Uma das principais questões que têm afligido os analistas neste momento é determinar qual será a produção de petróleo dos EUA em 2020. Desde o início da revolução do fraturamento, a produção norte-americana não parou de subir a cada ano, atingindo, recentemente, a máxima de 12,6 milhões de barris por dia (mbpd).
No entanto, já há indicações de que o incrível boom da indústria do shale oil pode estar próximo à estagnação, e os analistas estão tendo dificuldade para estabelecer uma forma de quantificar isso.
Crescem as estimativas de produção petrolífera nos EUA, enquanto a perspectiva para o shale diminui
Os últimos dados controversos vieram da Agência de Informações Energéticas dos EUA (EIA, na sigla em inglês), que elevou recentemente suas projeções para a produção de petróleo norte-americano em 2020 de uma média de 13,17 para 13,29 mbpd. O movimento da EIA de elevar as projeções, em vez de reduzi-las, está sendo objeto de intenso escrutínio. De fato, no dia 13 de novembro, Scott Sheffield, CEO da Pioneer Natural Resources (NYSE:PXD), disse que a EIA estava “otimista demais” com suas estimativas de crescimento de produção petrolífera nos EUA.
O Goldman Sachs cortou recentemente suas projeções de crescimento de produção do shale oil em 2020. Agora, a expectativa do banco de investimentos é que a produção do shale aumente apenas 700.000 bpd em 2020, uma queda em relação à previsão anterior de 1 mbpd. A IHS Markit também recuou em sua previsão de produção petrolífera nos EUA e agora projeta uma alta de apenas 440.000 bpd em 2020.
Mohammed Barkindo, secretário da Opep, opinou sobre o assunto e parece concordar com Scott Sheffield. No início desta semana, Barkindo disse em uma entrevista à CNBC que, após conversar com “diversos produtores, especialmente na bacia do shale, percebeu que há uma preocupação cada vez maior de que a desaceleração gradativamente se intensifique”. O secretário da Opep disse ainda que essas empresas “revelaram estar mais otimistas, apesar da variedade de adversidades que estão enfrentando”.
Diante dessas informações, os investidores devem se lembrar de que as atuais projeções carecem totalmente de base. De fato, é praticamente certo que elas se mostrarão equivocadas quando soubermos os reais números de produção em 2020. Ninguém vai se lembrar se a IHS Markit, o Goldman Sachs ou a EIA estava mais perto da marca com suas previsões de novembro para a produção petrolífera nos EUA em 2020.
As previsões em si são insignificantes, mas...
A relevância dessas opiniões reside em observar as reações dos principais tomadores de decisão, cujas ações podem impactar a produção futura de petróleo. A declaração de Barkindo, por exemplo, nos dá uma ideia do pensamento da Opep. O cartel leva em consideração as previsões de produção do shale oil ao decidir sobre suas cotas de produção, portanto, se houver um forte sentimento dentro da organização de que a produção de shale deverá se estabilizar no futuro próximo, será menor o ímpeto para pressionar por cortes mais profundos de produção na reunião de dezembro.
Outra questão à qual os investidores devem ficar atentos é se as empresas de shale oil estão sendo dramáticas demais ao expressar suas preocupações com o crescimento. Essa pode ser uma tática concebida para reduzir as expectativas dos analistas, de forma que, quando essas empresas revelarem seus resultados do 4T, o preço das suas ações não caia tanto quanto poderia. A cotação dos papéis da Chesapeake Energy (NYSE:CHK), por exemplo, está tão baixa que a empresa corre o risco de ser retirada da bolsa de valores, por isso não seria nada surpreendente ver produtores petrolíferos similares tentando reduzir as expectativas de todas as formas.