Logo na segunda-feira, após o Set-21 negociar próximo ao valores mais altos do ano ( @ 143,20 centavos de dólar por libra-peso) o mercado não aguentou e caiu durante todos os pregões da semana!
O Set-21 oscilou entre a máxima e a mínima @ 143,20 e 131,95 centavos de dólar por libra-peso, encerrando a sexta-feira @ 132,65 centavos de dólar por libra-peso. Uma queda de 1.055 pontos! Ou aproximadamente -90 R$/saca!
Um dos motivos alegados para a queda nas cotações em US$ em Nova Iorque foi a desvalorização do Real frente à moeda norte-americana. O R$ chegou a desvalorizar e a valorizar +/- 3,00% em um único dia! Na semana oscilou entre 5,61 R$/US$ para 5,7790 R$/US$ para 5,55 R$/US$ fechando a sexta-feira @ 5,6970 R$/US$. Teve o risco do governo, ou melhor, do Brasil entrar em nova crise política e econômica (quando o mesmo tentou articular uma medida populista ao tentar deixar o benefício da Bolsa Família fora do limite do “teto de gastos”). Essa tentativa de “golpe” do governo deixou o mercado em polvorosa. No pico da crise, na quarta-feira, houve novos rumores da renúncia/demissão do Ministro Paulo Guedes; o Real chegou a negociar na máxima da semana (@ 5,7790 R$/US$); o índice da bolsa brasileira oscilou aproximadamente 11.000 pontos por dia nos pregões da terça-feira e da quarta-feira (entre a abertura/mínima/máxima/fechamento, com o índice oscilando entre 110.328-107.319-112.428-111.529 e 111.529-107.465-112.398-111.183 respectivamente). Volatilidade como há anos não se via! Realmente o Brasil não é para amadores!
Com toda essa volatilidade muitos produtores ficaram apenas “olhando” os preços do café caírem nos seus terminais “torcendo” por algum novo “fato relevante” no mercado. Infelizmente isso não aconteceu.
A boa noticia da semana ficou por conta da trading Olam que anunciou um investimento ao redor de 130 milhões de dólares para construir uma nova fábrica de café solúvel na cidade de Linhares, no Estado do Espirito Santo!
Há algumas semanas estamos alertando nossos leitores para se protegerem contra eventual correção do mercado. No patamar de preços atual, liquidando acima dos 800 R$/saca equivalente para o produtor, o produtor brasileiro consegue uma excelente remuneração para sua safra. Ele deveria estar vendendo e/ou travando parte das suas posições (infelizmente nesse ano, em função da seca, alguns produtores sofrerão perdas financeiras. Outros “deixarão de receber preços melhores” por terem decidido vender a preços “baixos” lá atrás – ninguém forçou nenhum produtor a vender café para entrega futura @ 560/600/650/700 R$/saca).
Na nossa visão, o único fato relevante que poderá fazer os preços explodirem no curto prazo segue sendo um novo efeito climático como uma geada antes da hora ou durante o período do próximo inverno brasileiro (15 maio-30 de julho basicamente). Sem geadas nos próximos meses acreditamos já termos visto as máximas do ano em R$/saca equivalente. Com as chuvas das últimas semanas, com a recuperação das lavouras e expansão de novas áreas, as safras brasileiras 21/22 e 22/23 poderão voltar a produzir acima dos 65-70 milhões de sacas.
Os produtores de café estão acompanhando atônitos os aumentos constantes dos preços da soja e milho, e acreditam que o mesmo poderá acontecer com o café. Ora, a soja e o milho são commodities essenciais para a composição da ração animal (o animal não pode ficar sem comer senão… ele morre!). O que acontecerá se a população mundial deixar de tomar café, reduzir o consumo? Nada! Simplesmente irão se adaptar, vão tomar chá, água… Se os preços do café seguirem aumentando chegará um momento onde veremos a disruptura da demanda. O “bolso do consumidor” vai falar mais alto. O café vai virar produto para a classe média-alta. Vai sobrar café, os preços irão corrigir, e vida que segue! Já vimos esse ajuste acontecer inúmeras vezes com outros alimentos (feijão, tomate, frango, carne bovina), e na sequência a oferta se ajusta à demanda e vice-versa.
