Ontem logo no inicio dos negócios o Banco Central fez um leilão de swap de 20 mil contratos equivalente a 1 bilhão de dólares. Esse leilão não conteve a escalada do dólar, que tinha fechado no dia anterior a R$ 5,508 e, às 12h de ontem, já estava R$ 5,52. O mercado oscilou no decorrer do dia entre R$ 5,4677 e R$ 5,5303. Essas intervenções mais fortes do BC no câmbio podem ser pontuais, visando reduzir o impacto da taxa cambial sobre a inflação. A ferramenta de política monetária do BC é o controle de juros para levar a inflação à meta em horizonte relevante, mas como diz o ditado: “quem não tem cão, caça com gato”: se quiserem manter o aumento de apenas 1 ponto na Selic, vão usar os leilões de swap para tentar segurar o impacto do dólar na inflação.
A diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, destacou nesta quinta-feira que o BC está muito confortável com o ritmo de aperto monetário que adotou, em referência à alta de 1 ponto nos juros básicos que foi aplicada nas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Ela não descarta uma alta maior, mas se diz confortável com o ritmo adotado.
A desvalorização recente do real se deve a um cenário global menos benigno para mercados emergentes com o tapering se aproximando, riscos fiscais domésticos relacionados à possível extensão do auxílio emergencial para a população e pressões compradoras relacionadas a desmonte de "overhedge" pelos bancos.
Na próxima semana teremos o debate sobre a PEC dos precatórios, está prevista uma vitória do governo, pela PEC estar consolidada. A ideia é que os precatórios tenham um limite de pagamento enquanto durar o teto de gastos. A previsão é de espaço de R$ 49 bi para bancar o Auxílio Brasil.
O setor de serviços cresceu 0,5% no mês de agosto, segundo dados divulgados na Pesquisa Mensal de Serviços realizada pelo IBGE, dado dessazonalizado. Com este resultado, o setor de serviços demonstra crescimento mensal pelo quinto mês consecutivo. No entanto, o crescimento no mês é menor que o do mês anterior, quando houve crescimento de 1,1%.
O risco país está avançando próximo aos 330 pontos, com poucos momentos de recuo, enquanto a Índia, outro país emergente, está atraindo um volume significativo que já soma 12,08% de capital de fundos de investimento focados em países emergentes, enquanto o Brasil está com apenas 4,30%. Parece que o dinheiro especulativo não quer vir para cá, tampouco o capital de investimento que tanto o país precisa para crescer.
Mesmo quando o dólar está enfraquecido no exterior, isso não ocorre aqui devido aos problemas internos, reforma fiscal, inflação e descrença na aprovação de pautas importantes para o crescimento do país. O dólar fechou ontem a R$ 5,5158, mesmo após o Banco Central injetar US$1 bi no mercado de câmbio na quarta feira. Em 2021 o dólar soma valorização de 6,31% frente ao real.
O Fed sinalizou na ata de sua última reunião já estar discutindo planos de começar a reduzir estímulos no mês que vem em meio a pressões inflacionárias. Dados de ontem mostraram que o índice de preços ao produtor dos EUA subiu 0,5% em setembro, leitura ligeiramente abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,6%.
Passando pela Europa, o chefe do banco central holandês, Klaas Knot, disse que a inflação da zona do euro pode ultrapassar as expectativas no curto e médio prazo, e essa perspectiva de aumento de preços justifica o fim das compras emergenciais de títulos pelo Banco Central Europeu (BCE) em março.
Hoje veremos a balança comercial de agosto na zona do euro, IBC-BR aqui no Brasil e, nos EUA, as vendas do varejo de setembro para finalizar a semana.