não está deixando de subir pois o mercado se desencantou com Bolsonaro, como alguns jornalistas viesados estão fazendo parecer.
As notícias locais, na verdade são muito boas, e estão conseguindo evitar um mal maior. Bolsonaro está se mostrando um líder que escolhe seu time pelo mérito técnico. Nomes importantes do time dos sonhos formado por Temer, como Ilan Goldfajn e Mansueto de Almeida, teriam vaga garantida se quisessem ficar.
Mas não adianta operarmos o Brasil como se fôssemos uma ilha. Estamos inseridos em um contexto mundial, onde qualquer desajuste fiscal na Itália provoca uma queda das ações locais.
O fluxo de investimento dos estrangeiros é enorme, e nosso mercado, apesar de um dos maiores e mais líquidos da América Latina, ainda é um pontinho preto no mar da liquidez global.
Se esses mesmos fundos globais decidissem aumentar sua posição no Brasil em 1 por cento, teríamos um rally inédito no Ibovespa.
E o que está acontecendo lá fora?
Para começar, nos EUA, estamos tendo duas forças negativas para a Bolsa. A primeira é a reversão do QE, com o FED se comprometendo com um calendário de vendas de ativos comprados durante a crise. Ou seja, ele está reduzindo seu balanço e retirando liquidez do mercado.
Ao mesmo tempo temos a segunda força atuante que é a alta de juros do Fed. Powell tem se mostrado mais austero que Yellen na condução do ciclo de alta das treasuries. O que é uma grande ironia, uma vez que Trump criticava incansavelmente a simpática senhora, e ele mesmo escolheu Powell. Agora, não há nada que o Presidente possa fazer, sem ser disparar seus twittes, uma vez que o Banco Central americano é totalmente independente.
A economia está bem aquecida, com desemprego abaixo de 4 por cento, que no passado recente era o suficiente para gerar uma aceleração inflacionária. E isso que o Fed está tentando evitar.
A alta dos juros da maior economia do mundo provoca queda na bolsa (aumento da taxa de desconto) e fuga de capitais de outras economias. Se o país mais seguro está pagando mais, quem vai ficar nos juros dos países menos seguros? Esse fluxo influencia também as taxas de câmbio, que se desvalorizam em relação ao dólar, causando por sua vez aumento da inflação nesses países.
Veja como está tudo interligado!
Ainda não sabemos se os EUA irá sobreviver sem os aparelhos do QE. Subir juros ao mesmo tempo que se reduz o balanço do Fed é uma jogada audaciosa que só iremos saber se deu certo depois.
Enquanto isso, nos aguentamos como podemos por aqui. Se a bolsa como um todo sofre com movimentos globais, o melhor a se fazer é apostar em ações específicas, cujo fundamento positivo ajude a obter uma melhor performance relativa. Esse é exatamente o trabalho do Bruce Barbosa na série “O Investidor de Valor”.
Outra forma genial de operar esse mercado é escolher ações fortemente descorrelacionadas com movimentos da bolsa, que estão largadas e esquecidas pelo mercado por conta de alguma reestruturação interna, mas que se conseguirem se reinventar, tem o potencial de multiplicar por várias vezes o montante investido. Esse é exatamente o propósito do Ricardo Schweitzer na série “Valor Extremo”.
Nessas épocas turbulentas é preciso escolher uma estratégia diferente, e saber que terão solavancos assustadores no caminho.
Essa é a vida do investidor. Não tem jeito. Mas o benefício compensa o estresse. Assim que lá fora melhorar, teremos um caminhão de upside para os nossos ativos locais.
Um abraço
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