Na semana passada tivemos o café atingindo preços recordes, com ofertas de compra para entrega futura para set-22 e set-23 entre 800-850 R$/saca. Alguns poucos produtores aproveitaram a oportunidade enquanto a maioria preferiu aguardar, “torcendo por preços mais altos, torcendo para romper os 1.000 R$/saca”.
A ganância falou mais alto e cegou a razão das leis da oferta e demanda, as leis do custo de produção x remuneração e expansão. Agora muitos estão com receio do mercado realizar e voltar a negociar abaixo dos 120-110 centavos de dólar por libra-peso! E os preços para o produtor voltar para o patamar dos 650/600 R$/saca!
Nesta semana os preços já recuaram das máximas, com indicações entre 700-800 R$/saca para vendas com entrega futura para o Set-21 e Set-22.
Nas estruturas que estamos apresentando para nossos leitores nas últimas semanas, se o produtor tivesse aproveitado a oportunidade e realizado a compra no Set-21 e no Set-22 de uma “Put-Spread” na própria segunda-feira, no strike +140 x -110 e vendendo a “Call” no strike 170/165 centavos de dólar por libra-peso e fixando o Real @ 5,60/5,65 R$/US$, o produtor teve a oportunidade para “travar” suas vendas entre 825-1050 R$/saca (desde que o Set-21e o Set-22 não fechem abaixo dos 110 centavos de dólar por libra-peso no dia do vencimento das opções).
Os custos de produção no Brasil sem dúvida aumentaram nos últimos 12 meses (em função da desvalorização do Real, aumento dos combustíveis e insumos agrícolas dentre outros). Os custos de produção estavam entre 400/450 R$/saca em 2020. Considerando o aumento dos custos de produção, na média em 40%, então esses custos aumentaram para 560-630 R$/saca! Vender a 750/800/850 R$/saca não está bom? Produtores capitalizados seguem cuidando das suas lavouras, podando, adubando, e até mesmo expandindo o plantio da cultura no Brasil. Do mesmo jeito que o produtor brasileiro acompanha as oscilações diárias nos terminais de Nova Iorque e Londres, os outros produtores e industrias ao redor do mundo também o fazem! Eles também sabem fazer contas, sabem realizar operações de hedge, tem acesso a linhas de crédito. No patamar atual dos preços acreditamos que vamos seguir tendo expansão tanto em novas áreas quanto em produtividade. Novas tecnologias e varietais mais resistentes às condições climáticas vem sendo aprimoradas. Investimentos em irrigação vem aumentando. Vamos seguir tendo problemas pontuais, logísticos, oscilações climáticas ao redor do mundo. E vamos precisar continuar monitorando todos os custos da cadeia produtiva e distribuição. Como já vimos, o mercado “sobe de escada e desce de elevador”!
Com base na posição da última terça-feira os fundos estavam comprados em 42.796 lotes (aumentaram a posição comprada em +1.498 lotes). Se os fundos decidirem “virar a mão” os preços podem voltar para os 110/100 centavos de dólar por libra peso.
Com o avanço da vacinação ao redor do mundo a demanda nos Estados Unidos e Europa deverá voltar já a partir do mês de maio. Qual será o apetite do consumidor nesses países? Como estará o poder de compra desses trabalhadores? E no resto do mundo? Afinal, o café é consumido em todo o planeta e não apenas nas economias ricas.
Os principais países produtores seguem com condições climáticas favoráveis para a recuperação e desenvolvimento das lavouras para o próximo ciclo, com exceção da Índia. Vamos seguir monitorando…
Seguimos altistas no mercado para o curto/médio prazo até passar o risco do inverno brasileiro. Até lá o mercado poderá oscilar muito, com o Set-21 podendo testar os 120 centavos de dólar por libra peso. Se tivermos geadas, aí o céu será o limite!
Projetam-se no Set-21 e no Set-22 com a compra das “Put-Spreads” vendendo “Call-spreads”. Dessa forma, como já demonstramos aqui, se o mercado explodir o produtor poderá limitar suas perdas e/ou participar em eventual explosão nos preços.
Ps. Se quiserem especular, como tem sido o objetivo de muitos dos nossos leitores, sugerimos a compra da “Call” de 170 c/lb no Set-21 (fechou @ 3,93 c/lb – aproximadamente 29,50 R$/saca).
Uma ótima semana a todos!