Como abordamos algumas vezes neste espaço, o ciclo pecuário é definido pelos movimentos da oferta de gado para abate, principalmente em decorrência de um maior ou menor abate de vacas e novilhas. Nas fases de valorização do bezerro, há estímulo à atividade de cria, com consequente manutenção de vacas e novilhas no rebanho, o que diminui a oferta de carne e reforça o cenário de mercado forte.
Perceba que, além do meio de produção de bezerros, as vacas e novilhas também são o produto (carne), com isso, o desinvestimento resultante de um mercado já sobreofertado acaba retroalimentando o excesso de carne e pressionando ainda mais as cotações.
Com isso, a participação de fêmeas nos abates é um indicador importante da fase do ciclo na qual estamos. Utilizando os dados preliminares de abates de fêmeas sob inspeção federal e considerando os doze meses anteriores, temos um número interessante a ser acompanhado.
Usando essa referência (abates de fêmeas nos doze meses anteriores) e os dados de abates SIF, em março deste ano tivemos a primeira queda desde setembro de 2022. Para os dados de abate nos últimos três meses foram usados dados preliminares do MAPA e o restante da série contempla dados do IBGE.
No intervalo terminado em março, a participação de fêmeas foi de 35,8%, frente a 36,0% quando consideramos o período terminado em fevereiro. Veja na figura 1 a relação entre este indicador e as variações anuais do boi e bezerro, considerando valores deflacionados pelo IGP-DI.
Figura 1. Variações de preços reais do bezerro e boi gordo em 12 meses e participação de fêmeas nos abates SIF nos 12 meses anteriores.
Fonte: MAPA / IBGE / CEPEA / HN AGRO
Perceba que a linha preta (% de fêmeas nos abates) muda de tendência de maneira mais lenta (também por considerar um período maior), mas não altera a direção do movimento com frequência. Em outras palavras, depois que a participação efetivamente começar a diminuir, não costuma ocorrer uma inversão por algum tempo.
Isso não quer dizer que um mês de queda na participação de fêmeas (como março) seja confirmação de que estamos em uma fase diferente para o mercado, mas uma repetição de quedas nos próximos meses tem um grande peso para a confirmação dessa hipótese.
A figura 2 mostra as variações mês a mês deste indicador. Por exemplo, os 12 meses terminados em março de 2024, na comparação com os doze meses terminados em fevereiro de 2024.
Figura 2. Variação (em p.p.) da participação de fêmeas nos abates em 12 meses, na comparação com o período terminado no mês anterior.
Fonte: MAPA / IBGE / HN AGRO
A figura 2 demonstra que o indicador não costuma alternar a tendência. Trabalha com barras vermelhas, aumentos mês a mês a % de fêmeas nos abates, por um tempo, depois as verdes, diminuindo a participação mês a mês. Poucos são os repiques, como em setembro de 2022, quando houve redução, depois aumentos novamente.
Considerações
Estamos desde dezembro de 2021 com participações crescentes de fêmeas nos abates (ignorando o repique em set/22). Os bezerros desmamados em 2024 já foram produzidos em um cenário de abates de fêmeas em alta (estação de monta no final de 2022), com isso, não seria algo excepcional termos uma safra um pouco menor da categoria desmamada, em relação ao ano passado.
Preços da reposição ganhando fôlego têm potencial para reforçar esse movimento de retenção que foi “esboçado” nos dados preliminares de março.
A retroalimentação dos movimentos relacionados ao ciclo, apresentada no início desta análise, também ocorre na alta, quando as fêmeas voltam a ser vistas como produtoras de bezerros e não como “caixa” via abate.
É cedo para considerar que o cenário mudou, mas com exportações ajudando e um consumo doméstico que absorveu cerca de um quarto a mais de carne no primeiro bimestre, frente a 2023, uma redução de oferta de gado seria a variável que falta.
Ainda temos o final de safra pela frente, com a chegada da seca e normalmente mais oferta, no entanto, há cada vez mais indicações de que a virada de ciclo não está longe.
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