Mercado cripto encara liquidações em massa com queda do Bitcoin
Desde outubro de 2020, nova regra da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) permite que as BDRs (Brazilian Depositary Receipts) possam ser negociadas por qualquer investidor, não apenas os qualificados – com mais de R$ 1 milhão em investimentos financeiros. Tal mudança aproximou o pequeno investidor dos ativos internacionais, aumentando sua liquidez e diminuindo o spread entre valor de negociação de compra e venda.
De uma forma geral a mudança foi positiva. Mas vamos voltar um pouco no tempo para entender o porquê de tais investimentos só estarem disponíveis (no passado) para poucas pessoas. O investidor qualificado - pelo menos na teoria - teria maior conhecimento do mercado e estaria exposto a uma classe maior de ativos, o que minimizaria perdas ocasionadas por falhas na análise de onde investir. Quando se abre o leque para qualquer investidor (ou apostador), o risco aumenta. Também na teoria, o acesso à informações sobre balanços e fatos relevantes seria muito mais difícil. É claro que essa Instrução foi criada antes da era da internet...
Na minha opinião, um dos maiores problemas de se investir em empresas americanas não está relacionado ao acesso à informação, mas ao chamado “mapa errado”. Quando um investidor inexperiente decide tomar tal decisão ele pode estar pesando mais a “paixão” por uma marca do que efetivamente seu PREÇO x VALOR. Afinal, por serem a personificação do capitalismo e da liberdade, os EUA concentram as marcas mais desejadas do mundo.
Porém a MARCA é um valor intangível. Tesla (NASDAQ:TSLA) (SA:TSLA34), por exemplo, é admirável. Elon Musk é um empresário que encanta a todos com seus projetos inovadores e atitudes disruptivas. Mas será que a empresa entregará um crescimento que justifique o fato de ser negociada a impressionantes 540x lucro? Quais os riscos reais do ativo ser uma grande bolha?
Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) é a Magazine Luiza (SA:MGLU3) americana (com o perdão da piada). Negociada a 60x lucro, haveria moats (barreiras de entrada) suficientes para impedir que seus concorrentes não roubassem grande fatia do seu mercado? Mantendo o ritmo de crescimento do último ano (ROE 26%), ela levaria cerca de 20 anos para entregar retorno a seu acionista.
Outra questão fundamental na tomada de decisão é o impacto do câmbio. Diferentemente de negociar o ativo no país de origem, quando falamos de BDRs temos a apreciação ou depreciação da moeda: Se o USD sobe, há um impacto positivo na cotação. O oposto também vale.
Concluindo, independentemente da origem do ativo o qual deseja se posicionar, sugiro que deixe suas paixões de lado e foque nos fundamentos das empresas. Buffet não decidiu investir em Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34) por acaso. Tampouco comprou US$ 500 milhões em Nubank por amar fintechs. A equipe da Berkshire Hathaway (NYSE:BRKb) (SA:BERK34), em suas tomadas de decisão, associa a relação PREÇO/VALOR com os chamados “pensamento de segundo nível”, visão conceitualizada por Hoard Marks em seu livro “O Mais Importante Para o Investidor” que, resumidamente, seria aprender a “enxergar o que poucas pessoas estão enxergando”.
Mas para isso é necessário muito estudo, leitura, análise e principalmente tempo de mercado: Ninguém nasce gênio. Quanto mais rápido você descobrir esse fato, menos dinheiro irá perder. Lembrando um velho ditado de jogadores de poker: “Toda mesa tem um peixe. Se você se sentar e em 15 minutos não conseguir identifica-lo, provavelmente o peixe seja você.”