Investing.com — Diversas empresas tentaram replicar a forma como a Strategy (NASDAQ:MSTR) investe em bitcoin, mas nenhuma conseguiu igualar a vantagem competitiva de ter sido a primeira e o grau de comprometimento adotado desde o início.
A adoção corporativa do bitcoin constitui um estudo de caso revelador sobre os benefícios de ser pioneiro. Embora várias companhias abertas tenham incorporado a criptomoeda ao balanço, apenas a Strategy (antiga MicroStrategy) conseguiu transformar essa decisão em valor real para os acionistas.
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O contraste é evidente: enquanto a Strategy acumula alta de 27% no ano, outras empresas que seguiram o mesmo caminho enfrentam perdas de dois dígitos. Isso sugere que adquirir bitcoin, por si só, não basta.
A diferença de desempenho revela uma dinâmica de mercado em que fatores como timing, escala e consistência separaram a pioneira de seus seguidores.
A trajetória da Strategy com bitcoin: ousadia e persistência
A iniciativa começou em agosto de 2020, quando o então CEO Michael Saylor anunciou a primeira aquisição, de US$ 250 milhões. O diferencial não foi apenas o volume inicial, mas a postura inabalável adotada desde então. A empresa manteve uma estratégia agressiva de compras, independentemente do ciclo de mercado, utilizando múltiplos instrumentos de financiamento:
- Conversão de caixa do caixa corporativo;
- Emissão de dívida conversível, levantando bilhões com objetivo exclusivo de comprar bitcoin;
- Venda de ações no mercado para financiar novas aquisições;
- Empréstimos garantidos, usando bitcoin como colateral para comprar ainda mais BTC.
Até maio de 2025, a Strategy havia acumulado 553.555 bitcoins, o equivalente a 2,63% da oferta máxima da criptomoeda. Com isso, tornou-se o maior detentor institucional fora de governos. A abordagem de preço médio ao longo dos ciclos de alta e baixa mostrou um compromisso que vai além da gestão oportunista de tesouraria.
O ponto de virada foi a reconfiguração do posicionamento da companhia: Saylor transformou a Strategy de uma fornecedora de software de inteligência de negócios em uma "empresa de desenvolvimento em bitcoin", colocando a criptomoeda no centro da narrativa corporativa. O resultado foi uma proposta única para investidores que buscam exposição ao bitcoin por meio do mercado acionário tradicional.
Os seguidores: adesão tardia, retorno frustrante
Outras empresas tentaram seguir a mesma rota, mas sem repetir os resultados:
Empresa | BTC em carteira | % do total de BTC | Desempenho no ano |
---|---|---|---|
Strategy (MSTR) | 553.555 | 2,636% | +27,20% |
Marathon Digital (NASDAQ:MARA) | 47.531 | 0,226% | -18,36% |
Riot Platforms (NASDAQ:RIOT) | 19.223 | 0,092% | -25,72% |
CleanSpark (NASDAQ:CLSK) | 11.869 | 0,057% | -8,25% |
Tesla (NASDAQ:TSLA) | 11.509 | 0,055% | -26,04% |
Juntas, essas companhias controlam cerca de 3,07% da oferta total de bitcoin, sendo a Strategy responsável pela maior parte. Ainda assim, a performance das ações dessas empresas é amplamente divergente.
Os fatores que explicam essa diferença incluem:
- Escala e foco: A posição da Strategy é muito superior, o que confere à empresa uma “pureza de bitcoin” que outras não têm.
- Força narrativa: Enquanto as concorrentes usaram o ativo como diversificação de caixa, a Strategy adotou o bitcoin como essência corporativa.
- Posicionamento premium: A Strategy se consolidou como o principal veículo de exposição a BTC via ações.
- Liderança ativa: A postura pública e consistente de Michael Saylor reforçou a associação da marca com a criptomoeda.
Empresas que mantiveram seu foco principal em outras atividades e adicionaram bitcoin como complemento diluíram a tese de investimento. É o caso da Tesla, cuja exposição ao bitcoin é marginal diante da relevância do segmento automotivo em seu valuation.
Vale a pena investir em empresas que compram bitcoin?
A diferença de resultados entre a Strategy e seus imitadores levanta pontos críticos para investidores que consideram exposição via ações:
- Fundamentos do negócio: A empresa gera caixa e possui vantagem competitiva sustentável? bitcoin não salva modelo de negócio frágil.
- Proporcionalidade: A posição em BTC é relevante frente ao valor de mercado? Participações simbólicas pouco influenciam retornos.
- Convicção e constância: Mudanças de estratégia (como a venda parcial da Tesla) abalam a confiança do investidor.
- Especialização: Empresas focadas em bitcoin atraem prêmio, mas novatas enfrentam dificuldade para competir com a liderança da Strategy.
- Conformidade regulatória: A gestão de ativos digitais requer infraestrutura robusta para atender normas cada vez mais exigentes.
Para quem busca exposição pura ao bitcoin, a compra direta ou via ETF pode ser mais eficiente e com menor risco operacional. A maior parte das empresas que compraram BTC como estratégia secundária falhou em capturar o “prêmio bitcoin” que a Strategy obteve.
A evidência sugere que o sucesso da Strategy se deve mais à sua posição pioneira, escala de alocação e controle da narrativa do que à simples aquisição de bitcoin.
O investidor deve adotar uma postura crítica diante de anúncios corporativos de compra de BTC, lembrando que replicar a estratégia da Strategy, sem o mesmo timing e grau de envolvimento, não tem se mostrado eficaz em gerar valor na bolsa.
***AVISO: Este artigo é meramente informativo e não constitui qualquer oferta ou recomendação de investimento.